Entre competições, retrospectivas e ante-estreias nacionais são cerca de 500 os filmes a exibir, de 16 a 26 de Março, em Lisboa, por ocasião da 16.ª edição do evento de sétima arte dedicado à animação, com Itália como país convidado, o primeiro painel destinado à realidade virtual e até vidrões animados.
“Acidentes, Erros e Calamidades” (2015), de James Cunningham / Nova Zelândia
Depois de mostrar a compilação da edição de 2016 numa súmula de 66 segundos convertida em imagens, Fernando Galrito, Director Artístico da Monstra – Festival de Animação de Lisboa, falou sobre a edição do presente ano que, ao longo de 11 dias, andará à solta pela cidade das sete colinas, a dar a conhecer um evento cinematográfico “muito sob o signo do olhar” testemunhado pelo traço do cartaz oficial da autoria do italiano Gianluigi Toccafondo.
E não é por acaso que a nacionalidade do criador do cartaz seja a referida, pois o país homenageado na 16.ª edição da Monstra é Itália com 12 programas, 80 curtas, oito longas e quatro exposições. No alinhamento do cartaz, há retrospectivas de autor a (re)descobrir, como a dedicada ao realizador Bruno Bozzetto, “um homem que nos encanta pelo seu lado de constante provocação”, segundo Fernando Galrito, que falou também sobre Enzo D’Alò, que “é, essencialmente, uma grande adaptador”, assim como de Simone Massi, que “faz a arte pela arte”, bem como de Gianluigi Toccafondo. Do mesmo território vem ainda a animação contemporânea, com lugar reservado na Sala 3 do Cinema São Jorge, no âmbito de programas curados pelo “mestre da música” Andrea Martignoni, a Retrospectiva Pinóquio, na Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema – que vai desde o clássico de 1940, de Walt Disney, ao filme de Enzo D’Alò, e também mais recente –, a colaboração com o 8 1/2 Festa do Cinema Italiano e dez convidados.
De fora para dentro
“Allegro non Troppo” (1976), de Bruno Bozzetto / Itália
A respeito das candidaturas, “este ano ultrapassamos todos os limites com 2380 filmes”, dos quais vão constar 851 de 86 países na Competição Internacional da Monstra.
Na lista de longas-metragens constam 30 películas – seis são de portugueses. Comecemos pela estreia absoluta em Portugal de “A Minha Vida de Courgette”, do realizador Claude Barras, que virá à Monstra apresentar esta película que se encontra nomeada para os Óscares 2017, na categoria de “Melhor Filme de Animação”.
“Louise à Beira-Mar” (2016), de Jean-François Laguionie / França
“Ludovigo e Luca – A Grande Corrida do Queijo”, do norueguês Rasmus A. Sivertsen é outra das películas que faz parte desta lista, assim como “Louise à Beira-Mar”, de Jean-François Laguionie; “Molly a Monstrinha”, de Ted Sieger, Michael Ekblad e Matthias Bruhn; “The Anthem of the Heart”, do japonês Tatsuyuki Nagai; e “Window Horses – A Epifania Poética Persa de Rosie Ming”, uma produção canadiana realizada por Ann Marie Fleming.
Voltemos aos números com as 13 curtas de portugueses produzidos em 2016 na competição nacional do Prémio SPAutores – Vasco Granja, um dos destaques da 16.ª edição do festival de animação em agenda para as 22 horas, de 24 de Março, na Sala Manoel de Oliveira, do Cinema São Jorge. Os nomes a reter são, entre outros, o de Joana Toste, Pedro Serrazina, Filipe Abranches, Jorge Ribeiro, Pedro Brito, Paulo D’Alva e António Pinto.
“Hereafter” (2016), de Natália Azevedo Andrade / Portugal, Hungria
Com 75 filmes apresentam-se, por sua vez, as Curtas de Estudantes, dos quais cinco são portugueses “com filmes muito bons”, continuou Fernando Galrito. Dividida em cinco sessões, cada uma reserva lugar para as 18 horas, dos doas 21, 22, 23, 24 e 25 de Março, respectivamente, na Sala Manoel de Oliveira, do Cinema São Jorge, à excepção da última, que irá acontecer na Sala 3.
Nos dias 20 a 24 de Março é a vez da Competição de Curtas, com 57 exibições – seis são de portugueses –, a qual está também repartida em cinco sessões. A primeira acontecerá no Cinema Ideal, da segunda à quarta sessões a projecção ocupa a Sala Manoel de Oliveira, do Cinema São Jorge, enquanto a quinta irá decorrer na Sala 3 do mesmo espaço. A mesma sala irá receber, às 16 horas, de 25 de Março, as 48 projecções do Curtíssimas.
Quanto à Monstrinha que, em 17 anos, ultrapassou o meio milhão de crianças e jovens, terá um programa em cheio para miúdos e graúdos, para ler aqui e aqui , pois os mais novos mostram sempre um olhar sem filtros sobre o que vêem.
Homenagens em retrospectiva e momentos especiais
“Persepolis” (2007), de Marjane Satrapi / França
Os tributos ao realizador russo Fyodor Khitruk, “um dos maiores mestres de cinema de animação” que “teria, agora, cem anos”, e a Eduard Nazarov constam na lista da programação da 16.ª edição da Monstra, com seis curtas a não perder no dia 19 de Março, às 16 horas, na Sala 3, do emblemático Cinema São Jorge.
