A harmonia com a região mais a sul de Portugal acontece à mesa, no detalhe, na autenticidade de cada peça de louça, assim como nas boas vindas numa mescla quase inconfundível da autenticidade que, nesta terra, há muito estava adormecida.
Os painéis decorativos do artista plástico Pedro Calapez traduzem a imponência da arte in situ
Fica o edifício definido pelo traço do atelier de arquitectura Promontório e ornamentado pelos painéis decorativos da autoria do artista plástico Pedro Calapez. Ficam as obras de arte de artistas portugueses – as fotografias de Adelina Lopes, no restaurante Emo, os diagramas, de Ricardo Valentim, espalhados pelos corredores do hotel, os néons, de João Louro, nos corredores de acesso ao restaurante vínico e ao espaço wellness e de bem-estar, assim como a árvore composta por um pinheiro e uma acácia, da autoria de Gabriela Albergaria. Entre outros. E todos cabem nesta Gesamtkunstwerk, o conceito de “obra de arte total” — tal como se encontra descrito no memória descritiva da Promontório Arquitectos –, que caracteriza este imenso Anantara Vilamoura Algarve Resort – outrora Hotel Tivoli Victória erigido em 2009, em Vilamoura, e o único construído de raiz pelo grupo Tivoli Hotels & Resorts –, o primeiro a receber a insígnia da tailandesa Anantara Hotels, Resorts & Spas na Europa.
Os diagramas do artista natural de Loulé, Ricardo Valentim, marcam presença nos corredores do hotel
Por sua vez, do outro lado do Mundo – de entre o Mar de Bengala e o Mar Meridional da China, no Índico – chega-nos o ethos tailandês, os “costumes” de um povo para quem a autenticidade e a hospitalidade pertencem a um legado a respeitar. A explicação está no símbolo composto por duas almofadas típicas tailandesas e o pote – antigamente, enchia-se o recipiente com água para os viajantes que passavam – em representação do acolhimento, o qual se encontra no lobby, à entrada, e onde o hóspede é convidado a tocar o ferrinho, símbolo do folclore algarvio, anunciando a sua chegada ao hotel.
As amêndoas, os figos, a alfarroba e a laranja
A praia de Almargem tem o Parque Natural da Ria Formosa como pano de fundo, com a fauna e a flora a conviverem em harmonia e num silêncio apaziguante
Num tabuleiro é servido o chá de alfarroba com canela, o sumo de laranja e dois pequenos cestos – um com amêndoas e o outro com figos. Eis as boas vindas ao Anantara Vilamoura Algarve Resort que, numa outra sala, longe do burburinho do lobby, é feito o check in e dada a informação sobre os programas disponíveis para roteiros de lazer no tuk tuk exclusivo do hotel em Vilamoura, com as ruínas romanas e as praias em destaque, ou em visita ao mercado da fruta e do peixe da Quarteira – parece que há, aqui, os melhores pastéis de nata –, os passeios a cavalo no Parque Natural da Ria Formosa, a conhecer também a bordo de um barco, viagens que contemplam sabores genuínos, como os das ostras ou do marisco fresco, ou a ida ao Mercado de Loulé na companhia do chef responsável pelas cozinhas do resort, Bruno Viegas, para as aulas de cozinha Spice Spoons, sessões que incitam os participantes a “pôr a mão na massa”, terminando com um almoço de degustação.
A pesca é uma das actividades mais comuns junto à praia da Quarteira, contemplada nos passeios de tuk tuk
Há passeios de balão de ar quente a pedido, e se o tempo estiver a preceito, com partida marcada em São Bartolomeu de Messines, e as viagens ao interior algarvio à (re)descoberta da história de vilas e cidades, de produtos locais, como amêndoas, figos, laranjas ou azeitonas. “A nossa filosofia é ‘tudo é possível’”, dizem-nos.
Silêncio, que se vai cantar o fado!
Rápido com o passeio, pois são 18 horas e o fado já se faz ouvir ao vivo junto à árvore de Gabriela Albergaria, no lobby do resort, contíguo ao lounge, onde os ouvidos se afinam para sonoridade tão portuguesa. De uma música para a outra, a conversa é posta em dia até quase ao fim da melodia dedilhada pelo ritmo das cordas da guitarra portuguesa.
