O Artista subiu, este Verão, ao palco do n.º 9 da Rua das Portas de Santo Antão, no Largo do Regedor, em Lisboa. Desde então, as memórias de um célebre actor português tem vindo a ser partilhada com várias nacionalidades.
Enquanto nos Estados Unidos, a década de 1940, exibia os musicais no universo da sétima arte, em Portugal, o cinema celebrizava uma das mais célebres películas nacionais: o “Pátio das Cantigas” (1942). Entre os nomes em cartaz estava, precisamente, Vasco Santana (1898-1958), o outrora proprietário do edifício que, agora, é um hotel localizado no centro histórico da cidade de Lisboa.
Vizinho do Teatro D. Maria II, do Teatro Politeama e do Coliseu dos Recreios, Constituído por 16 apartamentos (T0, T1 e T2) e cinco quartos, o Artista remete para os consagrados anos de 40 e 50 do século XX. Por isso, não é de estranhar que as artes se convertam na temática deste aparthotel boutique, com a pintura e a escultura em grande destaque.
O mural da suite master O Atelier foi criado por Carlos Vieira
Em conformidade está o apartamento pensado em homenagem a Vasco Santana, onde o seu rosto está representado numa instalação feita com pregos. Esta foi produzida in loco por Carlos Vieira. No mesmo espaço encontra uma escultura alusiva ao momento em que Narciso (Vasco Santana) se dirige a um candeeiro de rua, no “Pátio das Cantigas”, para pedir lume. A peça é da autoria de Lourenzo Degl’innocenti.
O artista Carlos Vieira também é o criador do mural que ocupa uma das paredes do corredor d’ O Atelier, nome da suite master d’O Artista – o apartamento com dois quartos, ideal para umas férias em família. Aqui está uma viola que, apesar de ser uma das peças de decoração deste apartamento é devolvida, muitas vezes, à recepção do hotel.
O projecto de restauração do edifício tem a assinatura do arquitecto João Tiago Aguiar
Restaurado pelo atelier de arquitectura de João Tiago Aguiar, o edifício tem, o seu interior, a assinatura da madeirense Nini Andrade Silva. O conceito retrata a sofisticação das referidas décadas, com particular ênfase no estilo clássico de então. Este estende-se, por sua vez, a O Ato, o restaurante deste espaço hoteleiro, cuja cozinha está nas mãos do chef Pedro Almeida sob a supervisão do chef Miguel Laffan.
O telefone, disposto logo no hall d’ O Artista remete para esses tempos. Tal como o vermelho escarlate do papel de parede e o corrimão das escadas ou a cortina que “esconde” a casa de banho das senhoras, no piso térreo deste prédio. As peças de mobiliário e decorativas, e os candeeiros são uma mostra dessa luxuriante época vivida pelos artistas e demais nomes de uma sociedade amplamente associada ao apogeu do movimento cultural no país.
Cada detalhe remete para a época áurea das décadas de 1940 e 1950
Os roupeiros e os seus puxadores, bem como as torneiras e as louças das casas de banho espelham tão grandioso glamour celebrado com ostentação máxima primada pelo conforto. Sem esquecer que cada apartamento tem uma kitchnet devidamente equipada e preparada para o pequeno-almoço.
Por isso, todas as manhãs é deixado pão quente na porta. No frigorífico e sob a bancada da cozinha estão os restantes produtos indispensáveis para a primeira refeição da manhã – queijo, fiambre, manteiga, compota, mel, cereais, sumos, iogurtes, leite, café, tisanas, fruta. Ponha a mesa para dois ou com os pequenos, sente-se e sinta-se em casa, com o casario da baixa pombalina a servir de pano de fundo desta Lisboa singular. •