A história começa em 2009, quando Luísa Sarmento Botelho viu a propriedade pela primeira vez, um “amor à primeira vista” que, em oito anos, tem conquistado cada vez mais quem, de dentro de portas e além fronteiras, procura a tranquilidade em estado puro, acabando por inaugurar uma nova ala.
Os burros são o rosto desta unidade de turismo rural de luxo a dois passos da Costa Vicentina
Após o telefonema a anunciar a nossa chegada, o portão de madeira, com o logótipo da cara de um burro, abre-se. Do lado de lá, há que percorrer uma estrada curvilínea de terra batida até ao conjunto de casas que compõem a Teima SW, unidade de turismo rural em São Teotónio, no concelho de Odemira, Sudoeste alentejano, eleito o Melhor Turismo Rural de Portugal na edição de 2017 da BTL.
Cada recanto convida a ficar, graças à conquista contínua da tranquilidade típica do Alentejo que tão bem nos faz
Estacionamos o carro e já o aroma da alfazema em comunhão com os restantes cheiros apaziguadores do campo se fazem sentir ou não estivesse este pequeno paraíso tão bem integrado numa paisagem onde a intervenção do Homem é quase nula.
No meio do silêncio ouve-se o coaxar da rã, habitante reservada q.b. do pequeno lago com peixes disposto em frente à entrada da recepção. O único vestígio do tempo em que houvera ali uma casa recuperada em 2015 para o efeito e prolongada, na mesma altura, para albergar a cozinha, a sala de pequenos-almoços, um terraço tentador, quatro quartos contíguos, e um alpendre independente perfeito para pôr a conversa em dia ao luar.
As telas do designer gráfico Ricardo Tadeu Barros encontram-se sob o leito de cada quarto e suite da Teima SW
Coral, Turquesa, Tangerina e Lima são os tons dominantes de cada aposento e, por isso, o nome próprio de cada um. O acesso a cada um é feito ao ar livre, pelas traseiras desta ala assinada por uma dupla de arquitectos italianos cujo projecto se baseou na construção das casas típicas do Alentejo.
A decoração dos interiores, confortável, requintada e pensada ao detalhe, desde a cama aos objectos ornamentais, conta com o bom gosto de Luísa Sarmento Botelho, a proprietária a Teima e anfitriã, e são subordinados a cada tom escolhido, sem que se recorra ao mobiliário feito em série. Pelo contrário, só há espaço para peças de madeira concebidas especialmente para este unidade de turismo rural, sobretudo as que são desenhadas e executadas por Mircea Anghel, do Estúdio Cabana.
Nas boas-vindas há sempre um pequeno lanche composto por smoothie ou chá, bolo caseiro e fruta da época, para apaziguar a alma após a viagem.
A casa, outrora de família é, hoje, um espaço destinado aos hóspedes da propriedade
Do lado de fora, cada quarto possui um pequeno terraço com espreguiçadeiras convidativas e vista para o campo e para a piscina rodeada de espreguiçadeiras e pufes, em frente à qual está a primeira casa construída neste monte de 7,5 hectares e adquirido em 2009. “O meu marido queria muito uma propriedade no Alentejo”, revela a anfitriã que, na altura, insistiu que a mesma fosse o mais perto possível da Costa Vicentina. “Quando vi esta propriedade, adorei! Apesar de ser só mato, disse logo que era esta”, enaltece, acabando por a baptizar de Teima, “pela teimosia, para que fosse comprada esta propriedade”.
Feita de pedra e projectada de forma a respeitar a matéria-prima da região e o enquadramento paisagístico, a casa estava destinada, no início, apenas para as férias da família. Mais tarde, em Maio de 2014, dois dos aposentos foram transformados em quartos de hóspedes. “Não tinha qualquer experiência”, confessa Luísa Sarmento Botelho quandolhe perguntamos de já tinha trabalhado nesta área do turismo. Mesmo assim aceitou o desafio e aventurou-se numa nova vida bem longe da movida de Lisboa.
A suite Água é um dos três novos espaços deste turismo rural inaugurados em Maio de 2017 (© foto gentilmente cedida por Teima SW)
Um ano depois, o número de quartos aumentou para seis e, em Maio de 2017, foram inauguradas as suites Água a Amber, ambas com lareira, e o quarto Cinza. Ideias para famílias, esta tríade replica o bom gosto e a sensibilidade de Luísa Sarmento Botelho no que toca à decoração de interiores, sem esquecer os pormenores primados pelo conforto, pela elegância e pela privacidade, já que cada quarto e suite tem um deck privativo com vista para a piscina e a paisagem quase selvagem da propriedade.
Os jumentos fazem parte da visita obrigatória à propriedade
A visita guiada continua na companhia da anfitriã, que nos encaminha para o local onde está protagonista do logótipo deste turismo rural de luxo tão bem guardado no coração da freguesia de São Teotónio: a Rosa. “A burra mirandesa que trouxemos do Norte”, diz-nos Luísa Sarmento Botelho, ao mesmo tempo que afaga os companheiros do jerico: Urze, Malmequer, Margarida, Alfazema e Violeta.
“A Violeta tem três meses. É a mais nova de todos”, e todos compõem o ramalhete que faz as delícias dos hóspedes mais novos, assim como dos pais, a quem a proprietária pede que acompanhem as crianças e avisa para para não se deixarem pisar pelos corpulentos, mas também pachorrentos, bichos que estão fechados num recinto devidamente cercado. Melhor ainda, no qual partilham com duas cabras malhadas mais reservadas. Mas há mais: quatro cães e dois gatos. Um sexteto de quatro patas que cumprem as regras implementadas pela dona – não entrar nos quartos.
O jardim é um dos espaços convidativos à preguiça
Daqui ao lago artificial são dois passos. Aliás, a passagem para o habitat dos burros e dos caprinos é feita ao lado da extensão de água, onde cerca de três dezenas de patos que coabitam com os passeios de barco e a meditação dos hóspedes, tinham acabado de recolher.
Em redor, o retrato da calmaria idílica da natureza é composto por um pinhal a perder de vista, pelas oliveiras e videiras junto à piscina, assim como, mais abaixo pelo pomar e pela horta.
Além do lago e da piscina, há praias ali bem perto, até porque o tempo de as (re)descobrir é uma virtude no Alentejo, assim como o receituário regional a apreciar. Luísa Sarmento Botelho faz questão de recomendar e marcar os restaurantes consoante o gosto de cada hóspede, o mesmo acontecendo com as caminhadas pela Rota Vicentina.
Cada hóspede escolhe, numa lista pré-definida, o que pretende para a primeira refeição do dia
Para quem preferir uma refeição leve é de convir informar com antecedência, pois tudo é preparado ao momento, como “o pequeno-almoço personalizado”. Para o efeito, a anfitriã criou uma lista com um horário pretendido e os produtos desejados para a primeira refeição do dia, a seleccionar com uma cruz. Depois de preenchida, a lista deverá ser deixada na mesa do terraço do quarto.
Na manhã seguinte, o dia começa com produtos frescos, preparados na hora e servidos com dedicação. Para quem optar pelo sumo da manhã é fácil: “Todos os dias temos sumos diferentes todos naturais, por causa das pessoas que passam aqui uma semana inteira.” Vale bem a pena desfrutar da merecida calma matinal bem longe da cidade.
As informação são para se solicitar através de info@teima.pt ou através do 96 16 22 39 ou do 929 18 10 38. Agora é ir. Boa viagem! •