As novas colheitas do Discórdia

Dois brancos e três tintos mostram o poder e os desafios da zona mais árida de Portugal.

“A vinha é gerida com base na proteção”

Filipe Sevinate Pinto
enólogo da Herdade Val’Évora

Produzir vinhos na Herdade Val’Évora, localizada em pleno Parque Natural do Vale do Guadiana, no concelho de Mértola, é um verdadeiro desafio. Terras onduladas e pobres, onde reina a escassez de água e o calor escalda os solos de xisto. Há anos em que a pluviosidade é residual. Este um Alentejo árido e quente reuniu duas famílias pela caça e pelo vinho numa herdade com cerca de 550 hectares. Aqui, apenas 10 hectares são ocupados por vinha. Nesta natureza selvagem convivem perdizes, coelhos, patos selvagens e javalis, entre vinha, medronheiro, olival, pinhal e azinhal.

As primeiras vinhas, plantadas em 2010, incluem castas tintas (Touriga Nacional, Touriga Franca, Alicante Bouschet e Syrah) e brancas (Antão Vaz, Arinto e Verdelho). A plantação foi efetuada com uma orientação solar semelhante à encosta sul do Douro, o que ajuda a definir o estilo dos vinhos Discórdia.

É dos primeiros sítios em Portugal com registo de vindima iniciada, frequentemente, em julho, com a colheita de castas brancas. O grande trabalho tem de ser feito no campo, sendo o momento da apanha muito importante. As uvas seguem frescas para a adega, onde a enologia, sob a orientação de Filipe Sevinate Pinto, procura fazer vinhos com tensão, acidez e frescura, de modo a corresponderem à identidade e carácter do lugar e da natureza que os faz nascer. A vinificação é feita em lagares de pisa, mas com curtimentas curtas. Os estágios variam de acordo com o pretendido a respeito de cada vinho, podendo incluir barrica ou não.

Para acompanhar este vinhos, recomendamos pratos com ingredientes da herdade ou da região, como perdiz, coelho bravo, javali, lebre ou achigã do Guadiana.

+ Herdade Vale d’Évora

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