Abril é sinónimo de cruzamento entre Música e Arquitectura, no âmbito da exposição (obrigatória, se ainda não visitou) “Infinito Vão – 90 Anos de Arquitetura Brasileira”, em Matosinhos.
Na Casa da Arquitectura os inconfundíveis e harmoniosos sons do Brasil fazem-se ouvir todos os dias na Exposição “Infinito Vão – 90 Anos de Arquitetura Brasileira”, mas em Abril vai ser reforçado este cruzamento entre música e arquitetura. Zuza Homem de Mello, figura maior do jazz no Brasil, musicólogo, jornalista, radialista e produtor musical, é a figura central da programação que inclui uma Aula Ilustrada e Musicada “90 Anos da Canção Brasileira – 1928 a 2018”, o concerto “Músicas Brasileiras, Músicos Portugueses”, a apresentação e exibição do Documentário “Zuza Homem de Jazz” e também um ato poético inspirado em Clarice Lispector protagonizado pela atriz Camila Pitanga. Em suma, em Abril não ir à Casa da Arquitectura é imperdoável, se estiver por perto.

© Kiko Freitas, por Pedro Lima
Sem mais demoras, o que vai querer ter na sua agenda, neste mês:
11/04, 18h00 – Casa da Música.
AULA ILUSTRADA E MUSICADA “90 ANOS DA CANÇÃO BRASILEIRA – 1928 A 2018”
O conceituado musicólogo brasileiro, Zuza Homem de Mello, leva à Casa da Música um itinerário ilustrado, em forma de aula musicada, pelos 90 anos da canção brasileira desde os primórdios, nos anos 20 do século passado, até aos nossos dias. O roteiro desta Aula ilustrada e musicada “90 anos da Canção Brasileira, 1928 – 2018” começa no Maxixe, atravessa os Parâmetros do Samba, o Carnaval, a Época de Ouro, o Samba-canção, a Bossa Nova, os Festivais, o Tropicalismo, o Clube da Esquina, a Revitalização do Samba, o Regionalismo, percorre os Descendentes da Bossa Nova, o Pop Brasileiro, a Música Sertaneja e desagua nos novos valores atuais.
A entrada gratuita. Levantamento de bilhetes na bilheteira da Casa da Música no dia do evento a partir das 10h00. Máximo de 4 bilhetes por pessoa.
12/04, 21h30 – Casa da Arquitectura.
CONCERTO “MÚSICAS BRASILEIRAS, MÚSICOS PORTUGUESES”
Em abril, os sons do outro lado do Atlântico vão ouvir-se de novo na Casa da Arquitectura com a curadoria do conceituado musicólogo brasileiro, Zuza Homem de Mello, tendo como convidado especial o baterista gaúcho Kiko Freitas. O concerto “Músicas Brasileiras, Músicos Portugueses” oferecerá, por isso, uma oportunidade singular de ouvir um repertório conhecido com novas roupagens, executado com a mestria e excelência da Orquestra Jazz de Matosinhos (OJM) dirigida por Pedro Guedes no palco da Casa da Arquitectura. Um espetáculo inédito e irrepetível. Zuza atua na área da música há quase 70 anos – é curador dos principais festivais internacionais de jazz no Brasil – e tem enorme experiência em produções musicais, sendo um nome reconhecido no seu país. Para este momento único, Zuza escolheu cinco diferentes arranjadores de ponta para escreverem arranjos específicos para doze temas brasileiros que serão levados ao palco pelos músicos da OJM.
Atravessando os seis núcleos da Exposição “Infinito Vão – 90 Anos de Arquitetura Brasileira”, onde se cruza com o cinema, a literatura, a imprensa e o design, a música do Brasil tem vindo a inspirar uma intensa programação artística que já trouxe à Casa da Arquitectura nomes grandes do panorama musical do país irmão, como Adriana Calcanhoto, Paula Morelenbaum ou José Miguel Wisnik.

