O coração do lisboeta Bairro Alto tem uma cervejaria que é uma marisqueira cujo protagonismo provém da costa portuguesa e do Algarve para a boca do mundo. Vamos?
O dia cinzento logo serviu de pretexto para matar saudades do verão. Afinal, o marisco rima com a estação mais quente do ano. Quem disse que não?
E nada melhor que fazê-lo num espaço acolhedor, sem as pretensões de uma cervejaria tradicional, se bem que do legado português é bem visto o mosaico hidráulico que reveste uma parte do pavimento, junto ao balcão. Na sala, a decoração é dominada pela madeira de carvalho do chão e do lambrim combinada, a qual tão bem combina com o tom escuro das mesas, cujas tampos de ardósia traduzem a escolha certeira, bem como com as cadeiras, das quais o modelo veio de Londres, e os candeeiros, oriundos da Holanda.
Falamos da Cervejaria do Bairro, a marisqueira de Duarte Uva que, sobre o mar, fala com paixão e de lá nos traz “a matéria-prima certa” para a carta – as ostras do Sado e do Algarve, os percebes da costa portuguesa… “Os estrangeiros perdem a cabeça com o nosso marisco”, continua o mentor do projeto.
Continuemos com as iguarias saídas das mãos dos chefe Miguel Palma e Vasco Palma, que “fizeram o estágio” no restaurante Mar do Inferno, de Maria de Lourdes Tirano, em Cascais, “de longe o melhor”, reforça Duarte Uva. Primeiro com as entradas, para despertar o apetite de miúdos e graúdos, com o “ovos” de cabra que são feitos de queijo – de cabra, claro –, mergulhados em azeite, o pão e o azeite com vinagre balsâmico, os croquetes estaladiços e ceviche de corvina, que combina com finas fatias de pão torrado (foto de entrada) e tanto agradou ao petiz comensal.
O repasto prossegue numa onda em que o talher tem pouco protagonismo e na companhia e um néctar de Baco do Alentejo, S. Lourenço do Barrocal branco 2013, e do chá gelado da casa feito com chá preto, maçã verde de canela, este para o mais novo da mesa.
A mariscada pequena, composta por camarão de Moçambique, percebes da costa portuguesa e ostras, é o prato que se segue, para matar saudades da época estival e que logo conquistou o palato dos presentes, sobretudo do petiz, que estreou o gosto dois últimos ingredientes.
Antes do repasto terminar, o prego do lombo, suculento e preparado a preceito, viu-se acompanhado por finas batatas fritas estaladiças e mostarda, como manda o figurino. Mas parece que o prego de atum em pão de alfarroba “está a fazer um sucesso”, diz-nos Duarte Uva.
Para terminar, o leite creme, com boa consistência e queimado comme il faut, a tarte tatin, doce q.b. e o bolo de chocolate com pimenta rosa e molho de frutos silvestres remataram o almoço, que também podia ser jantar, pois a Cervejaria do Bairro tem as portas abertas das 19.30 à 1 horas, aos dias da semana (exceto à terça-feira), e ao fim de semana, das 13 às 16 horas e das 19.30 às 1.30 horas.
Uma boa sugestão para um repasto descontraído com os amigos e a família, num ambiente cosy, do qual ressaltam os painéis com motivos de mar, da autoria da artista plástica Beatriz Khouri. •
+ Cervejaria do Bairro
© Fotografia: João Pedro Rato
