“Sul, espectros além do Tejo” é o nome da exposição de pintura Alfredo Moreira da Silva patente até 10 de janeiro, em Santiago do Cacém. Constituída por sete temas divididos por cinco espaços, esta mostra espelha os 50 anos do percurso artístico do pintor e artista plástico do Porto.

Bosque, Ar, Deserto, Território, Amor, Outros, Esperança. Cada palavra representa um conjunto de pinturas da autoria de Alfredo Moreira da Silva. Artista plástico, agricultor, cozinheiro, construtor de espaços, nascido em 1958, no Porto, celebra, agora, um percurso artístico de cinco décadas compilado no imaginário poético, com uma linguagem neo-expressionista envolta em dualismos entre a terra e responsabilidade, fragilidade e partilha, a memória e o futuro
O título da exposição remete para as presenças que atravessam o tempo e o espaço, “espectros além do Tejo”, a sul do país. Aqui, se fixou Alfredo Moreira da Silva, plantou e criou raízes íntimas e, simultaneamente, coletivas, para dialogar com o local e o global, sempre com uma perspectiva de futuro. Mas sem deixar para trás o passado, com profunda ligação às artes e à arquitetura paisagística, legado paternal refletido na relação com o design, a arquitetura, a introspeção e, por fim, a pintura e as artes plásticas.
Foi a sul que incrementou a regeneração da terra, trabalho efetuado na Herdade da Matinha, unidade de turismo rural localizada em Cercal do Alentejo, que celebra três décadas a 1 de dezembro de 2025. Eis o “Bosque”, título de expressões metafóricas de raízes e de tudo o que começa debaixo do solo. Será este o princípio de um grande “Amor”? Tema de pinturas que simbolizam a partilha vivida à mesa, no encontro, na diferença e na troca realizados na Herdade da Matinha, onde Alfredo Moreira da Silva reconstruiu uma ruína e plantou mais de 55 mil árvores.
Hoje, os 110 hectares de floresta atlântica fomentam ecossistemas que dão vida a este pedaço de terra, que permite “Respirar”, fluxo vital representado por folhas de ouro nos quadros expostos no Museu Municipal de Santiago do Cacém, arquitetura oitocentista outrora cadeia desta cidade do Alentejo. No mesmo edifício está a exposição de pinturas sobre uma região que vive no limiar da abundância e da escassez. “Estamos a viver o limite do ‘Deserto’.” As palavras são de Alfredo Moreira da Silva, para quem a arte não é uma identidade, evocando a humildade de percebermos que a arte “que sai de nós é muito maior do que nós e não nos pertence”.
Do lado oposto ao referido espaço museológico, com o jardim pelo meio, estão os Paços do Concelho, o símbolo da democracia, eleito por Alfredo Moreira da Silva para representar o tema “Território”, uma responsabilidade e não uma posse, daí que o pintor se reveja como um guardião de um lugar entregue à natureza, a Herdade da Matinha, e não o proprietário deste refúgio paradisíaco no Alentejo.
Depois há os “Outros”, metáforas das viagens do pintor e artista plástico, que incitam a vermos no outro um reflexo de nós próprios e, por essa razão, a respeitar o outro. Sem esquecer a “Esperança” de saber que as novas gerações vão colher a sombra da árvore que plantamos, numa perspectiva de um futuro mais generoso.
Além do Museu Municipal de Santiago do Cacém e do edifício dos Paços do Concelho, a exposição “Sul, Espectro Além do Tejo” reparte-se pelo Auditório Municipal António Chainho, pela rua Professor Egas Moniz e pela travessa de São Sebastião, bem como na Herdade da Matinha.
Horários das visitas
Câmara Municipal de Santiago do Cacém
de segunda-feira e sexta, das 08h30 às 16h30
Museu Municipal de Santiago do Cacém
de terça-feira a sexta, das 10h00 às 12h00 / das 14h00 às 16h30 /sábados das 12h00 às 18h00
Auditório Municipal António Chainho
de terça-feira a sexta, das 10h00 às 12h30 / das 13h30 às 16h00
Herdade da Matinha
de segunda a domingo, das 10h00 às 18h00









