É preciso ter muita lata! / Loja das Conservas

E porquê? Porque a Loja das Conservas abre dois restaurantes em Lisboa: uma no n.º 130 da rua do Arsenal e outra no n.º 83 da rua da Assunção.

As conservas de peixe em Portugal estão definitivamente na moda. Nos últimos anos abriram diversas lojas alimentadas, principalmente, pelo enorme aumento do fluxo turístico. Não querendo ficar para atrás, a ANICP (Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe), entidade que representa o direitos das Indústrias de Conservas de Peixe suas associadas, criou a “Loja das Conservas” que já conta com quatro espaços – dois em Lisboa, um no Porto e outro em Macau – e abriu em 2018 dois restaurantes nas suas lojas da Baixa de Lisboa, uma no n.º 130 da rua do Arsenal e outra no n.º 83 da rua da Assunção. Foi nesta última que fomos ver como se cria uma carta com o produto das conservas de peixe portuguesas como ingrediente central.

Tiago Neves e André Palma são os chefs da Loja das Conservas

Os timoneiros desta experiência gastronómica foram os chefs André Palma, de 24 anos, natural de Lisboa, e Tiago Neves, de 26 anos, natural de Anadia.

André Palma estudou dois anos na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril e um na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa. Passou por vários restaurantes de cozinha tradicional portuguesa em Lisboa, Estremoz e Palmela. O gosto pela cozinha descobriu com o seu pai. 

Tiago Neves conta com uma licenciatura em Restauração e Catering pelo Instituto Politécnico da Guarda. Já passou por diversos restaurantes de cozinha tradicional portuguesa, como o Dux Petiscos, em Coimbra, e Pedra Cancela, em Nelas, e fez um estágio com o chef Vitor Sobral.

Sem qualquer experiência profissional em algo semelhante, ambos afirmaram que para eles foi um grande desafio criar os cerca de 20 pratos em que o produto das conservas de peixe nacional é o ingrediente central. Apesar do conceito das lojas ser bastante turístico, dizem-nos que a carta foi pensada, acima de tudo, para o consumidor português, dadas as características dos pratos propostos em menu, bem como o conceito do espaço”

Sardinhas em tempura de limão, picante e fumada com molho de iogurte e pepino

Para começar a refeição ou se o objetivo for petiscar tem azeite aromatizado (azeite das conservas); chamuça de atum com caril que já faz parte da conserva; sardinhas em tempura de limão, picante e fumada com molho de iogurte e pepino; morcela de sangacho, e picas (uma espécie de peixe agulha que vinha nas redes da sardinha e que não era utilizado pela indústria das conservas, sendo aproveitado pelos trabalhadores que o levavam para casa) à Bulhão Pato.

Sardinha picante com migas alentejanas

Nos pratos principais experimentámos três: o Bacalhau à Brás – para mim o menos conseguido de todos e o único que merece esse reparo –, a sardinha picante com migas alentejanas e o empadão de cavala fumada.

A terminar o repasto – bastante longo e intenso (a gordura e o sal das conservas, apesar de todas as suas qualidades gastronómicas e nutritivas, deve ser consumido com moderação) –, foi servida uma mousse de queijo de Azeitão e o mais arrojado prato, que não deve deixar de experimentar: o doce da casa semifrio ou cheesecake de cavala.

Mousse de queijo de Azeitão e Semifrio ou cheesecake de Cavala

A refeição pode e deve ser acompanhada com vinhos tranquilos ou espumantes de regiões de Portugal.

A finalizar Castro e Melo, secretário-geral da ANICP, diz-nos que “o lançamento de um projeto gastronómico é o curso natural da ‘Loja das Conservas’ que, mais que uma loja e restaurante, é uma plataforma que visa reunir toda a indústria na promoção e divulgação das conservas de peixe enquanto produto acessível, saudável, versátil e gourmet, podendo ser um ingrediente único na confeção de um prato à mesa dos portugueses”.

O próximo restaurante deverá abrir na Loja das Conservas do Porto.

Boas degustações em família ou com o grupo de amigos. •

+ Loja das Conservas
© Fotografia: João Pedro Rato

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