Misty Fest ’24

A 15.ª edição do Misty Fest terá lugar de 02 a 30 de novembro, mantendo a diversidade e abrangência musical e geográfica que o definem como um dos eventos de referência no panorama nacional de festivais de outono. Lisboa e Porto continuam a ser as cidades base, mas o Misty Fest, este ano, volta a levar a sua programação a outras cidades – desta feita Braga e Espinho -, para quem boa música aprecia.

E, sem mais rodeios ou paleios, eis o alinhamento traçado para esta edição de 2024.

A multipremiada fadista Lina_, que repete presença no evento depois de, em 2022, ter apresentado, em estreia absoluta, o álbum conjunto com o músico e compositor espanhol, Raül Refree.
A fadista tem já as primeiras datas conhecidas no Misty Fest deste ano – a 27 de novembro atua no São Luiz Teatro Municipal, em Lisboa, e a 30 de novembro apresenta-se na Casa da Música, no Porto, com o aclamado, “Fado Camões”. Este novo e extraordinário trabalho editado mundialmente pela alemã Galileo Music em janeiro de 2024, conta com a chancela de Manifesto de Interesse Cultural, e tem sido aclamado pela crítica nacional e internacional: atingiu o número #1 do prestigiado top europeu de World Music – World Music Charts Europe; o número #1 no Transglobal World Music Charts Worldwide; e ainda integrou o “top of the world tracks” da revista britânica Songlines Magazine.
Nestes concertos, Lina_ irá apresentar, ao vivo, a poesia de um dos mais notáveis poetas portugueses, Luís Vaz de Camões, adaptada ao fado tradicional. De ressalvar que “Fado Camões” foi produzido pelo britânico Justin Adams (Robert Plant – Led Zeppelin, Tinariwen, Souad Massi), com arranjos de John Baggott (Massive Attack e Portishead).

Salvador Sobral atua em Lisboa no Centro Cultural de Belém, a 26 de novembro, no dia seguinte, 27 de novembro, ruma ao norte para um espetáculo no Porto, na Casa da Música, e a 30 de novembro sobe ao palco do Theatro Circo, em Braga.
“TIMBRE” é o mais recente álbum de estúdio de Salvador Sobral, editado no final de Setembro de 2023. O regresso às edições discográficas aconteceu depois do lançamento de vários temas, ao longo dos últimos meses, que fazem parte do alinhamento deste espetáculo: “al llegar” (feat. Jorge Drexler), “pedra quente” e, mais recentemente, “de la mano de tu voz” (feat. Silvana Estrada). Este trabalho é composto por 11 originais, 10 criados em parceria com Leo Aldrey, responsável também pela produção.

O produtor alemão Christian Löffler tem concertos agendados para os dias 08 de novembro, no Capitólio em Lisboa, e 09 de novembro na Casa da Música, no Porto. Este é um regresso há muito esperado depois de, há dois anos, o músico ter dado um concerto imersivo, a solo, em Lisboa no qual percorreu os melhores momentos da sua carreira.
Na bagagem o seu novo álbum, “A Life” onde o produtor alemão faz o seu mais firme apelo à nossa humanidade. À medida que entramos numa nova era de primazia tecnológica, desta vez através do domínio da inteligência artificial, Christian Löffler oferece-nos um caminho alternativo para a expressão artística. O resultado é uma viagem que nos lembra que a música não é um produto, mas sim uma criação nascida da mão e da alma de alguém. E essa será a experiência a viver no Misty Fest em 2024.

Considerada uma das mais reputadas artistas a explorarem, no presente, o imenso património musical de Cabo Verde, Nancy Vieira  irá apresentar o novo álbum “Gente” no Porto, na Casa da Música, a 02 de novembro. A 15 de novembro sobe ao palco do B.Leza, em Lisboa. O sucessor de “Manhã Florida”, editado pela Galileo Music, foi produzido pela própria Nancy e por Amélia Muge e José Martins. No Misty Fest, Nancy fará dos palcos do Porto e Lisboa, ponto de encontro de múltiplas sonoridades e cruzamento de “gentes” de Cabo-Verde, Brasil, Guiné Bissau, Angola, País Basco, Ucrânia e Portugal, com os novos temas que vêm da funda tradição e da memória feita em Cabo Verde, mas que também nasceram das gentes de outras gerações e países e que são firmadas por uma nova geração que projeta já no futuro a alma e a cultura destas ilhas. 

