Há quem diga que os gostos não se discutem. Mas se o fizéssemos na companhia de um bom néctar, as conversas dariam, certamente, “pano para mangas”! Eis o desafio para este Verão: experimentar, saborear, partilhar e harmonizar as refeições de copo na mão. Quem alinha?
Região Demarcada dos Vinhos Verdes
Élio Barreiros “pegou” na Alvarinho, a casta rainha da sub-região de Monção e Melgaço, e desenhou este QM Alvarinho 2018 (preço sob consulta). As características desta variedade de uva conferem a sua identidade a este vinho que, servido à temperatura entre os 10° e os 12° C, combina na perfeição com pratos de peixe, marisco, carnes brancas, aves, queijos ou charcutaria. Ou, simplesmente, na companhia de bons amigos. A Quintas de Melgaço , projecto fundado por Amadeu Abílio Lopes, reúne mais de 530 pequenos e médios produtores desta sub-região da Região Demarcada dos Vinhos Verdes. Este ano, celebra o seu 25.º aniversário, motivo pelo qual decidiu renovar a sua imagem e posicionamento, tarefa que esteve nas mãos do Atelier Rita Rivotti – Wine Branding & Design. A primeira intervenção foi no logótipo, passando pelas garrafas e, posteriormente, nos rótulos, trabalho que englobou um total de nove referências vínicas.
A Casa de Vilacetinho , localizada em Alpendorada, no concelho de Marco de Canaveses conta, pela primeira vez, com a casta Alvarinho colhida nas vinhas novas desta propriedade localizada na sub-região de Amarante, na Região dos Vinhos Verdes. Esta variedade de uva foi a eleita para a fórmula do Grande Escolha 2018 (€6,20), o néctar eleito para ser feito com o melhor lote de cada ano. Por sua vez, a Avesso, casta conhecida como porta-estandarte deste produtor, faz parte do Avesso Superior 2017 (€9,50), definido como o vinho embaixador desta casa com 30 hectares de vinha e que já vai na oitava geração. Este néctar, apesar de jovem, é fresco, estruturado e profundamente gastronómico.
Do solar renascentista, dos lagares e da capela restam as ruínas, um verdadeiro miradouro com vista para o vinhedo de 18 hectares distribuídos pela chamada Quinta de Covela . É nesta propriedade localizada em São Tomé de Covelas, na sub-região de Baião da Região Demarcada dos Vinhos Verdes, que são vindimadas e vinificadas as castas para o Covela Escolha branco, desta feita, da colheita de 2013 (preço sob consulta), feito a partir da casta típica da região, a Avesso, e da francesa Chardonnay. Esta dupla, escolhida pelo enólogo Rui Cunha, confere mineralidade, frescura e equilíbrio na boca, sem esquecer a elegância, factor determinante no vinho. Perfeito para harmonizar com pratos de peixe e marisco. A quinta, de 45 hectares, dos quais 18 são ocupados pela vinha, foi adquirida, em 2011, por Marcelo Lima e Tony Smith.
Paço de Teixeiró Avesso 2017 (€15) é um branco da Região dos Vinhos Verdes. A casta, autóctone, foi vindimada na Quinta de Paço de Teixeiró e denota uma frescura muito peculiar que combina bem com a peixe grelhado, marisco e sushi, três exemplos que rimam com o que tanto apetece nos dias quentes de Verão. A propriedade, localizada na freguesia de Teixeiró, na sub-região de Baião, pertence à casa Montez Champalimaud cujos primeiros registos remontam ao século XIV. A gestão deste negócio familiar está, actualmente, nas mãos de Miguel Mendia Montez Champalimaud e a enologia entregue a Lourenço Charters Monteiro.
Região Demarcada do Douro
Touriga Nacional, Tinta Roriz, Rufete, Tinto Cão. Eis as castas deste Assobio rosé 2017 (€7,49) vindimadas em parcelas localizadas a cotas elevadas, nas encostas íngremes da Quinta dos Murças , situada no coração da Denominação de Origem Protegida do Douro, em Covelinhas, Peso da Régua. O vinho foi desenhado na adega desta propriedade vinhateira pelos enólogos David Baverstock e José Luis Moreira da Silva. Elegante, delicado, fresco e com uma acidez equilibrada, revela-se gastronómico, daí que se torne uma boa companhia à mesa. Harmonize com ceviche de sarda ou cavala ou muxama de atum. A Quinta dos Murças foi adquirida, em 2008, pelo Esporão que, em Setembro de 2018 abriu as portas da sua unidade de enoturismo instalada na casa principal, com cinco quartos, datada do início do século XIX e restaurada com base no traço do arquitecto João Botelho. O design de interiores ficou nas mãos de Ana Anahory e Felipa Almeida, do atelier AnahoryAlmeida, que se inspiraram no estilo britânico muito marcado na maioria das casas do Douro.
