OUT.FEST 2014 / Barreiro

O OUT.FEST – Festival Internacional de Música Exploratória do Barreiro 2014, na sua 11.ª edição, co-programado pela Filho Único e pela OUT.RA., já anda no ar com as primeiras confirmações.

De 2 a 5 de outubro a música vai ser presença forte na cidade do Barreiro e há nomes que vai querer tomar nota:

Peter Brotzmann & Steve Noble / Com disco editado no ano passado “I Am Here Where Are You”, este duo de saxofone e bateria apresentar-se-á em estreia nacional, no OUT.FEST. Noble é um baterista com um passado na geração do pós-punk e uma queda por ritmos Africanos (estudou com o mestre nigeriano Elkan Ogunde), sendo um regular na cena free jazz britânica, com na Company Weeks de Derek Bailey (finais de 80) e outras formações como Lol Coxhill ou John Edwards. Peter Brotzmann é já lenda viva; o germânico decano (já passou dos 70 anos) e padrinho do free jazz em território europeu, lançou o inquebrantável “Machine Gun” (1968), nutriu bandas decisivas como a Globe Unity Orchestra ou os Last Exit, para além de um historial de duos com bateristas impressionante, de Hans Bennink a Hamid Drake.

Magik Markers / Os Magik Markers regressaram no ano passado aos discos com o “Surrender To The Fantasy”, na Drag City, promovendo-o com tournées norte-americana e europeia, com passagem pela edição “End of an Era pt. 1” do histórico festival All Tomorrow Parties. Depois, entre 2005 e 2009, editaram pelo menos 12 álbuns, CD-Rs, singles e EPs, o período seguinte a “Balf Quarry” (2009) pareceu indiciar uma hibernação. Mas estes carismáticos tomaram o seu tempo até aprimorar a sua escrita de canções para um nível de equilíbrio entre o intelegível e o mistério, e regressam a Portugal em trio renovado com Elisa Ambrogio (guitarra e voz), Pete Nolan (bateria) e John Shaw (baixista).

The Ex / Com origem no final da década de 70, logo se tornou claro o seu intento em direccionar a energia da música popular ao serviço de uma militância política, dispensando contudo fundamentalismos estéticos ou de prática vivencial, colocando-os assim a par do pós-punk de imagens e groove das Raincoats ou dos Fall. Ao longo dos anos travaram-se de amores reciprocados com os Sonic Youth e uma cumplicidade com Steve Albini também vem de longe, mas os The Ex não se limitaram a guitarras-baixo-bateria do punk. Integraram outros instrumentos – sopros, electrónica, acordeão… – e idiomas musicais experimentados no território de origem, como a colaboração, em 2006, com o saxofonista etíope Getatchew Mekuria, oferecendo-se como a sua banda em estúdio para o disco ‘Moa Anbessa’, e o interesse por canções folk de latitudes diversas.

Peter Evans Quintet / Trompetista radicado em Nova Iorque, Peter Evans tem-se distinguido como um dos produtos mais avançados do estudo, num campo que une as práticas e as histórias do trompete, do jazz e da composição contemporânea, na direcção do avanço destas formas, instrumentação e escola. Surge numa fase de maturação avançada da miscigenação destas linhagens, onde a legibilidade melódica e harmónica continua em evolução, e os instrumentos de sopro foram informados pelo jazz até Coltrane, e daí por Evan Parker, Braxton, e outros visionários desse calibre. Estreia-se no OUT.FEST com o seu quinteto, formado com Jim Black, Sam Pluta, Tom Blancarte e Carlos Homs, que ignitou reverência justificada no mundo do jazz aquando da edição do seu álbum de estreia “Ghosts” (2011). A ver e ouvir.

Fennesz / Compositor e músico austríaco decisivo na história recente do cânone da electrónica, Fennesz tem usado a guitarra e o computador para produzir alguma da linguagem musical mais vibrante e intensa neste campo. Desde a edição de “Endless Summer” (2001), na Mego, que a sua influência sobre o panorama da música independente que lhe prestou atenção e retirou lições de vitalidade, sendo cotado o seu trabalho inovador para a guitarra e a sua aptidão melódica subjacente às camadas de processamento de efeitos e contra-campos de ruído que desenha nos seus temas, uma assinatura já reconhecida. Para além do trio Fenn O’Berg, com Peter Rehberg e Jim O’Rourke, nos últimos anos colaborou com Sakamoto, no álbum assinado a dois “Cendre”, com os Sparklehorse, e David Sylvian, entre outros. Editou, este ano, o bem recebido novo álbum “Bécs”, num feliz regresso à Mego.

Mais à frente, prometemos dar-vos o programa organizado por dias e horas. Para já resta-nos deixar-vos uma novidade que é o facto de os passes gerais já se encontrarem à venda na Bilheteira Online, bem como nos locais habituais. A tomar nota, a ir!  •

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© Fotografia: Fennesz.