Vinhos franceses para provar e comprar em Lisboa / Club des Châteaux

Diretamente do produtor ao consumidor, é o lema do Club des Châteaux, um espaço criado por várias vinícolas francesas que querem trazer para Lisboa o espírito das suas quintas a preços sem intermediários.

Criado em 2018, o Club des Châteaux nasceu da associação de seis produtores de vinho franceses, aos quais se juntaram posteriormente mais três. Têm em comum o facto de serem pequenos projetos familiares, autónomos e independentes, com vinhas próprias trabalhadas nos diversos terroirs das regiões demarcadas de França. Habitam em quintas ricas de história onde há castelos, construídos entre os séculos XI e XIX, onde em alguns casos é possível dormir ou simplesmente visitar. 

Xavier Boyreau

Xavier Boyreau, do Château Piron, de Bordéus, fundador e sócio do Club des Châteaux diz que para dar vida à ideia “procurámos outros produtores de vinho, em toda a França, para trabalhar juntos. Unir propriedades de Champagne, Anjou, Beaujolais, Gasconha e Bordéus (e em breve Alsácia, Jura e outros lugares), para oferecer vinhos diretamente das vinícolas, com a possibilidade de reencontros em viagens enoturísticas, esse é o espírito do Club des Châteaux: a França, como amamos, em Lisboa, com degustações de vinhos e momentos de convívio. Tudo diretamente do enólogo ao consumidor.”

Atualmente as vinícolas associadas ao Club des Châteaux são todas de França mas há a intenção de diversificar e procurar projetos com a mesma filosofia noutras paragens do globo, incluindo Portugal.

As vinícolas associadas ao Club des Châteaux são:

  • Château d’Arlay (Jura, século XI)
  • Château de Varennes (Beaujolais, século XI)
  • Château du Fresne (Anjou, 1436)
  • Château de Chamilly (Bourgogne, 1592)
  • Château Piron (Bordeaux, 1695)
  • Domaine Bernard Haas (Alsace, 1776)
  • Château Laballe (Gascogne-Armagnac, 1820)
  • Domaine Tour Saint Michel (Châteauneuf du Pape, 1930)
  • Champagne Bochet Lemoine (Champagne, 1948)

Com espaço próprio, aberto ao público no passado mês de julho, localizado no centro de Lisboa, próximo do Saldanha, é aqui que pretendem dar a conhecer as suas raízes e os seus nectáres. E Club é essencialmente dirigido aos portugueses e aos estrangeiros residentes em Portugal, para isso organizam regularmente diversos eventos como provas vínicas, conversas com o sommeliers ou o típico “sabrage”, técnica usada para abertura de garrafas de champanhe utilizando o sabre (espada com lâmina curvada). Já agora para quem não conhece, esta é uma técnica popularizada por Napoleão Bonaparte (século XVIII), quando o general e os seus soldados costumavam celebrar suas conquistas com garrafas de champanhe abertas com seus próprios sabres. As provas podem ser acompanhadas por diversos petiscos e queijos de origem francesa.

Prova de cinco vinhos da Borgonha

Uma das iniciativas do Club des Châteaux, que ocorreu no final de julho, foi uma prova de cinco vinhos da Borgonha de um dos associados, o Château de Chamilly, conduzida por Xavier Boyreau, sócio e fundador do Club des Châteaux, e por Bruno Firmino, chef sommelier da casa.

Châteaux de Chamilly

O Château de Chamilly é uma propriedade onde se produz vinhos desde 1592, localizada na Côte Chalonnaise, vinte minutos a sul de Beaune. Construído no século XVII por Noël Bouton (tenente-general dos exércitos do Rei Louis XIV, governador de Estrasburgo e marquês de Chamilly) sobre as fundações de uma fazenda fortificada do século XIV.

No início do século XIX, a família Desfontaine adquiriu o castelo e os terrenos em volta. De acordo com os registos históricos, a família Desfontaine produz vinho há 12 gerações. Hoje, o Château é gerido por Véronique, viúva de Louis Desfontaine, e pelos seus dois filhos, Xavier e Arnaud.

Cada uma das vinhas do Château de Chamilly tem a sua própria identidade, considerando a exposição ao sol, aclives e declives, muros circundantes e composição do solo. O trabalho é realizado da maneira mais simples e natural possível, limitando ao máximo o uso de quaisquer insumos. Cada vinha tem o seu próprio nome – Mercurey Clos la Perrière, Montagny 1er Cru ou Les Burnins –, as uvas são vinificadas, e o vinho é envelhecido e engarrafado em separado. O nome da vinha está sempre inscrito em cada garrafa.

Os cinco vinhos em prova foram todos monocastas, dois Chardonnay e três Pinot Noir.