A aptidão gastronómica do Couquinho Superior branco 2018 (€12) faz deste vinho uma referência para o Verão. É feito a partir de vinhas velhas, com a predominância de três castas típicas do Douro – Rabigato, Viosinho e Gouveio – vindimadas à mão em três terroirs distintos que, no seu conjunto, conferem-lhe um perfil de frescura, graças ainda ao trabalho da equipa de enologia composta por Vítor Rabaçal e João Brito e Cunha. Prepare, por isso, uma caldeirada de peixe, marisco ou um caril para o acompanhar. Sirva-o, porém, entre os 8° e os 10° C. A Quinta do Couquinho , propriedade localizada no Vale da Vilariça, na sub-região do Douro Superior, é um legado, com dois séculos de história, da família Melo Trigo.
Dona Matilde branco 2018 (€9) é um vinho feito a partir de castas Arinto, Viosinho, Rabigato e Gouveio. As quatro variedades de uva tradicionais da mais antiga região demarcada conferem frescura e acidez a este néctar, características que combinam na perfeição com pratos leves tão apetecíveis nos dias quentes de Verão. São precisamente estes os atributos que a família Barros quer ver enaltecidos com base no património vitivinícola da histórica Quinta Dona Matilde , propriedade com 93 hectares localizada na margem Norte do rio Douro, a dois passos da barragem de Bagaúste, na sub-região de Cima Corgo. Assim, e apesar de ser produzido numa propriedade amplamente ligada à produção de tintos e de Vinho do Porto, o enólogo João Pissarra conseguiu comprovar, nesta 11.ª edição, que os brancos também têm potencial no Douro, mais concretamente nesta quinta. Outrora, chamada de Enxodreiro, passou para as mãos da família Barros, em 1927, com o empresário Manoel Moreira de Barros, fundador do grupo Porto Barros, a mudar o nome em homenagem à sua mulher, Matilde . Em 2006, a empresa é vendida, mas quis o destino que o neto, Manuel Ângelo Barros – hoje Director-Geral da empresa – comprasse a quinta e a “devolvesse” à família.
Em 2006, a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo decidiu apresentar as primeiras edições da gama vínica Pomares. Volvidos 13 anos, sugere três colheitas: Pomares branco 2018, Pomares Moscatel Galego 2018 e este Pomares tinto 2017 (€7,50). O vinho é elaborado a partir de Tinta Roriz, Touriga Franca e Touriga Nacional, castas tradicionais da mais antiga região demarcada do mundo. As três são provenientes de vinhas com mais de 25 anos. Elegância, taninos aveludados e textura gulosa são notas de prova que sustentam este tinto detentor de um perfil moderno. Acompanhe-o, este Verão, com carnes grelhadas numa refeição descontraída com amigos e em família. Sobre a propriedade vinhateira duriense com mais de 250 anos, a qual está nas mãos da família Amorim desde 1999 e onde a vinha, de 120 hectares, sobranceira ao Rio Douro, completa um cenário idílico no coração do Douro.
A dupla Marcelo Lima e Tony Smith também são proprietários da Quinta das Tecedeiras , situada em São João da Pesqueira, na sub-região de Cima Corgo, em pleno Douro vinhateiro, onde foram colhidas e vinificadas as uvas do Flor das Tecedeiras tinto 2016 (preço sob consulta). O vinho, desenhado igualmente por rui Cunha e feito a partir das castas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Barroca, Tinta Amarela e Tinto Cão, é fresco e sedutor, simultaneamente equilibrado, com uma frescura surpreendente e suave. Acompanhe-o com um churrasco numa noite de Verão ou uma pizza. Esta quinta deve o seu nome às freiras ali residentes e que se dedicavam à tecelagem do linho, outrora, cultivado na propriedade.
Ainda do Douro Superior, é dado destaque ao Cistus Reserva tinto 2015 (preço sob consulta), néctar primado pela frescura e a elegância que se deve, essencialmente, ao solo xistoso da Quinta de Vale Perdiz. Elaborado a partir das castas Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca, recomenda-se que seja servido à temperatura de 18° C. Perfeito para quem não dispensa um tinto mais sério nas noites menos quentes de Verão, para acompanhar pratos de carne, caça e queijos. Situada a escassos quilómetros de Torre de Moncorvo, a Quinta de Vale Perdiz integra a Quinta do Vale de Perdiz – Sociedade Agrícola, fundada por António Augusto Fernandes e composta por outras cinco propriedades. A enologia é da responsabilidade de Manuel Angel Areal e a gestão foi “herdada” por António Fernandes, filho do mentor desta empresa familiar.