© OJM, DR
13/04, 15h00 – Casa da Arquitectura.
APRESENTAÇÃO E EXIBIÇÃO DO DOCUMENTÁRIO “ZUZA HOMEM DE JAZZ”
Com apresentação por Nuno Pacheco, o documentário resgata a história do jazz dos anos 1950 e sua conexão com a bossa nova Qual é a influência do Jazz na música brasileira? Zuza Homem de Jazz traça um paralelo entre os dois universos através da história de Zuza Homem de Mello, partindo do olhar próximo e intimista do crítico que é referência do jornalismo musical no Brasil. Revisitando seu passado como musicista até os dias de hoje, o documentário expõe a paixão de Zuza pela música, pelo som, por algo que resiste e se transforma através do tempo.
Amante do jazz, o jovem brasileiro seguiu para os Estados Unidos, no final dos anos 50, para cursar a School of Jazz em Lenox, Massachussets e para estudar na Juilliard School of Music, em Nova York. Na School of Jazz, programa para jovens que contemplava entre seus professores alguns dos maiores músicos do Jazz de então, Zuza foi aluno do contrabaixista Ray Brown. Em Nova York, além de seus estudos, Zuza estagiou na Atlantic Records como engenheiro de som. Durante sua estada na cidade, conviveu com o que havia de melhor nos clubes de jazz, em seu esplendor nos anos 50. Assim assistiu a centenas de astros como Duke Ellington, Billie Holiday, Miles Davis, Thelonious Monk, John Coltrane entre muitos outros.
Neste documentário, ele vai A Nova York para se encontrar novamente com velhos amigos do universo do jazz como Bob Dorough, Gary Giddins, Steve Ross, Eric Comstock, Wynton Marsalis e Maria Schneider. Com depoimentos filmados nos EUA (NYC e Pennsylvania), no Rio e em São Paulo, Zuza recupera antigas histórias vividas por ele em sua trajetória profissional. Mesclando depoimentos com imagens de arquivo ou execuções especiais para o documentário, Zuza Homem de Jazz evidencia como a música brasileira recebeu influência do Jazz desde os anos 20, assim como, no sentido inverso, a música brasileira repercutiu na americana atingindo decisivamente o Jazz.
13/04, 18h00 – Casa da Arquitectura.
CONFERÊNCIA BRASIL ARQUITETURA
Marcelo Ferraz dá um panorama da produção do escritório Brasil Arquitetura ao longo dos seus 40 anos de atuação (1979-2019) com a apresentação de quatro projetos de equipamentos culturais em diferentes escalas de cidade: da Ilópolis de 4,5 mil habitantes, passando por Registro, de 70 mil habitantes, Recife com 2 milhões, até São Paulo, com 18 milhões habitantes na região metropolitana.
São projetos também realizados em diferentes regiões do Brasil, de Sul a Norte. Através destes projetos, o arquiteto procurará explicitar os conceitos e o ideário que guia o escritório na sua prática arquitetónica, como olham para a arquitetura na construção de um mundo e uma vida mais “conversável”.

© Zuza Homem de Mello, DR
13/04, 21h30 – Casa da Arquitectura.
ATO POÉTICO TEMPO 3
Com Camila Pitanga, Celso Sim, Lucas Santtana Participação especial de Domenico Lancellotti e Ricardo Dias Gomes. “Tempo 3” é um ato poético criado especialmente para o programa paralelo Infinito Vão. Camila Pitanga, Celso Sim e Lucas Santtana farão releituras de clássicos da canção brasileira que dialogam com o imaginário arquitetónico do Brasil, tendo como gatilho a leitura da famosa crónica de Clarice Lispector escrita nos anos 60 sobre Brasília (“Nos começos de Brasília”). Ato poético que reúne leitura, canto e arquitetura sonoras.
Por fim, o LANÇAMENTO CATÁLOGO INFINITO VÃO. Com Fernando Serapião e Guilherme Wisnik, também no dia 13 de Abril, sábado, pelas 11h00, na Casa da Arquitectura. Será o lançamento das versões portuguesa (coedição Casa da Arquitectura e Editora Monolito) e inglesa (coedição Casa da Arquitectura e Lars Müller Publishers) do catálogo “Infinito Vão” com a presença dos curadores Fernando Serapião e Guilherme Wisnik. Esta obra apresenta mais de 100 projetos criados desde 1928 até 2018, num arco de 90 anos da arquitetura brasileira. Com 400 páginas, o livro conta ainda com ensaios sobre o tema escrito por autores de diversas nacionalidades, como Adrián Gorelik, Ana Luiza Nobre, Ana Vaz Milheiro, Daniele Pisani, Diego Inglez de Souza, Fernando Serapião, Guilherme Wisnik, Jean-Louis Cohen e Wellington Cançado.
Tudo mais que obrigatório, se andar pelo Norte, neste Abril. •