É um dos locais mais queridos da restauração de Lisboa e, agora, muda-se para o Porto. Acrescentam-se-lhe os sabores nacionais casados com os internacionais, a experiência de um dos melhores chefs portugueses, uma decoração sóbria, moderna, e a Invicta ganha o seu Cantinho do Avillez. Convidamo-lo a entrar e a provar. Vai certamente aprovar.
Já há algum tempo que eram muitas as pessoas a perguntar para quando a abertura do Cantinho do Avillez na Invicta. Por isso, três anos após a inauguração na capital portuguesa, este espaço da restauração lisboeta instalou-se no centro do Porto. “Devo dizer que quando abri o Cantinho e o Belcanto não estava à espera de abrir mais restaurantes mas, três anos depois, abrimos seis espaços. Já podia ter pensado abrir um Cantinho no Porto, mas não foi um plano”, conta-nos o chef à mesa, precisamente no dia em que se celebram os três anos da abertura do Cantinho do Avillez.
Numa história que já leva cerca de 14 anos, José Avillez já teve os seus momentos menos bons, mas encontrou o seu rumo quando entrou para o Tavares, um dos restaurantes mais afamados de Lisboa e onde conquistou duas vezes a estrela Michelin, em 2010 e 2011. E as estrelas, afinal, trazem mesmo sorte. De chef executivo do Tavares passou para dono do seu próprio espaço, o primeiro Cantinho do Avillez, aberto no Chiado. E foi nesta zona lisboeta, privilegiada pelo turismo e pela aposta na recuperação de edifícios antigos, que o chef centra hoje a sua atividade porque, como nos diz, “o Chiado é um centro muito dinâmico, representa o crescimento da cidade, e eu vivo lá, por isso, tenho a proximidade de casa, que é bom, já que trabalho 16 horas por dia e não tenho ainda de pegar no carro”.
Além do referido restaurante, há também o Belcanto (premiado com uma estrela Michelin em 2013), o Café Lisboa, a Pizzaria Lisboa, o Mini Bar e o quiosque Alfacinho, localizado em frente a este bar gastronómico, e ainda fresco de novidades, uma vez que abriu há pouco mais de duas semanas.
“Durmo pouco, tenho muitas ideias”, ri-se José Avillez, quando lhe perguntamos de onde vêm tantos conceitos.
De todos, talvez a ideia de uma pizzaria tenha sido uma das primeiras, inspirada por uma das primeiras pizzarias em Portugal, cujo dono foi precisamente o seu pai, à qual se acrescenta a sua própria experiência como pai. “Tenho dois filhos pequenos, que gostam de pizzas”, explica. Mas todos eles surgiram por situações de consumo às quais José Avillez não é indiferente.
Por isso, e depois de todos aqueles casos de sucesso, a possibilidade de continuar a crescer para o Porto era uma oportunidade que não podia passar ao lado. E quando surgiu o espaço perfeito, a ideia ganhou forma. “Já nos tinham proposto três ou quatro locais, mas quando chegámos aqui percebemos que era mesmo isto. O espaço estava devoluto, totalmente destruído, a entrada estava completamente desabada, não se conseguia aceder, era uma porta de garagem. Tivemos cerca de 7, 8 meses para o pôr em ordem. Até agora, abertos há cerca de um mês e meio, temos estado sempre cheios ao almoço e ao jantar. Estamos muito contentes, começámos com o pé direito”, diz-nos com um sorriso.
“Hoje, conseguimos muito mais do que alguma vez esperei, por felicidade, muito trabalho, por dedicação, por uma grande equipa que trabalha com muita paixão.”
No Cantinho do Porto, podemos esperar a mesma cozinha de qualidade, o mesmo ambiente descontraído, os mesmos petiscos e a mesma carta de Lisboa, mas que será futuramente readaptada aos sabores da Invicta. “Estamos a trabalhar num nova interpretação da Francesinha, por exemplo”, revela-nos.
“Vejo o Cantinho como um restaurante onde eu poderia comer várias vezes por semana, inspirado na cozinha tradicional portuguesa, mas também nas viagens que vou fazendo. Retratam a minha pessoa no dia a dia, tem um ambiente mais descontraído, onde se está com os amigos, com a família. Hoje, por exemplo, tivemos o restaurante cheio de crianças ao almoço, servimos mais de 90 refeições. É um espírito mais familiar. A cozinha pretende ter um nível de qualidade alto, com a acentuada qualidade dos ingredientes, mas não tem a pretensão de ser uma alta cozinha, como é o Belcanto”, responde-nos quando lhe perguntamos o que os portuenses vão encontrar aqui.
A equipa é composta por algumas pessoas que vieram de Lisboa, como o gerente e o chefe de sala, mas a maioria foi já recrutada no Porto, como os chefs, que estagiaram durante um mês no Belcanto, e a equipa de sala. “Mas diria que dentro de um ano a maior parte da equipa será de cá”, conta-nos José Avillez.
E se ‘em Roma, sê romano’, num restaurante sentamo-nos e saboreamos. Seguindo as sugestões do chefe, provamos o Atum de conserva caseira com maioneses de gengibre e lima, os Ovos à professor séc. XXI, as Vieiras marinadas com creme de abacate e os Nuggets de bacalhau com maionese de alho e cebolinho. Da carta fazem ainda parte os já afamados pregos no pão e, nos pratos principais, não é possível deixar de comer as Lascas de bacalhau, migas soltas, ovo BT e azeitonas explosivas ou a Alheira crocante com ovo BT, tomate fumado e arroz de grelos. Para sobremesa provámos um doce, o Cubo de avelã, cortado por uma Salada de fruta com espuma de mojito. Se quiser, pode ficar mais um pouco e saborear um cocktail, como o de gengibre ou o de manjericão, ou pode deixar-se levar pela noite do Porto. Afinal, estamos no centro da cidade e há ainda muito para descobrir. •
+ Cantinho do Avillez / Porto
© Fotografia: Paulo Barata