O pianista e compositor canadiano, Tony Ann, tem dois espetáculos agendados para o Misty Fest, atua a 09 de novembro no São Luiz Teatro Municipal, em Lisboa, e a 10 de novembro, na Casa da Música no Porto.
Já com vários concertos esgotados em Londres, Paris, Viena, Berlim, Zurique, Milão, Nova Iorque ou Los Angeles, Ann trará ao Misty Fest o seu virtuoso espetáculo ao vivo composto por performances que ultrapassam os limites do género neoclássico. Apresentando destaques da sua trilogia de EPS “EMOTIONALLY (BLUE, ORANGE, RED)“, colaborações pop e faixas inéditas, Tony Ann está motivado para mostrar o seu mundo de emoções e harmonia nos palcos do país.
Prodígio do piano, Tony Ann usa com sucesso todas as oitenta e oito tonalidades a seu favor com composições originais pautadas pela emoção, técnica e alcance. Funde os estilos, usa o novo e o antigo com um efeito de tirar o fôlego. Como um autoproclamado conhecedor de harmonia, Ann está sempre a pensar em formas de não só ultrapassar os limites da música neoclássica e instrumental, mas também da música popular (de que é exemplo a colaboração com os The Chainsmokers, tendo participado na coautoria dos singles “Sick Boy” e “Call You Mine”, com Bebe Rexha).

Com paragem única no Musicbox há Nils Hoffmann, dia 27 de novembro.
O produtor berlinense vem ao nosso país com o novo disco “Running In a Dream” (lançado pela editora Anjunadeep), trabalho que firma um admirável percurso em ascensão, posicionando-o como um dos mais excitantes jovens artistas da eletrónica mundial. Este novo trabalho sucede ao aclamado “A Radiant Sign” (2022), que chegou ao primeiro lugar nas tabelas de dança do iTunes aquando do seu lançamento, conseguindo também o importante reconhecimento dos seus pares – como os DJs Maceo Plex, Joris Voorn e Eelke Kleijn – assim como o apoio de algumas das principais plataformas e rádios internacionais como a BBC Radio 1, SiriusXM Chill e KCRW.
Moldado pela música e pela cultura eletrónica alemãs, Nils Hoffmann tem formação em piano clássico e cresceu a ouvir nomes como Paul Kalkbrenner e Trentemoller. Inspirado na house progressiva e melódica, até à data, o produtor de 28 anos já acumulou 120 milhões de streams em todas as plataformas. Hoffmann atuou em alguns dos principais festivais de verão como o Tomorrowland ou o Echelon Festival e secundou atuações de nomes como Ben Bohmer, Gorgon City, Franky Wah, Stephan Bodzin ou Tiga.
Com o lançamento do novo trabalho, Nils Hoffman embarca numa digressão mundial que passa pela Austrália, Estados Unidos e pelo continente europeu, com paragem obrigatória em novembro, no Misty Fest.

Maria João & André Mehmari provam como a música diminui distâncias atlânticas. A música é sempre a melhor ponte para diminuir as distâncias e promover grandes parcerias. E para comprovar essa teoria, Portugal e o Misty Fest, serão o cenário para o grande encontro entre a cantora portuguesa Maria João e o pianista e compositor brasileiro André Mehmari. Um espetáculo cheio de surpresas e sonhos, que promete compor um novo capítulo na história deste duo. 
No repertório, músicas inéditas de Mehmari que foram compostas especialmente para o seu duo com Maria João, e que serão lançadas num álbum, na reentre deste verão, editado pela Galileo Music Alemanha, com letras criadas pela própria Maria João. O público será presenteado com novidades e com algumas canções da dupla Guinga/Aldir Blanc que o duo já interpretou em concertos anteriores, e que se tornaram referências estéticas para os artistas. Aldir, aliás, figura como um padrinho da dupla, já que “O Sonho” é a parceria entre Mehmari e Blanc, encomendada por Maria João para o seu álbum “A Poesia de Aldir Blanc” (Selo Sesc).
Concertos marcados para dia o1 de novembro, na Casa da Música, no Porto e dia 08 de novembro no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa.

Uma grande novidade da 15.ª edição do Misty Fest é a presença da voz da nova geração do flamenco alternativo, transgressivo e erudito – Rocío Márquez. E é assim que a cantora andaluza se posiciona no universo musical andaluz. Sem falsos dogmas ou concessões – apesar do amor à tradição – Rocío consegue ser uma das vozes cimeiras do flamenco contemporâneo, combinando o rigor, a vocação criativa e a audácia interpretativa.
É nas letras, arranjos e melodias que consegue transfigurar cantes antigos em diferentes palos e melodias. A sua música transporta-nos não ao primeiro, nem ao segundo, mas ao “Tercer Cielo” do flamenco (o último e aclamado álbum que conta com a colaboração do produtor de música urbana e eletrónica, Santi Bronquio). Se dúvidas existirem sobre os novos caminhos do flamenco, há que tirar teimas no Misty Fest, a 10 de Novembro, no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa.

