Yakuza ou quando a porta abre para o repasto

No primeiro andar do número 231 da rua Escola Politécnica, em Lisboa, só entra depois de confirmada a identidade, para uma experiência sem limites pela cozinha japonesa, tradicional e reinventada, do novo restaurante de Olivier.

Yakuza First Floor. Assim se chama o mais recente espaço de Olivier, o restaurateur, como gosta de se afirmar, neste infinito universo da restauração na cidade das sete colinas, ao lado de duas fortes referências da cozinha japonesa no país e na arte de bem cortar o peixe, os sushimen Agnaldo Ferreira e Alex Hatano.

“Máfia” japonesa à parte – pois o nome do espaço é homónimo de uma organização criminosa do país do sol nascente –, aqui o cerne impõe-se no repasto sob o teto decorado com relevos criativos feitos a partir de gesso de duas salas da antiga Real Fábrica das Sedas do Rato, originalmente, do século XVIII. Nas paredes, os espelhos ornamentados com elementos marinhos complementam a elegância dos tons prata e pérola predominantes numa envolvência caracterizada pela elegância.

E não sem antes passar pelo bar do restaurante, revestido pela azulejaria do século XVIII, mui apreciada por quem tanto gosta dos pequenos detalhes de uma arquitetura que é património de Lisboa e do país.

Neste pequeno recanto, o colorido das garrafas e dos líquidos que guardam dão corda à imaginação de quem no bar manda e de onde saem as mais preciosas combinações para dar as boas-vindas ao Yakuza e/ou para acompanhar o repasto. Sugestões? O chá Yakuza, por exemplo, composto por chá de jasmim e flor de hibisco, o qual se encontra na lista dos mais pedidos, assim como o mojito Yakuza, com romã. A terceira livre escolha: Limonada de limão yuzu e gengibre.

Sentemo-nos. A escolha recaiu no balcão que rodeia o palco onde os suhiman preparam os repastos dos presentes sentados em redor das mesas de pernas assentes num chão secular e dispostas sob o teto ornamentado com motivos orientais e com vista para o jardim japonês, no exterior.

Que comece o desfile pois, a partir de agora, estamos nas mãos do chef. A viciante salada crunch, com alface iceberg, cebola confitada, molho wafu e sementes de girassol dá início ao repasto num dia solheiro em Lisboa.

Inspirado na cozinha mexicana, é-nos servido, a par com a tão aguardada simpatia e prontidão, o taco sakana (“peixe” em japonês), com tártaro de peixe, algas à juliana e guacamole feita como manda a cartilha numa combinação de sabores sem sobreposições no palato.

Ika crispy é a entrada que se segue e que consiste em lulas fritas, um prato muito popular na Ásia oriental e no sudoeste asiático, aqui acompanhadas por uma refrescante e suave maionese de wasabi e lima.

Passemos à cozinha tradicional, com o nigiri de rodovalho braseado com ovas de peixe voador e pétalas de cravo chinês, que conquistou o palato à primeira.

Viremo-nos para o novo estilo de sashimi, primeiro com o sashimi shiromi feito com peixe branco e molho ponzu (de soja com citrinos) trufado, cebola crocante, molho de ceviche e salada de rebentos, um dos melhores deste define pantagruélico – e um dos eleitos pela maioria dos comensais do Yakuza.

No alinhamento dos makizushi, ou sushi enrolado, a escolha do chef recaiu no tirashi maki composto por um mix de peixe com tempera de camarão, espargos e maionese tobiko (peixe voador).

Já nas gunkans (tradicionalmente, são enroladas em algas nori), entramos na elaboração free style da cozinha japonesa – as quais fazem parte da lista dos mais pedidos –, com caranguejo real e ovo de codorniz, uma composição singular e de mui deleitoso sabor.

Com uma apresentação ímpar, chega-nos à mesa – que é como quem diz, ao balcão – a gunkan de kobe composto por wagyu, com ovo de codorniz e trufa preta, outros dos melhores, para conquistar o a boca de uma vez só.

Para finalizar a tríade de gunkans, eis a trunfada com salmão, ovo de codorniz e ovas de sardinha, a repetir, de certo, pela combinação de sabores.

Nas robatas (espetadas japonesas) a escolha incidiu no baby chicken, ou seja, no frango marinado em miso acompanhado por uma porção de flor de sal, uma outra de pimenta japonesa e outra de doce de abóbora. Uma boa opção que é, de certo, tida em conta por quem não aprecia sushi nem sashimi ou para quem gosta de frango braseado com sabor a picante.

Buta ribu, ou seja, piano com molho tarimaki e sementes de girassol servido na companhia de flor de sal, pimenta japonesa e doce de abóbora, é outra das sugestões, a respeito da qual não irá arrepender-se.

Para acompanhar ambos os pratos, fica a sugestão: Cogumelo portobelo com molho miso.

Aos aficcionados pela cozinha nipónica eis o melhor final: Gelado de chá verde. Mesmo para quem não aprecia tão aclamada infusão oriental, o melhor é experimentar ou escolher outras das sugestões de gelado japonês.

Ou eleger outra das seis sobremesas do Yakuza Firts Floor, entre as quais aqui fica a geleia de café com mousse de leite condensado e sorbet de limão.

Só para relembrar que o Yakuza Firts Floor está no primeiro andar do número 231 da rua Escola Politécnica, em Lisboa, e abre a porta – a quem tocar à campainha – entre as 12.30 e as 15 horas, e entre as 20 horas e as 12 badaladas da noite.

Bom apetite! •

+ Yakuza First Floor
© Fotografia: João Pedro Rato

+ Informações:
Yakuza First Floor by Olivier Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato

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