Estes vinhos são um caso sério!

Um é feito a partir da casta Loureiro, que estagiou em barrica usada o tempo necessário para a “construção” de um néctar especial. O outro, composto por quatro variedades de uvas tintas, denota frescura nas notas de prova. O nomes? Maria Bonita Loureiro Barrica 2017 e Quinta do Bronze tinto 2015.

Maria Bonita Barrica Loureiro 2017, um branco da Região Demarcada dos Vinhos Verdes

“Acho que o Loureiro pode ser uma grande casta.” As palavras são de Francisco Baptista, enólogo da Lua Cheia em Vinhas Velhas, grande defensor das castas brancas, referindo-se a Maria Bonita Loureiro Barrica 2017. Além do trabalho feito na vinha, de 34 hectares, situada em Barcelos, onde o papel desempenhado pelo viticultor é da maior importância, foi preciso intervir na adega. A verdade é que o enólogo queria fazer um vinho diferente. “Queria dar-lhe volume de boca e mais estrutura”, daí ter aproveitado as barricas “muito usadas” no Douro, onde fermentou e estagiou por oito meses. 

Porque “primeiro fazemos os vinhos. Só depois é que pensamos na marca e na imagem”, segundo o empresário Manuel Dias, um dos fundadores do projecto Lua Cheia em Vinhas Velhas. Aqui entra em cena Rita Rivotti. A reconhecida designer no mundo dos vinhos, inspirou-se na mulher da década de 1930, para desenhar o rótulo do Maria Bonita Loureiro Barrica 2017, com um rosto mais estilizado.

Com este néctar, Francisco Baptista recomenda pratos de peixe e marisco.

Quinta do Bronze tinto 2015 é um vinho de origem duriense

Depois da Região dos Vinhos Verdes, entramos na mais antiga região vitivinícola demarcada do mundo através da Quinta do Bronze tinto 2015, propriedade localizada em Vale de Mendiz, Pinhão, na sub-região do Cima Corgo, Douro vinhateiro, a 350 metros de altitude, virada a Nascente. O nome está associado à “tonalidade do xisto”, justifica o enólogo. Mas há, ainda, as ruínas de um imóvel datado de 1823, onde se encontram “lagares em xisto e prensas antigas” continua. As vinhas somam, por sua vez, 15 hectares. Destes, apenas um está ocupados por videiras com mais de cem anos e “está a ser recuperado”. Quanto ao néctar, é de salientar as castas com que é feito: Touriga Nacional, Touriga Franca, Sousão e Tinto Cão. 

Ao contrário do que acontece com os vinhos com estas variedades de uva, este Quinta do Bronze tinto 2015 – cujo rótulo ostenta a simbologia que remete para a Idade do Bronze – revela uma maior frescura do que o habitual também devido à exposição solar em que se encontra a vinha. Francisco Baptista recomenda a sua harmonização com pratos da cozinha tradicional do nosso país e queijos intensos.

Mas este projecto, iniciado no Douro, em 2009, e seguido pela região dos Vinhos Verdes, em 2010, bem como pelo Alentejo, em 2013 e pelo Dão, em 2015, o próximo passo será, inevitavelmente, a Bairrada. “Vamos para a Bairrada para fazer Baga”, assegura Francisco Baptista. Cá ficamos à espera.

+ Lua Cheia em Vinhas Velhas
© Fotografia: João Pedro Rato

Legenda da foto de entrada: Manuel Dias, o empresário, e Francisco Baptista, o enólogo

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