Torres Vedras será o ponto de partida para explorar o território dos Vinhos de Lisboa

A finalidade é criar um complexo urbanístico nas antigas instalações do Instituto da Vinha e do Vinho constituído por um conjunto de espaços que, futuramente, vão trabalhar em rede e, em simultâneo, desafiar os visitantes a conhecer os produtores vitivinícolas, o seu trabalho e as as suas adegas. O nome: Polo de Inovação do Vinho e da Gastronomia.

O evento “Vinhos de Lisboa – (Re) Interpretar o Território” realizado, há cerca de um mês, nas antigas instalações do Instituto da Vinha e do Vinho, em Torres Vedras, foi palco da apresentação do projecto de reabilitação deste complexo urbanístico, ao qual foi atribuída a designação de Polo de Inovação do Vinho e da Gastronomia. O processo de planeamento está nas mãos de Carlos Martins, CEO da Opium, empresa nacional ligada ao sector das indústrias criativas.

De acordo com o plano traçado pela equipa responsável por este processo de execução, os espaços que serão instalados nos antigos edifícios do Instituto da Vinha e do Vinho, datados de 1948, vão trabalhar em rede e, cada um, terá a designações e funções específicas.

O Centro de Interpretação terá um museu com uma exposição devidamente documentada sobre o passado deste complexo edificado e a história da região dos Vinhos de Lisboa. O Colab I & D, com as valências de centro de investigação e laboratório, cujo trabalho é realizado numa espécies de parceria com um espaço dedicado à agricultura, a Smart Farm Colab, será instalado noutro edifício.

A incubadora, destinada a empresários e criadores, será o terceiro deste polo. Haverá uma área reservada ao comércio, com restauração, cozinha comunitária, horta biológica, entre outros, por forma a estabelecer a proximidade com a comunidade local, e a oficinas.

A Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa manter-se-á no mesmo edifício, enquanto um outro será ocupado pela Associação Nacional de Viveiristas Vitícolas e a Associação de Agricultores de Torres Vedras. Por último, o sétimo, ficará para potenciais investidores privados.

Segundo Carlos Martins, o importante é que não se perca “a memória deste lugar” nem o seu valor patrimonial, mas antes criar valor, no sentido de tornar este complexo edificado num espaço de mediação com os produtores vitivinícolas e a oferta enoturística da região dos Vinhos de Lisboa.  

Iniciado em 2017, este processo conta com o trabalho da arquitecta Inês Moreira e da designer Carla Cardoso que, após a análise baseada em exemplos de boas práticas – como o Regia Douro Park, em Vila Real, Portugal, a Cité du Vin e o Domaine de Boisbushet, ambos em França, ou a Fabra i Coats, em Barcelona, Espanha – e inspirada no World of Wine, o megalómano projecto repleto de experiências da Fladgate Partnership, no centro histórico de Vila Nova de Gaia, apresentado pelo seu director-geral, Vasco Varela, resultou nesta boa nova.

O programa “Cidade Europeia do Vinho” que, em 2018, reuniu Alenquer e Torres Vedras para, em conjunto, promoverem os seus néctares, serviu de ponto de partida para este grande passo no que à (re)interpretação do território dos Vinhos de Lisboa diz respeito. Afinal, “somos dos principais produtores de vinho a nível nacional”, recordou Carlos Bernardes, presidente do município de Torres Vedras, neste encontro, sendo esta outra das razões para avançar com a estratégia de reabilitação das vetustas instalações do Instituto da Vinha e do Vinho, onde está instalada a Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa. Ou, como disse Francisco Toscano Rico, presidente desta entidade, “o vinho tem muito para dar ao território e, obviamente, o território tem muito para dar ao vinho”. Para comprovar esta afirmação ouviram-se as estórias da História contadas por Vasco d’Avillez, figura incontornável no mundo do vinho. 

O evento “Vinhos de Lisboa – (Re) Interpretar o Território” terminou com a instalação artística de Patrícia Gabriel e a experiência enogastronómica, com produtos da região criada, também, pelo chef Vítor Adão e pela enóloga Madalena Sena-Esteves.



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