Abadia dos Tomarães, a homenagem ao Vinho Medieval de Ourém

A história deste vinho remonta aos tempos dos monges cistercienses e, de acordo com a DIVINIS, o método de produção prevalece de acordo com os preceitos estabelecidos há 800 anos.

O Vinho Medieval de Ourém, reconhecido em 2005, em Diário da República, é património do concelho homónimo circunscrito pela área geográfica da sub-região Ourém, pertencente às Encontas d’Aire, uma das nove Denominações de Origem da região dos Vinhos de Lisboa. A cartilha deste vinho foi deixada pelos Monges de Cister, que, no século XII, construíram os seus templos religiosos em terras doadas por D. Afonso Henriques. Um desses edifícios é o Mosteiro de Santa Maria dos Tomarães, igualmente conhecido por Abadia dos Tomarães. 

Este é precisamente o nome atribuído ao Vinho Medieval de Ourém da DIVINIS, empresa fundada em 2006, a partir da união de uma dezena de empresários, com base na aquisição da antiga Adega Cooperativa de Ourém. O objectivo tem como objecto preservar tão vetusto património, daí que tenham retomado, em 2008, a produção do DOC Vinho Medieval de Ourém Abadia dos Tomarães.

As uvas utilizadas na feitura deste vinho são vindimadas à mão em vinhas não aramadas – as mais velhas contam entre 50 e 60 anos –, devidamente certificadas, e a adega deve estar aprovada para o efeito. As castas permitidas são a Trincadeira, nas tintas, e a Fernão Pires, nas brancas. “Há associados que entregam cerca de cem quilos destas uvas”, conta Nuno Rodrigues, enólogo desta casa há cerca de sete anos, o que comprova o contínuo abandono deste legado secular em terras de Ourém.

Colhidas as uvas de Fernão Pires, estas são prensadas e o mosto segue para a vasilha de madeira, com capacidade para dois mil litros, sendo este atestado com 80 por cento, para dar início à fermentação espontânea. Os restantes 20 por cento são preenchidos pelas películas e o sumo das uvas da variedade Trincadeira, matéria-prima essa que é desengaçada na ciranda (procedimento que separa o cacho das uvas), como manda a cartilha ditada pelos monges cistercienses. O processo de fermentação dura, geralmente até dez dias, na vasilha, durante o qual é usado o rodo, para mexer as massas duas vezes por dia.

O vinho é provado no Dia de São Martinho, como manda a tradição e engarrafado. A garrafa da colheita de 2019 do Abadia dos Tomarães DOC Vinho Medieval de Ourém (€40) é, por si só, uma novidade e todas estão numeradas. O objectivo é dignificar o Vinho Medieval de Ourém, ainda desconhecido da maioria dos consumidores. O rótulo tem inscrita a história sobre este património, que a DIVINIS, produtor de outros vinhos branco e tinto, continua a perpetuar na sua adega e em conformidade com os seus associados.

Brindemos aos 800 anos do Vinho Medieval de Ourém!


+ DIVINIS
© Fotografia: João Pedro Rato

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