Luís Gaspar ganhou a dobradinha, pois é o novo presidente do Clube do CCA eleito por um júri composto por chefs e o vencedor do prémio inovação. Porém, o júri de imprensa, o primeiro desta iniciativa, distinguiu o chef Nuno Fernandes.
Lis de amêndoa e limão, a sobremesa que valeu o Prémio Helmut Ziebell ao chef Luís Gaspar / © Cátia Barbosa
Chef executivo do restaurante Sala de Corte, no Cais do Sodré, e com menu assinado no DeliDelux Avenida, aberto em Janeiro deste ano, Luís Gaspar, de 26 anos, natural de Leiria, recebeu duas distinções na 28.ª edição do Chefe Cozinheiro do Ano (CCA). Antes de mais, arrecadou o galardão de Chefe Cozinheiro do Ano 2017, pondo um ponto final no reinado de Rui Martins (chef do Rib Beef & Wine do Pestana Vintage Porto, e chef consultor do Rib Beef & Wine, da Pousada de Lisboa), graças ao alinhamento composto por sopa da pedra, na entrada, caldeirada de bacalhau salgado seco e vitela mão de vaca e grão, nos pratos de peixe e carne, respectivamente, e lis de amêndoa e limão, a sobremesa inspirada na receita conventual brisa do lis (muito semelhante ao quindim, quer na forma, quer na cor, por causa da quantidade de gemas de ovo que constam na lista de ingredientes conferindo-lhe, deste modo, textura e sabor peculiares e aos quais se somam a amêndoa ralada e o açúcar também muitos presentes em doces confeccionados em conventos e mosteiros do país), tradicional da região de Leiria. E, porque, como ‘diz’ o velho ditado ‘o doce nunca amargou’, Luís Gaspar conquistou ainda o Prémio Helmut Ziebell, entregue pelo próprio chef austríaco, radicado em Portugal há quatro décadas, pela interpretação da brisa do lis numa cerimónia que teve lugar no passado dia 6 de Junho, na Pousada de Lisboa, no Terreiro do Paço, em Lisboa.
Já as menções honrosas foram, por sua vez, para Ninu Iastremschii, do Loco (1 estrela Michelin) do chef Alexandre Silva, em segundo lugar, e Nuno Fernandes, de O Talho, do chef Kiko Martins, ambos na cidade das sete colinas, em terceiro.
Os chefs José Avillez e João Rodrigues, Rita Cupido (da Edições do Gosto), e os chefs Nuno Diniz, Nuno Mendes e André Silva / © Cátia Barbosa
Quanto ao júri da final 28.ª edição do CCA, marcaram presença Nuno Mendes , chef do Chiltern Firehouse e da Taberna do Mercado e presidente do júri; ambos em Londres, André Silva, chef do restaurante Porta, em Bragança, André Magalhães, chef da Taberna da Rua das Flores, em Lisboa, João Rodrigues, chef do Feitoria (1 estrela Michelin), do Altis Belém Hotel & Spa, em Lisboa, José Avillez, chef do Belcanto (2 estrelas Michelin), no Chiado, além de figuras de referência na área da gastronomia em Portugal: Nuno Diniz, até há pouco tempo foi chef do Tágide, no Chiado, e os mestres Helmut Ziebell, júri honorário, e Orlando Esteves, fundador e, agora, embaixador do CCA.
Durante os dois dias, os chefs analisaram e avaliaram os vários passos de cada participante, desde a preparação ao empratamento, passando pelas técnicas e pela confecção. Assim, e além dos três cozinheiros mencionados, foram também a concurso Leandro Araújo, do São Gabriel (1 estrela Michelin), do chef Leonel Pereira, em Almancil, Ricardo Raimundo, da Escola de Hotelaria de Fátima, e Duarte Eira, do Salpoente, em Aveiro.
Nuno Fernandes, o chef eleito pelo júri de imprensa / © Cátia Barbosa
Por outro lado, o júri de imprensa, que se estreou na votação, elegeu Nuno Fernandes, de O Talho, como vencedor, de acordo com os seguintes critérios: Apresentação e empratamento; Sabor e aroma; Pontos de cozedura e textura.
Tiago Pais, Luís Antunes, Patrícia Serrado, Fernando Brandão e Miguel Pires / © Cátia Barbosa
Na mesa de prova estiveram Fernando Brandão, jornalista no Guia Boa Cama, Boa Mesa, do Expresso, Tiago Pais, jornalista no Observador, Luís Antunes, docente e crítico de vinhos e de gastronomia, Miguel Pires, jornalista e crítico de gastronomia, e co-mentor do blogue Mesa Marcada, e Patrícia Serrado, jornalista na Mutante
A final do Chefe Cozinheiro do Ano 2017 – concurso que, desde 1990, tem como objectivo enaltecer a profissão de cozinheiro e contribuir para a importância da cozinha portuguesa e, até hoje, distinguiu quatro mulheres (Adelaide Fonseca, em 1991, Adozinda Gonçalvesm em 1993, Celsa Vilalobos, em 1995, e Carla Rodrigues, em 1999) num universo de 27 participantes (em 2010 não foi atribuído o prémio CCA) e, desde sempre, com um júri composto por chefs homens – decorreu nos dias 5 e 6 de Junho, na feira Alimentaria & Horexpo, na FIL, em Lisboa, e aconteceu após as três etapas regionais de Faro, Lisboa e Porto, as quais levaram, no total, 18 cozinheiros a mostrar o que valem entre 20 de Abril e 8 de Maio deste ano.
O CCA está, desde 2001, nas mãos de Paulo Amado que, em 1997, entra para a empresa organizadora do evento. Imparável, o Director da Edições do Gosto já se prepara para avançar com a próxima edição do Congresso dos Cozinheiros, o qual, este ano, será integrado no alinhamento do Lisbon Food & Wine Week agendado para Novembro. Aguardemos. •