A mineralidade, a frescura e os taninos aveludados adjectivam este Colinas do Douro Superior tinto 2016 (preço sob consulta), colheita composta por três castas bem portuguesas: Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinto Cão. As castas foram colhidas nos 105 hectares de vinha dos 476 de propriedade, soma pertencente a um conjunto de quatro quintas contíguas abrangidas pelo Colinas do Douro , projecto de Diogo Mexia – Engenheiro Agrónomo e Director-Geral –, e situadas na transição entre a região da Beira Interior e do Douro Superior. O trabalho de enologia desta e as restantes referências do Colinas do Douro é feito sob a supervisão de Jorge Rosa Santos. Destaque, ainda, para a edificação da adega, de 3500 metros quadrados, assinada pela dupla de arquitectos Eduardo Souto de Moura e Ricardo Rosa Santos, com inauguração prevista para o final de 2019. Será este o primeiro passo na vertente de enoturismo que, no futuro, será complementado com a reabilitação das ruínas locais.
Região Demarcada do Dão
Jovem e irreverente, divertido e descomplicado. Eis as características do Mélange à 3 tinto 2018 (€5,99), a boa nova da Quinta dos Carvalhais , propriedade vitivinícola localizada no concelho de Mangualde e pertencente, desde 1988, à Sogrape. A sua composição, feita a partir da mistura de três castas tintas bem portuguesas – Touriga Nacional, Tinta Roriz e Alforcheiro –, deve-se a Beatriz Cabral de Almeida, enóloga, que explica a escolha de cada uma das variedades de uva, desde a “intensidade aromática” da primeira; a “estrutura de boca” conferida pela segunda; e a “elegância e complexidade” atribuída, a este néctar, pela terceira. Bebamos!
Vinhos de Lisboa
Quinta do Gradil Alvarinho 2018 (preço sob consulta) é o primeiro vinho da Quinta do Gradil feito a partir de Alvarinho. A casta, plantada há quatro anos, e o processo de vinificação conferem frescura, persistência e mineralidade a este branco de veraneio. Por sua vez, a estreia é marcada pela entrada do enólogo Tiago Correia – ao lado de António Ventura – na adega e pela celebração do 20.º aniversário do empresário Luís Vieira à frente da Quinta do Gradil, data assinalada com a inauguração do Salão dos Marqueses de Pombal, instalado no Palácio dos Marqueses. A propriedade secular de 200 hectares está localizada no sopé da serra de Montejunto, em Vilar, no concelho do Cadaval. Além da adega, da capela, do palácio que protagonizam um enredo digno de ser ouvido, o enoturismo desta quinta inclui, ainda, um restaurante com uma cozinha muito associada aos vinhos por lá produzidos.
Região Demarcada do Alentejo
Adega Mayor Antão Vaz (€8,99) e Adega Mayor Verdelho (€8,99), ambos da colheita de 2018, compõem o ramalhete dos monocostas desta empresa familiar localizada em Campo Maior, no Alto Alentejo. A frescura é a característica maior destes brancos que combinam com os dias quentes da época balnear. Harmonize os dois néctares com peixe, marisco ou carnes brancas. Sobre a Adega Mayor , a história começa em 1997, ano da plantação das primeiras vinhas na Herdade da Godinha, a concretização de um sonho do Comendador Rui Nabeiro que, assim, dá os primeiros passos no mundo do vinho. Em 2006, Rita Nabeiro integra o grupo e, três anos depois é celebrada a abertura de portas da Adega Mayor, nascida do traço do arquitecto Álvaro Siza Vieira, o primeiro passo na vertente do enoturismo. Duas décadas depois, soma 100 hectares de vinha própria distribuídos pela Herdade da Godinha (dez hectares) – que já vai para o terceiro ano de conversão para biológica –, pela Herdade da Pina (15 hectares) e a Herdade das Argamassas (75 hectares), além dos cerca de 90 de vinha arrendada. Quanto à equipa de enologia, esta é composta por Rui Reguinga, consultor, Carlos Rodrigues e Bruno Pinto, ambos residentes.