As anchovas com salada de pimentos assados e alcaparras, a salada de polvo, o escabeche de choco e o biqueirão fazem parte do menu de tapas
Entretanto, apruma-se o palato já que a hora do repasto da noite se aproxima a passos largos. Numa mesa alta estão dispostos os petiscos algarvios, do biqueirão à salada montanheira, passando pelo escabeche de choco, a salada de polvo, a tapenade de azeitona as anchovas com salada de pimentos assados e alcaparras, entre outras iguarias que vão bem com um néctar de Baco. Na carta há vinhos de várias regiões e a copo são servidos dois espumantes, quatro brancos, dois tintos, assim como os vinhos fortificados. Peça-se a melhor combinação a António Lopes, de 29 anos, escanção – ou wine guru – do resort, ou ao seu braço direito, Francisco de Oliveira.
Enquanto os sabores algarvios acalentam o palato, o vizinho campo de golfe Oceânico Victoria, da autoria de Arnold Palmer – famoso jogador norte-americano desta modalidade desportiva – é contemplado ao pormenor através das portas das varandas despojadas de acessórios, deixando a luz natural entrar sem rodeios. Um verdadeiro camarote para o pôr-do-sol.
Do lado de dentro, agora, o branco com detalhes em azul-mar predomina nos sofás numa subtil combinação com os bancos inspirados nas armadilhas utilizadas para apanhar os polvos nas águas da nossa costa.
Ao longe, o som da guitarra portuguesa perpetua no lobby, dispersando-se pelos corredores, pois a essência do que é português é determinante no conceito do Anantara Vilamoura Algarve Resort.
Do quarto à mesa: Materiais nobres e design nacionais
A Tarrina do Projecto Tasa é uma das muitas peças compostas por materiais da região sublimados no resort algarvio
A madeira da região prevalece nos quartos, transmitindo uma sensação de conforto e, ao mesmo tempo, de requinte, a par – uma vez mais – com a luz natural muito presente em todo o hotel favorecido pelas amplas portadas. Na varanda, os sofás de exterior convidam ao descanso, ao mesmo tempo que o olhar é seduzido pelo verde do campo de golfe que preguiça em frente, pelos jardins primorosamente arranjados ou pelas piscinas – a das palmeiras e a da cascata.
Já nas 17 suites estão presentes peças do Projecto TASA, o qual recriou objectos regionais de tempos idos, associando-se a artesãos locais, para que a magia das nossas infâncias prevalecessem por mais anos. Assim, os hóspedes dos aposentos maiores do resort têm sacos de praia tecidos à mão, bases para copos de cortiça local e cerâmicas típicas do Algarve à disposição. Além disso, e para quem quiser aguçar a curiosidade, pode participar em workshops e fazer as suas compras na boutique do projecto que se encontra no hotel. Quem alinha?
Pouco antes do almoço, o marisco e o peixe fresco são apresentados aos hóspedes que repousam à beira da piscina, para facilitar a escolha e preparar a gosto no Ria
Mas saltemos, de novo, para a mesa. Comecemos no Ria, o restaurante criado em homenagem à Ria Formosa, onde o peixe e o marisco frescos são reis. Entre o pão regional, o azeite e as azeitonas, a salada de polvo à Santa Luzia, a sopa de peixe, o xerém, a cataplana a cozinha algarvia e o peixe e o marisco na grelha, a cozinha algarvia ganha gosto no prato ou não fosse servida na louça de barro de Porches e a sopa levada à mesa na Tarrina, a terrina inspirada no tarro alentejano – o tacho de barro e cortiça do Projecto TASA, e sob a supervisão do chef algarvio Bruno Viegas. E sem esquecer as sobremesas, feitas a preceito: Torta de laranja com alfarroba e sopa de morangos com parfait de manjericão.
O generoso arroz de tamboril à algarvia
A somar à marisqueira está o Raw Bar com ceviche e carpaccios para apreciadores. Tudo boas razões para um repasto descontraído ao ar livre, mesmo à beira da piscina maior do Anantara Vilamoura, ao longo da qual estão dispostas espreguiçadeiras e camas com dossel, onde é possível degustar os petiscos mais leves do Palms Pool Bar. Para acompanhar, António Lopes desenhou uma lista de vinhos, sobretudo de brancos de produção nacional, mas também de fora de portas (França, Itália, Espanha, Áustria, Alemanha, Nova Zelândia e Argentina), além dos rosés, dos espumantes e dos champanhes, dos tintos, do Vinho do Porto, dos fortificados e das colheitas tardias.
