Miguel Telles da Gama, 51 anos, pintor de profissão. Assim se apresenta o autor dos quadros que se encontram no mais recente alinhamento do projeto “Tivoli Art”, no Hotel Tivoli Lisboa, na capital portuguesa, até 30 de maio.
Inaugurada ontem dia 16 de março, no restaurante de cozinha francesa do Tivoli Lisboa, a Brasserie Flo, a mostra de Miguel Telles da Gama é composta por trabalhos que o pintor quis revisitar, resultando numa série de seis quadros de “Azul profundo”, exposição apresentada, em dezembro de 2014, na Casa Museu Medeiros e Almeida, e “Vuoto” patente, em 2012, na Sala do Veado, no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, em Lisboa, uma série formada por oito peças “que fazem parte de um grande mural muito ambicioso que tinha 18 metros dentro das mesmas regras de práticas, de materiais e, portanto, foi somar estas peças”, explica.
No fundo, a escolha dos quadros para esta mostra de artes representa uma estética “que se cozinha uma com a outra”, pois a forma e a matéria são iguais, mas os objetos desenhados à lâmina nada têm em comum. “Faço de propósito para que não tenham a ver um com o outro”, afirma a respeito do conteúdo dos quadros expostos lado a lado. “É quase um nonsense.”
Sobre o material usado nas peças, uma gelatina usada em artigos para cinema, Miguel Telles da Gama conta que os descobriu “por acaso” na loja de um amigo, em Lisboa, e “é curioso ter percebido que há colegas que ficam expectantes, porque isto não se percebe muito bem, não é evidente, o que me dá gozo”.
Quanto ao significado das suas obras, Miguel Telles da Gama afirma que é difícil definir um título para cada uma das suas obras: “Isso é como uma pessoa se confessar ao padre e depois vir contar o que quer dizer.” No fundo, “há sempre um lado escondido na minha pintura (…) mesmo na minha obra mais figurativa”, revela. Ou seja, o não-óbvio é, por conseguinte, “uma condição a priori” no seu trabalho cujo processo criativo “é evolutivo”.
De volta à exposição, o pintor nascido em Lisboa, enfatiza a importância do brio e da dignidade em qualquer profissão, razão pela qual aceitou o convite de expor num espaço que é “mutante”, pois pelas paredes da Brasserie Flo já passaram obras de Rui Calçada Bastos, Inez Teixeira, Pedro Calapez, Pedro Barateiro, Rodrigo Oliveira, e entre outros artistas portugueses.
Apesar de o currículo ter “uma relativa importância” para Miguel Telles da Gama, o certo é que o pintor denota um mui ilustre percurso no que toca ao seu ofício, expondo regularmente no início da década de 1990’ em galerias e instituições e tendo participado em exposições colectivas dentro e fora de portas, com destaque para os 50 anos da Galeria 111, na Galeria 111, em Lisboa (2014), War(m)up, na Casa Bernardo, nas Caldas da Rainha (2013), A20, na Galeria111, no Porto (2013), Cha-Co, pela galeria Alecrim 50, em Santiago, no Chile(2013) ou e Bridges/ International Art Exhibition, no National Museum of Ethiopia (2013).
Tudo boas razões para juntar um repasto – ou o brunch domingueiro (leia o artigo aqui) que eleva o espírito das brasseries francesas à arte, desta feita, da autoria de Miguel Telles da Gama.
A ir! •
+ Miguel Telles da Gama
© Fotografia: J. Silveira
Legenda da foto de entrada: S/ título / acrílico sobre papel, sobre gelatina (70×100 cm)
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