Coelheiros branco 2018 (€10) e Coelheiros tinto 2017 (€10) são as mais recentes edições vínicas da Herdade de Coelheiros , localizada na aldeia de Igrejinha, no concelho de Arraiolos. O primeiro é feito com a casta Arinto, que proporciona elegância e uma acidez equilibrada, com um final prolongado, características que lhe conferem a particularidade de ser um néctar gastronómico. O segundo é composto pela Aragonês e a Alicante Bouschet, provenientes da Vinha do Taco e da Vinha da Sobreira, as mais emblemáticas desta propriedade alentejana, além de que é definido como um tinto com boa acidez, taninos maduros e bom corpo. Frescura é a especificidade partilhada pelas duas referências produzidas sob a orientação do enólogo Luís Patrão.
Antão Vaz, proveniente de uma vinha com cerca de quatro décadas, é a casta deste Quinta do Quetzal Família Grande Reserva branco 2014 (€65). O vinho, desenhado pelos enólogos Rui Reguinga, consultor, e José Portela, residente, é fresco, mineral e seco, perfeito para quem prefere um vinho que acicate o palato e faça companhia a um bom jantar com amigos. A gama Quetzal Família consiste em uma edição especial limitada resultante de castas vindimas em anos considerados excepcionais e são sempre apresentados em garrafas magnun. Para quem não conhece, a Quinta do Quetzal , localizada na Vidigueira, no coração do Alentejo, pertence ao casal Cees e Inge de Bruin. Ambos mantém, há mais de 40 ano, uma ligação profunda com o nosso país, paixão essa que é partilhada em família, e onde unem os vinhos à arte e à gastronomia, através de um centro de exposições instalado no mesmo edifício onde estão a loja e o restaurante cuja cozinha é chefiada por Pedro Mendes, na consultoria, e Jorão Mourato, em permanência.
O lote composto pelas castas Aragonês, Alicante Bouschet, Trincadeira e Touriga Nacional resulta num vinho fresco e macio, embora intenso, o Cortes de Cima Amphora tinto 2016 (preço sob consulta). O nome advém da utilização de ânforas na feitura deste néctar aliada a uma intervenção minimalista e à utilização de técnicas ancestrais. Relembramos que Cortes de Cima é, desde 1988, a propriedade alentejana de Hans e Carrie Jorgensen, localizada na Vidigueira, palco de provas vínicas, visitas e de eventos culturais. A esta somaram, dez anos depois, as vinhas da costa, situadas na Zambujeira Velha.
Vinha de São Lázaro Single Vineyard tinto 2015 (€25) e Vinha do Jeremias Single Vineyard tinto 2015 (€25) são duas referências alentejanas com a assinatura do reconhecido produtor e enólogo João Portugal Ramos. A primeira é feita a partir de Touriga Nacional e a segunda é composta pela casta Syrah vindimadas em vinhas emblemáticas homónimas de Vila Santa , propriedade histórica situada a dois passos da cidade de Estremoz. Ambos estão classificados de vinhos premium e são edições limitadas, cada uma, a três mil garrafas, além de que marcam o regresso de João Portugal Ramos aos monocastas, desta feita portuguesa e estrangeira, respectivamente.
Região Demarcada do Algarve
Villa Alvor Domus branco 2018 (preço sob consulta) é vinho feito com a dupla de castas Verdelho e Sauvignon Blanc. A mistura destas duas variedades de uva resulta neste néctar floral, frutado e fresco, bem ao gosto de muitos veraneantes. Sirva-o entre os 10.° e os 13.° C e harmonize com arroz de lingueirão, prato típico de terras algarvias, região de onde é proveniente, mais concretamente da antiga Quinta do Morgado da Torre, propriedade de 80 hectares, dos quais 13 são de vinha, situada entre a Ria de Alvor e a Serra de Monchique pertencente, agora, à Aveleda, empresa familiar da Região dos Vinhos Verdes. A história deste “casamento” começou com a descoberta do potencial do terroir algarvio. Segundo Martim Guedes, Administrador da Aveleda S.A., esta quinta reunia as condições para investir: “proximidade da costa atlântica (4,5 km em linha reta); está na zona de influência da Serra de Monchique, protegida pela sua sombra obtendo, assim, um clima mediterrânico ameno; e excelentes solos calcários. Além disto, a localização, em Alvor, tem óptimos acessos para potenciar o enoturismo. Assim, comprámos parte dos ativos da Quinta do Morgado da Torre e alugámos outros, ficando todos esses ativos dentro da Aveleda S.A..” Villa Alvor é constituída por três gamas distintas: Villa Alvor Colheita, Villa Alvor Singular e Villa Alvor Domus. A explorar!