O conceito da partilha é inerente ao Anantara Bar and Lounge
Por sua vez, o Anantara Bar and Lounge foi criado sob o pretexto da partilha na companhia de um copo de vinho ou de uma cerveja artesanal algarvia, no lounge do hotel ou na varanda contígua. Daqui a piscina das palmeiras e o campo de golfe saltam à vista.
O irresistível cheesecacke do almoço
Para terminar, a tradição ainda é o que era: Aguardente de medronho ou licor de medronho? É escolher.
A experiência gastronómica continua no restaurante Victória, com reserva marcada para o pequeno-almoço com produtos da região, desde queijos a compotas, passando pelo pão, os doces e a fruta, e demais sugestões saudáveis, para começar bem o dia, no interior ou no exterior, bem perto da pequena horta com ervas aromáticas. À noite, as portas do Victória abrem de novo para o buffet composto por produtos locais, da terra ao mar.
Emo, o ousado restaurante vínico
O espaço tem uma decoração requintada e minimalista, onde as mesas estão despojadas de toalha
Porque a gastronomia contempla o legado de Baco, o Emo assume-se como um restaurante vínico, no qual o chef Bruno Viegas e o wine guru António Lopes criaram, em conjunto, um menu que assenta na cozinha da região, assim como no património de um país no prato em comunhão com uma carta de vinhos com néctares do Velho e do Novo Mundo, os quais abrangem uma seleção de mais de 300 vinhos portugueses.
Para começar o repasto, é servido o pão de chouriço em massa dumpling cozida ao vapor, seguido da dupla tradicional melão com presunto – este com 24 meses de cura – e broa de milho tostada, acompanhado pelo Hess Collection Chardonnay 2014 cuja parte fumada da madeira combinou bem com o sabor do presunto que, por sua vez, prolonga o sabor do vinho na boca.
Para a vieira corada com dip de abacate, molho teriyaki, de sabor agridoce, e alga dulce, António Lopes escolheu o Vale da Capucha, para combinar com a salanidade do bivalve e a acidez do teriyaki.
Robalo corado, puré de ervilhas com hortelã, ervilhas frescas e vagem de ervilhas e coulis de coentros
Quinta da Penseira tinto 2002, um Dão de Silgueiros feito a partir das castas Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz que “está cheio de fruta”, segundo o Wine Guru do Anantara, e que acompanhou – e muito bem – o robalo corado, puré de ervilhas com hortelã, ervilhas frescas e vagem de ervilhas e coulis de coentros.
Black Angus, batata fondant com pimentão de la vera, puré de alho e presunto, chalotas e demi glace
Colomé 2013, um vinho de altitude feito a partir de um blend de castas provenientes de vinhas de cima e de baixo. “Está quase em sub-maturação”, afirmou o nosso anfitrião que elegeu este vinho da Argentina para o prato de Black Angus, batata fondant com pimentão de la vera, puré de alho e presunto, chalotas e demi glace (molho commumente usado em pratos de carne) e vinagre de vinho tinto – uma harmonização de truz!
Na pré-sobremesa reinaram os sabores cítricos do creme de laranja, do calamansi – o limão verde das Filipinas – e gel de laranja sanguínea num frente-a-frente com merengue, sorbet de erva príncipe e framboesas. Para a sobremesa de chocolate, António Lopes escolheu um Quinta dos Pesos de 1999, um fortificado de Carcavelos que não deixou ninguém indiferente e conferiu um paring de truz.
Bruno Viegas, o chef de cozinha do Anantara Vilamoura
Assim, no segundo piso do Anantara Vilamoura, com o campo de golfe a cobrir a paisagem de um verde infinito e uma decoração intimista, e ornamentada pelas fotografias de Adelina Lopes, a degustação acompanha a tranquilidade do mais ousado restaurante do hotel cuja cozinha é da responsabilidade Bruno Viegas que, em 2000, concluiu o curso de cozinha e pastelaria da Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve passando, depois, pelo Ria Parc Hotel & Rsort, em Vale do Lobo, pelo The Lake Spa, dos Blue & Green, em Vilamoura e, finalmente, pelo Tivoli Victória, agora Anantara Vilamoura. Sobre o seu trabalho, o chef realçou a importância do trabalho de equipa e dos projectos que o Anantara espera apresentar a médio prazo, com ênfase nas mudanças da cozinha do Ria, as quais irão registar-se para o ano de 2018. Entretanto, e já depois da época de veraneio que se avizinha, será reforçada a formação vínica, com visitas previstas aos produtores da região durante a vindima ou logo após esta época, com o objectivo de “assimilarmos mais conhecimentos, de sabermos mais sobre a matéria do vinho”, adiantou o chef algarvio, “ou não fosse o Emo o restaurante vínico do hotel”.