Do outro lado do Atlântico, Brandee Younger visita o Misty Fest para dois concertos no Cineteatro Capitólio e no Auditório de Espinho (15 e 16 de novembro, respetivamente). A norte-americana, conhecida por ampliar as fronteiras do som da harpa rumo a paragens sonoras tão diversas como o jazz, a soul e o funk, atua pela primeira vez no nosso país onde mostrará os temas do último álbum “Brand New Life”, uma coleção de originais, mas também de releituras de composições de ídolos confessos como Dorothy Ashby. Este trabalho, como o título deixa antever, aborda os novos caminhos – artísticos, pessoais, políticos e espirituais – de Younger, exímia executante deste instrumento tão delicado e, ao mesmo tempo, tão denso.
O ano de 2022 foi marcante – Younger fez história ao tornar-se a primeira mulher negra a ser nomeada para o Grammy de Melhor Composição Instrumental. Este ano, na 55.ª edição dos NAACP Image Award conquista o prémio na categoria jazz com “Brand New Life”.

O emotivo e cinematográfico trio de break-beat, GoGo Penguin, estará em Portugal para duas datas, a tocar músicas do seu mais recente álbum Everything Is Going to Be OK (Sony Music XXIM), o nono álbum, em onze anos, da banda inglesa de jazz formada em Manchester em 2012. Repleto de otimismo e de novos começos, com um novo baterista, uma nova editora e um som subtilmente atualizado, a banda está a viver uma nova era sonoramente mais liberta, mas sem perder a sua música ímpar que incorpora elementos de eletrónica, trip-hop, jazz, rock e música clássica.
Everything Is Going to Be OK nasce de um momento de turbulência e perda na sua formação original. Durante um período pessoalmente difícil para a banda, o estúdio tornou-se um refúgio. O resultado é um projeto pleno de compreensão e empatia partilhadas. Em palco no dia 26 de novembro no CCB, em Lisboa e a 27 de novembro na Casa da Música, no Porto.

Sven Helbig é um dos principais compositores da música moderna internacional, com obra publicada em etiquetas de referência como a Deutsche Grammophon. O músico alemão é já presença assídua em Portugal e não poderia deixar de (re)visitar os palcos nacionais com os temas do mais recente trabalho, “Skills”, desta vez no Misty Fest em Lisboa no Teatro Municipal São Luiz, e no Porto na Casa da Música.
Como multi-instrumentista, funde a técnica de composição clássica com música eletrónica subtil e experimental. As suas obras foram já encenadas por artistas de renome como a Fauré Quartett (BBC Singers), o violoncelista Jan Vogler, o maestro Kristjan Järvi ou a pianista Olga Scheps. Entre os agrupamentos de renome que interpretaram a sua música contam-se a Orquestra Contemporânea de Londres, a Filarmónica da BBC e a Orquestra Sinfónica de Berlim. No palco, Helbig já experimentou eletrónica e percussão ao lado de várias formações e é colaborador assíduo dos ícones da pop britânica, Pet Shop Boys, e da banda alemã de metal industrial, Rammstein. Concertos marcados para dia 10 de novembro do Teatro Municipal São Luiz e dia 12 de novembro na Casa da Música, no Porto.

Karl Seglem continua a ser um dos mais excitantes e inovadores saxofonistas tenor e compositores contemporâneos da Noruega. Este é o regresso esperado aos palcos do Misty Fest, depois das atuações em 2021. Este ano, apresentará ao vivo os temas do novo disco, “Mytevegar (myth.path.hope)”, com atuações que se dividem entre 20 de novembro na Casa da Música no Porto, e a 21 de novembro no  B.Leza em Lisboa.
Homem dos mil e um ofícios – diz-se músico, poeta, compositor, jazzchef, pai, naturaholic – é considerado um “tesouro da música norueguesa”, quer seja pelo inconfundível talento, quer pela profusa criação musical – do seu catálogo constam 40 álbuns editados. Em alguns destes trabalhos o uso de chifres de cabra e outros instrumentos tradicionais – nomeadamente o violino de Hardanger – é magistral e excitantemente misturado com uma abundância considerável de elementos modernos e ecléticos: loops electrónicos, improvisação jazz, traços de world music e características rock.
Seglem é um portentoso tenor saxofonista e não poupa nas colaborações (como aliás aconteceu com a NOPO Orchestra, um ensemble folk contemporâneo universal composto pelo músico e ainda por Rao Kyao e Francisco Sales com o qual se mostraram nos palcos do Misty Fest em 2021).
Muita da sua música aponta para o som do jazz nórdico, mas com as abordagens inconfundíveis a que já nos habituou – fusão de expressões folclóricas numa sonoridade fresca, efusiva e poderosa do jazz experimental.