Na calha está a celebração dos 70 anos do estúdio polaco SE-MA-FOR, a animação cubana, da JPL Films, entre outros, como a de Vera Neubaeur; assim como o Dokanim, com particular atenção para “25 de Abril”, de Leanne Pooley”; as Sessões Especiais; o Terroranim, com projecção de filmes animados de terror; a retrospectiva dedicada ao Japão, com “Ghost in the Shell: O Novo Filme”; e os Históricos, como “Persepolis”, de Marjane Setrapi (16 de Março, 22 horas, no Cinema Ideal), “Chronopolis”, de Piotr Kramler (22 de Março, 22 horas, sala 2, Cinema City Alvalade), e “Max e Companhia”, de Samuel e Frédéric Guillaume (20 de Março, 22 horas, Cinema City Alvalade). Sem esquecer o Clipanim, da autoria de Tim, vocalista dos Xutos e Pontapés, a respeito do qual, segundo o Director Artístico da Monstra “irão ficar estupefactos com as escolhas do Tim”.
Além disso, e pela primeira vez, a Monstra terá uma sessão dedicada à animação para adultos, o Triple X, com uma seleção de filmes para maiores de 18 anos, no Cinema Ideal.
O regresso ao futuro
“Ghost in the Shell: O Novo Filme” (2015), de Kazuchika Kise / Japão
Falamos do primeiro encontro dedicado à Animação e Realidade Virtual, com agenda marcada entre as 10 e as 13.30 horas, do dia 18 de Março, no Cinema São Jorge, onde os olhos estarão postos num conjunto de actividades que irão estabelecer uma ponte entre os videojogos e o cinema.
Assim, na composição do painel de debate sobre esta matéria constam os nomes de Rachid El Guerrab, project manager da ©Google Spotlight Stories; Tim Ruffle, realizador do estúdio de animação britânico Aardman Animation; Luke Ritchie, Head of Interactive Arts do Nexus Studios, em Toronto, Canadá; Rui Guedes, fundador da portuense Ground Control Games; e Filipe Luz, coordenador da licenciatura de Aplicações Multimédia e Videojogos, na Universidade Lusófona, em Lisboa. A moderação está nas mãos da jornalista de tecnologia da informação Susana Marvão.
Por sua vez, o público terá a oportunidade de experimentar 14 projectos de Realidade Virtual, entre os quais estão os dos participantes no painel. Uma vez que a entrada é livre, recomenda-se a inscrição prévia através de festival@monstrafestival.com. Entre as 14 e as 17 horas, a demonstração dos mesmos projectos continuarão na sala 2, em relação à qual não será necessária a inscrição.
Em paralelo, está previsto um workshop 360° VR Guerrilha Filmmaking sobre a introdução aos conceitos básicos para a produção de conteúdos em 360°, ainda sem data marcada; e um VR corner no Cinema São Jorge, onde o poderá experimentar duas apps VR em showcases – Tilt Brush – ©Google VR e Piñata – Nexus Studios for HTC VIVE.
Os vidrões animados, as mostras da Monstra e… antes que comece
Porque é a solta que a Monstra faz das suas, há seis vidrões espalhados pela cidade com um QR Code e cada um permite visualizar um movimento. É descobri-los!
Em concreto há, porém, quatro espaços a registar nesta edição. Tudo por causa das exposições a ter lugar no Museu de Marioneta, na Sociedade Nacional das Belas Artes, na Galeria do Colégio CEO – Maria Pia e, claro, no Cinema São Jorge, uma vez mais, o epicentro deste festival de sétima arte eclético e transversal.
Nas formações, onde “talvez das melhores pessoas do mundo vêm falar do que melhor sabem”, estão integrados os cinco workshops e uma oficina para pais e filhos, as seis talks e um encontro, e as cinco masterclasses.
São muitas as actividades em curso na agenda da Monstra 2017. Vejamos: No dia 3 de Março, às 22 horas, o Largo do Intendente será palco da “Ovelha Choné”, com exibição ao ar livre. A entrada é livre, reservada a 500 cadeiras, pelo que se aconselha a ida (muito) antes da hora.
A 9 é a vez da inauguração da exposição “Vincent, Louise, Anatole e os outros… 20 anos do cinema de animação da JPL Films”, dedicada ao trabalho desta produtora francesa, no Museu da Marioneta.
E a 10 de Março, o Cinema Mais Pequeno do Mundo e a companhia francesa Ciné Troupe regressam à Praça Luís de Camões, com uma seleção de filmes da competição Curtíssimas com quatro sessões, que competem pelo “o prémio mais pequeno do mundo”, o Amendoim de Ouro.
Enquanto isso, a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema acolherá sessões de cinema italiano, há sessões de filmes portugueses premiados, na Monstra na Sociedade Portuguesa de Autores, e uma sessão de curtas musicadas ao vivo pelo maestro Carlos Alberto Moniz, no mesmo local.
Após o término do festival na capital portuguesa, a Monstra anda à solta enas cidades de Tavira, Portalegre, Porto e Coimbra, e nas vilas de Torre de Moncorvo e de Oeiras.
É agendar tudo e ir! •