Mais de 300 obras de cerca de 100 artistas reunidas durante 30 anos resultam numa exposição que reflete o olhar sobre a arte ao longo dos tempos por parte de Julião Sarmento.
Jorge Molder, da série “Não tem que me contar seja o que for” (2011) / Impressão a jato de tinta sobre papel / © Fotografia: José Manuel Costa Alves
“Afinidades Electivas. Julião Sarmento coleccionador”. O título ilustra o que é, de facto, a mostra comissariada por Delfim Sardo e repartida entre o Museu da Eletricidade, na Fundação EDP, e a Fundação Carmona e Costa, ambas em Lisboa, com término agendado para 3 de janeiro – a atração em relação a objetos da autoria de grandes nomes da arte contemporânea, de dentro e fora de portas, os quais fazem parte da coleção particular de outro grande artista português, Julião Sarmento, que começou a colecionar ainda frequentava o liceu.
Porém, e ao contrário do que seria de esperar por muitos, a tarefa eletiva esteve mas mãos de Delfim Sardo, que confessa ter sido “uma responsabilidade de não estar a subverter a diversidade e a riqueza da exposição”, pois “cada peça que não se punha era uma dor de alma”. Ou seja, Julião Sarmento ‘entregou-se’ completamente nas mãos do curador, que bem conhece há muitos anos.
Rui Chafes, “Vertigem V” (1988/89) / escultura em ferro / © Fotografia: Blue Photography Studio (Cepeda)
No fundo, a exposição espelha as amizades e afinidades que acompanharam o percurso do artista português – artistas ligados às mais diversas áreas interpretadas por uma mão cheia de técnicas que podem ser observadas à medida que é feita a visita.
Da pintura ao desenho e à fotografia, da escultura ao vídeo e à instalação, todas as peças denotam uma visão no que toca à estética e às obsessões de cada autor em cada época, com núcleos relevantes, sobretudo, das décadas de 1960 a 2010, apesar de estarem patentes obras de períodos anteriores. Assim, o Museu da Eletricidade apresenta Andy Warhol, Cindy Sherman, John Baldessari, Bruce Nauman, Juan Muñoz, Rita McBride, Nan Goldin, Cristina Iglesias, Lawrence Weiner, Joseph Beuys, bem como Eduardo Batarda, Fernando Calhau, Pedro Cabrita Reis, Jorge Molder, Rui Chafes, Rui Calçada Batista, entre outros; enquanto a galeria da Fundação Carmona e Costa é exibido um conjunto de trabalhos de desenho e gravura que vão de Pierre Bonnard a Marcel Duchamp.
No Museu da Eletricidade, as portas estão abertas de terça a domingo, das 10 às 18 horas (encerra à segunda-feira, dia 25 de dezembro e dia 1 de janeiro). Na Fundação Carmona e Costa, o horário é das 15 às 20 horas, de quarta a sábado. A entrada é livre, ou seja, não há desculpas para não visitar. A ir. •
+ Fundaçao EDP / Museu da Eletricidade
+ Fundação Carmona e Costa
+ Julião Sarmento
Legenda da foto de entrada: John Baldessari, “Midget and Leaping Cat” (Version 2), 1984 / tinta acrílica sobre fotografia a preto e branco / © Fotografia: José Manuel Costa Alves
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