As galerias romanas convidam a uma incursão Lisboa adentro

Na Baixa Pombalina da, outrora, Olísipo, a estrutura arqutitetónica da época do Império de Cláudio está aberta a quem conseguiu inscrever-se e, num espaço de cerca de 30 minutos, (re)explorar esta descoberta datada 16 anos após o terramoto de 1755.

O acesso às galerias romanas da Rua da Conceição, em Lisboa está, por hábito, reservado por ocasião da celebração do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, a 18 de Abril mas, este ano, a visita está a acontecer por estes dias – 6, 7 e 8 de Abril –, no âmbito do programa Lisboa por Dentro, da EGEAC, o qual convida a conhecer espaços imprevisíveis da capital portuguesa através de múltiplas propostas artísticas.

“Durante muitos anos foram os bombeiros que vinham retirar a água proveniente dos lençóis freáticos de Lisboa. De dia e de noite. Depois de esvaziar este espaço, limpavam e colocavam a luz eléctrica. Desde Setembro último, e graças à colaboração excelente dos Bombeiros de Lisboa, colocámos bombas submersas, as quais vão controlando o caudal da água demorando, agora, apenas três dias para a retirar.” Joana Sousa Monteiro, museóloga e directora do Museu de Lisboa explica, assim, o trabalho feito em colaboração com a referida entidade e em coordenação com electricistas e a Polícia Municipal que, no seu conjunto, reúnem esforços para receber, em segurança, os visitantes curiosos e interessados neste pequeno tesouro com mais de dois mil anos, descoberto em 1771, no seguimento da reconstrução da cidade, após o terramoto de 1755,  e que, em dias normais, regista um caudal de cerca de 1,10 metros de altura.

De acordo com as teses que têm vindo a ser elaboradas, tudo aponta para a existência de “um criptopórtico romano exactamente da mesma época do criptopórtico do Museu Machado de Castro, em Coimbra, do tempo do Imperador Cláudio, o qual está a sustentar os prédios pombalinos da Baixa de Lisboa”.  Porém, e caso se concretizasse a implementação de um espaço museológico no local, “a pedra romana poderia passar a ter patologias”, por causa da ausência de água, além de que poria em risco os edifícios pombalinos sustentados por estacas, que necessitam de estar em contacto permanente com os lençóis freáticos existentes no subsolo de Lisboa.

Como é que isso acontece? “Há uma falha por onde entra a água nestas galerias”, justifica Lídia Fonseca, coordenadora do Museu de Lisboa – Teatro Romano, as quais, no início do século XX, foram designadas de “Conservas de Água da Rua da Prata”, pois eram utilizadas como cisterna. Ou seja, quando foram feitos os edifícios pombalinos, as casas estavam munidas com a chamada “boca do poço”, a partir da qual os residentes tiravam água salubre com o auxílio de um balde. “Tinham uma fonte por baixo dos seus pés. Com a água canalizada, estas bocas do poço foram canceladas, esquecidas”, continuou Lídia Fernandes.

Depois de Abril, o mês de Setembro incluirá, também, uma incursão – pacífica, claro – às galerias romanas agendadas, desta vez, para os dias 22, 23 e 24, por ocasião das Jornadas Europeias do Património.

Agora é aguardar e fazer figas para conseguir inscrever-se. •

+ Galerias Romanas
Fotografia: João Pedro Rato

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