DOC Montagny 1er Cru Les Burnins 2017 (100% Chardonnay)

Chardonnay produzido a partir de uvas oriundas das vinhas Les Burnins. O seu nome teve origem nos monges beneditinos que trabalharam arduamente neste terroir que para eles e para alguns amantes de vinho ainda hoje se considera de grande riqueza e beleza.

Fermentou e estágio em barricas de Borgonha. Filtração antes do engarrafamento.

  • Tipo de solo: Argilo – Calcário
  • Exposição: Sul 
  • Altitude: 290 a 310 metros
  • Casta: Chardonnay
  • Idade da Vinha: 40 anos
  • Área: 1,67 hectares 
  • Rendimento: 50 hl/ha
  • Produção média: 11.000 garrafas 
  • PVP: 22€

DOC Puligny Montrachet 1er Cru Sous Le Puits 2014 (100% Chardonnay)

Chardonnay feito com uvas da vinha plantada na aldeia de Blagny, o terroir mais alto de Puligny. Fermentação e amadurecimento em barris de Borgonha (228L) sem adição de leveduras. A fermentação malolática ocorre, geralmente, na primavera, a battonage é feita de acordo com a prova do enólogo. Envelhecimento de 12 a 16 meses. Produção apenas de duas a três barricas.

  • Tipo de solo: Argilo – Calcário e Calcário fino
  • Exposição: Este  
  • Altitude: 370 metros
  • Casta: Chardonnay
  • Área: 1,6 ha
  • Idade da Vinha: 80 anos
  • Produção média: 600 garrafas
  • PVP: 58€

DOC Bourgogne Côte Châlonnaise 2018 (100% Pinot Noir)

O primeiro vinho tinto desta prova é um Pinot Noir oriundo da sub-região Côte Chalonnaise.

Fermentação controlada por 12 dias, tendo uma pré-fermentação a frio de 3 a 5 dias, e remontagem duas vezes ao dia dependendo do processo de fermentação. Estágio de 12 meses em barricas em contacto com as borras.Vinho acessível e sem complicações que se pode beber já ou guardar até meia dúzia de anos anos.

  • Tipo de solo: Argilo – Calcário
  • Exposição: Sul-este
  • Altitude: 360 metros
  • Casta: Pinot Noir
  • Idade da Vinha: 40 a 70 anos
  • Área: 7,5 hectares
  • Rendimento: 45 hl/ha
  • Produção média: 45.000 garrafas
  • PVP: 12€

DOC Santenay 1er Cru Grand Clos Rousseau 2015 (100% Pinot Noir)

Pinot Noir 1er Cru Rousseau oriundo de uma vinha situada na fronteira de Santenay com Maranges.

Fermentação controlada por 15 a 19 dias em tanques de concreto, tendo uma pré-fermentação a frio de 3 a 5 dias. A remontagem do vinho é definida pela experiência degustativa do enólogo. Após um estágio de 6 meses em tanques de cimento, estagiou 16 meses em barrica em contacto com as borras.

  • Tipo de solo: Argila vermelha rica em ferro – Calcário Oólito
  • Exposição: Sul e Sul-este 
  • Altitude: 300 metros
  • Casta: Pinot Noir 
  • Produção média: 1.500 garrafas 
  • PVP: 34€

Corton Grand Cru Le Rognet 2017 (100% Pinot Noir)

Por último o único Grand Cru tinto da Costa de Beaune. A pequena quantidade produzida requer uma atenção e cuidado constante. Cerca de 50% dos cachos inteiros serão esmagados ligeiramente a mão antes da prensagem manual por uma tradicional prensa vertical. O envelhecimento é feito em barricas novas. Tenta-se preservar a qualidade da uva “Grand Cru” recorrendo aos antigos métodos de elaboração.

  • Tipo de solo: Argila-Calcário e Calcário Oólito
  • Exposição: Este e Sul-este   
  • Altitude: 270 metros
  • Casta: Pinot Noir 
  • Área: 0,3 ha 
  • Idade da Vinha: 60 anos
  • Rendimento: 35 hl/ha 
  • Produção média: 600 garrafas 
  • PVP: 78€

Em Portugal além da loja física do Club des Châteaux situada na Rua Actor Taborda, 43, Saldanha, em Lisboa pode adquirir estes e outros vinhos dos produtores do clube na loja online do Club des Châteaux e no marketplace VivaoVinho.Shop .

Um excelente ponto de partida para quem não conhece os vinhos da Borgonha e quem sabe um despertar para um dia ir conhecer as fantásticas paisagens e provar nas quintas os vinhos desta fantástica região situada no Centro Leste de França.

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© Fotografia: João Pedro Rato

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