Poder-se-ia dizer que Two Lanes são, na verdade, uma jovem irmandade criativa de eletrónica melódica que gravita entre o neoclássico, o ambience e o deep house. A música dos irmãos Leo e Rafa leva-nos por batidas minimalistas, acordes de piano acústico e sintetizadores analógicos. No Misty Fest irão apresentar os temas do mais recente álbum, “Duality”, uma viagem sónica introspetiva e imersiva que, ao vivo, torna ainda mais sublime a atmosfera sonora desta dupla berlinense.
Desde o lançamento do EP “Reflections”, o duo germânico continua a expandir a sonoridade por vários géneros, granjeando a atenção das rádios BBC1, Sirius XM, Triple J e acumulando mais de 150 milhões de reproduções nas plataformas streaming. O som evocativo e expansivo de Two Lanes posiciona-os já como uma referência na música eletrónica para os próximos anos. A 23 de novembro no Village Underground, em Lisboa.

A Lisboa multicultural vive no adn artístico de Luiz Caracol. O músico, cantor e autor forjou uma identidade própria que espelha a ligação com a capital onde reside, mas também com as culturas de vários países de língua portuguesa, como o Brasil, Cabo Verde ou Angola.
Entre o Ser e o Partilhar há uma vontade intrínseca de regressar aos palcos com “Sou”, um espetáculo pensado na vivência dos concertos ao vivo. Inspirado no seu mais recente álbum, “Ao vivo no Namouche”, este concerto é o espelho da lusofonia numa linguagem reveladora da riqueza cultural que é, afinal, reflexo na música de Luiz Caracol. Bombos, guitarras braguesas e cavaquinhos convivem com a modernidade e a fusão dos teclados e das guitarras elétricas.
Ao vivo, o músico ensaia uma verdadeira celebração das memórias da portugalidade, das estórias, das raízes culturais que são parte de cada um de nós, ao mesmo tempo que continua a dar voz à vulnerabilidade, à luta por causas como a igualdade, a consciencialização social e ambiental. A tal voz da luta que é constante no corpo musical deste multi-instrumentalista. Esta é, afinal, a musicalidade que nos transporta para outras paragens repletas de frutos maduros, com sabor a multiculturalidade feita de tantas cores, de tantas sonoridades, de tantas heranças.
A música de Luiz Caracol é – e será sempre – mulata e mestiça, que parte de Lisboa para outros mundos. Porque ser português é fazer parte deste caldo de culturas que nos alimenta, influencia e acrescenta. Agendado para 28 de novembro no B.Leza, em Lisboa e 29 de novembro na Casa da Música, no Porto.

A discografia de Manuel Fúria é atravessada pel’Os Golpes, continuou com os Náufragos. Depois de “Viva Fúria”, o músico e compositor opta por um período de ausência dos palcos, de apagamento do ser social e digital. Foi pai e nesse percurso existiram perdas e ganhos.
Para trás deixou marca enquanto agitador e produtor independente na editora Amor Fúria, cuja atividade se cruzou tantas vezes com a FlorCaveira. O desalinho criativo surgiu, entretanto, quando decide encostar às margens, após os Náufragos, e lançar o último disco de originais “Os Perdedores” (2022, edição FlorCaveira).  Porque a memória não dá tréguas, gravou um conjunto de dez canções precisamente sobre a perda, isto porque, lembra: “estamos constantemente a perder coisas, as chaves, o cabelo, a carteira, o tempo, a cabeça, amigos, a vaidade…”. E quantas são as vezes em que nos perdemos?
“A Vida é sempre a perder”, ressalta-nos o murmúrio dos Xutos & Pontapés.
“Os Perdedores” cumpriu-se em 2022 no encontro literário – Arquipélago dos Escritores (Açores) enquanto arma narrativa apresentada nessa altura em primeira mão. Este disco traduz em linguagem pop eletrónica a evocação daquelas memórias, daqueles lugares, daquelas pessoas em particular que se perderam. Fica a saudade e a melancolia que também são sabedoria sobre a arte de perder. A maturidade de deixar ir, sem apagar. “Acabou”. E depois acontece “o que o tempo faz melhor”. E, nessa perda, testemunhamos algo que, ironicamente, fica. Em “Os Perdedores”, Fúria posiciona-nos junto aos que estão no “lado errado da história” e que nada têm a perder. Apenas ganham a liberdade de fazer o que bem entendem. É nesta ideia de perda, de esvaziar, de abandonar para libertar que o músico atesta o “caminho de mortificação como único modo de salvação da alma”, com encontro marcado nos palcos do Misty Fest. A 29 de novembro Village Underground, em Lisboa e a 01 de dezembro na Casa da Música, no Porto.

A colocar na sua agenda de outono, mais uma bela edição de Misty Fest.

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