Quem quer saber mais sobre vinho?
Nós. Foi o que fizemos, desta feita, com o wine guru – o escanção – António Lopes que, gentilmente, preparou uma masterclass sobre as diferenças entre o Novo e o Velho Mundo no âmbito dos vinhos. Na realidade, “cada masterclass é adaptada ao cliente, é um momento tailor made”, explicou enquanto fazia a introdução da temática partindo, depois, para o que distingue cada uma das partes desse universo cada vez maior e mais vasto.
Loimer branco 2014, um vinho biodinâmico feito a partir da casta Grüner Veltliner; The Hess Collection Chardonnay 2014, colheita de Donald Hess proveniente de Napa Valley, na Califórnia, Estados Unidos da América; Gran Araucano Cabernet Sauvignon 2011, do Chile, do empresário e produtor francês François Lurton; e Château Respide-Medeville Graves 2010, um tinto de Graves, Bordéus, da produtora Julie Gonet-Médeville
Em prova, estiveram quatro vinhos que nos fizeram viajar de Langenlois, na região de Kamptal, Áustria, a Napa Valley, na Califórnia, Estados Unidos, e de Colchagua Valley, no Chile, para Bordéus, França, desta vez, com o propósito de analisar o comportamento da casta francesa Cabernet Sauvignon em cada um desses “mundos”.
Mas o papel do wine guru no Anantara Vilamoura não fica por aqui. Além das masterclasse e das sessões de degustação, o escanção de 29 anos, natural de Penacova, Coimbra, organiza visitas privadas a vinhas locais e poderá acompanhar o Dining by Design, um jantar exclusivo com mordomo a ter lugar na suite presidencial, no campo de golfe contíguo ao hotel, no deck da piscina da cascata ou no terraço do Emo.
Relaxe. Está de férias!
A piscina do Spa Anantara
Continue com o trabalho em modo “pausa”. Suba ao recém-renovado Anantara Spa, ao topo do Anantara Vilamoura Algarve Resort, eleja uma das cinco massagens em lista ou uma das três terapias e relaxe face a ancestrais rituais de Ayurveda e deixe-se envolver nos aromas à base de produtos regionais, como citrinos, figos e amêndoas. A recomendação? Anantara Signature Massage. Depois desfrute de uma sessão de ioga ou tai chi ao r livre, no imenso terraço que circunda parte do Spa, onde o olhar toca no horizonte traçado pelo Atlântico.
Se o objectivo é manter a rotina, faça-se ao ginásio, aberto 24 horas, com serviço de personal trainer e um court de ténis de piso rápido. Vá até à piscina Cascades, exclusiva para adultos, onde o Cascades Pool Bar apresenta uma seleção de pratos do menu Ria que, a partir de 1 de Junho, podem ser acompanhados de champagne, enquanto a pequenada se diverte no Kids Club que, em parceria com a Worldwide Kids Company, inclui boas novas: O Adventurers Crèche e o Adventurers Kids Club. Ambas as valências dispõem de actividades adequadas a cada faixa etária, incluíndo acções artísticas, aulas de culinária, cinema ao ar livre, safaris e muito mais. Para os adolescentes, o hotel desenvolveu o The Hub e clínicas de golfe, além de academias de futebol e de dança. Ou prepare a aula de golfe no Oceânico Victoria com o golfe guru Tomás Carlota, a qual é preparada de acordo com o grau de dificuldade – ou facilidade – de cada hóspede.
O campo de golfe Oceânico Victoria visto do Anantara Bar and Lounge
Eis o Anantara Vilamoura Algarve Resort, paraíso na terra onde se quer dar a conhecer a autenticidade da gastronomia regional e do país, património que se quer ver enaltecido à mesa de cada restaurante a par com a cultura dos produtos locais. Agora é ir e desfrutar. Boa viagem! •