Por ocasião deste aniversário, falou-se da maturidade dos néctares desta propriedade vinhateira localizada no coração do Douro, da viagem vitivinícola que Sophia Bergqvist fez até hoje e da homenagem a seu pai, Tim Bergqvist.
Sophia Berqvist, co-proprietária e gestora, e Jorge Moreira, o enólogo
“No Douro é tudo novo”, afirma Jorge Moreira referindo-se, sobretudo, aos vinhos brancos, os mais recentes néctares do portefólio da Quinta de la Rosa, no início da prova. Enólogo, desde 2002, desta propriedade vinhateira centenária localizada na vila do Pinhão, em plena Região Demarcada do Douro, começa com o La Rosa Reserva branco 2010. Feito a partir da casta duriense Viosinho e de vinhas velhas situadas em zonas mais altas – que “não são boas para as uvas tintas” e “onde os solos são arenosos e graníticos” –, este branco é a prova de que “os vinhos do Douro podem envelhecer ganhando maturidade”. A vantagem está inerente no conjunto de condições que o Douro oferece aos seus néctares, em particular aos brancos.
A mesma fórmula, ou seja, as mesmas variedades de uva foram utilizadas na feitura da colheita de 2014 do La Rosa Reserva branco. Por isso, a conclusão de Jorge Moreira converge numa só: “os vinhos do Douro são muito exuberantes, muito expressivos.” Por sua vez, a vindima de 2017 decorreu sob temperaturas altas. Ao contrário do que o enólogo estava a prever, o La Rosa Reserva branco deste mesmo ano (€11) “mostra-se maduro, exuberante”, afirma.
A vindima precoce, em 2017, também contemplou a colheita das uvas tintas. “Foi a primeira vez, desde 1996, que festejei o 5 de Outubro”, declara Jorge Moreira em tom de brincadeira. Deste lado da lista está o La Rosa tinto 2017 (€10) feito a partir de Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Sousão e vinhas velhas. Segundo o enólogo, “este vinho é o coração da la Rosa”. Em contrapartida o La Rosa Reserva tinto 2016 (€28), com Touriga Nacional e mistura de castas provenientes de vinhas velhas, é um vinho mais fresco quando comparado com o anterior. Além da frescura – característica muito apreciada pelo enólogo –, Jorge Moreira aponta a combinação da elegância com a acidez como principais neste néctar.
Quinta de la Rosa Vale do Inferno 2015 foi o último em prova. Baptizado com o nome da emblemática vinha plantada antes da I Guerra Mundial, este tinto reflecte todo o carácter de um vinho do Douro.
O antes e o depois do Vinho do Porto
Vinhos à prova, entre os quais está o Quinta de la Rosa Vintage Porto 1988, o primeiro Vinho do Porto produzido com marca própria
A prova vínica corroborou com o objectivo de Sophia Bergqvist, a co-proprietária e gestora da Quinta de la Rosa: mostrar o potencial de guarda dos seus vinhos. Por outro lado, sublinhou a importância de voltar ao passado no que ao trabalho na vinha diz respeito. Ou seja, as vinhas recentemente plantadas nesta propriedade vinhateira, são-no de acordo com o que era feito antigamente, no Douro: com base no saber empírico.
Deste conhecimento obtido através da prática nasceu a produção do Vinho do Porto, com o qual a família de Sophia Bergqvist “sempre teve uma grande ligação”. Este negócio começou em 1815 e prosseguiu na Quinta de la Rosa, oferecida como presente de baptismo, em 1906, a Claire Feuerheerd, avó de actual proprietária. Desde então e até meados da década de 1930, Albert Feuerheerd – pai de Claire – investiu na vinha e na produção de Vinho do Porto.
Após o seu desaparecimento, a empresa que geria este negócio foi vendida, mas a Quinta de la Rosa permanece nas mãos da família. Em finais da década de 1950, Claire Feuerheerd inicia a venda da sua produção a duas casas durienses: a Sandeman e a Croft.
No início dos anos 70, a matriarca morre sucedendo-lhe o seu filho, Tim Bergqvist que, em 1988, “quis enaltecer a Quinta de la Rosa com a produção de Vinho do Porto com marca própria”, destaca Sophia Bergqvist, desafiando-a. “Foi uma viagem incrível” desde o momento em que deixou o seu trabalho para o acompanhar nesta aventura que perdura no tempo. “Eu tinha uma forte ligação com o meu pai!”
Sempre com a filha a seu lado, Tim Bergqvist também viu nascer o projecto associado à criação do vinho de mesa. O apoio do enólogo australiano David Baverstock está indissociável a esta nova etapa da Quinta de la Rosa que, deste modo, se tornou uma das pioneiras neste negócio no Douro.
“Ele era mais do Douro do que eu”, diz Jorge Moreira referindo-se ao pai de Sophia Bergqvist e às histórias que contava acerca das aldeias da região.
O primeiro Tawny de 30 anos
Quinta de la Rosa Porto Tawny 30 anos para o brinde
O desafio apresentado por Sophia Bergqvista a Jorge Moreira deu origem ao protagonista do brinde da ocasião: Quinta de la Rosa Porto Tawny 30 anos (€60). O Vinho do Porto que celebra os 30 anos da nova era da Quinta de la Rosa, isto é, desde a produção deste néctar com marca própria. Como manda a cartilha, a fermentação foi feita com pisa a pé em lagares de granito, seguindo-se o estágio em balseiros antigos. Já o engarrafamento e o armazenamento tem lugar no Douro, ao contrário do procedimento das outras casas ligadas à produção de Vinho do Porto.
De acordo com a definição atribuída a um Tawny, este néctar resulta da mistura de vinhos do Porto com uma idade média de três décadas.
Quinta de la Rosa Porto Vintage 2016 (€50) – feito a partir de vinhas velhas, além das castas Touriga Nacional, Touriga Franca e Sousão, provenientes dos patamares mais antigos desta propriedade vinhateira – é um Vinho do Porto “intenso e sedutor”, nas palavras de Jorge Moreira
Tim Grande Reserva branco 2015 foi o vinho que deu início ao jantar dos 30 anos da nova era desta propriedade vinhateira
Vinho do Porto à parte – por momentos –, o jantar começou com Tim Grande Reserva branco 2015 (€40). Este néctar, feito com Viosinho, Gouveio e Arinto, foi criado em homenagem ao pai de Sophia Bergqvist, ao homem visionário que revolucionou a Quinta de la Rosa com o regresso à produção de Vinho do Porto e a feitura de néctares de mesa. “É um vinho branco muito especial que Jorge Moreira decidiu lançar, só agora, no mercado”, informa Sophia Bergqvist, a filha a quem o pai deu ouvidos sendo, por essa razão, considerada uma verdadeira mulher do Douro.
Brindemos! •