O ano de 2020, ou ano que foi “o inverno do nosso descontentamento” (embora sem Ricardo III no horizonte), deixou-nos, a alguns, demasiado limitados, talvez bloqueados, às quatro paredes das nossas casas.
Contudo, se para uns o primeiro confinamento se tornou num inquebrável Criptograma interior, outros conseguiram, de certa forma, geri-lo como um nó górdio e ter Iluminações, como Adolfo Luxúria Canibal e Marta Abreu.
Em janeiro deste ano, já com um segundo confinamento a ser dado como certo, para nosso gáudio tínhamos em casa, em loop, um tal “Goela Hiante” que nos fez escrever uma breve nota, aqui na vossa Mutante, e dizer-vos bem alto: “Ó da Guarda! Ele[s] t[ê]m [um álbum]!”… com todo o respeito por Vladimir Maiakovski, claro.
Adolfo Luxúria Canibal e Marta Abreu surgiam com um trabalho original, pensado, gerado, gravado e editado no confinadíssimo 2020. Na altura, não resistimos a ter em mãos esse trabalho e em partilhar convosco o que devia e deve ser ouvido por todos – a reler aqui.
Para Adolfo Luxúria Canibal (com quem falámos aqui, a propósito do futuro da cena musical, que escusa quaisquer apresentações) e Marta Abreu (Mão Morta aquando do álbum “Primavera de Destroços” / 2001; Voodoo Dolls / 1994-1998; Cadeira Eléctrica / 2013-2016) o primeiro confinamento foi bem produtivo. Juntos, decidiram-se a divertir-se para seu digno e belo prazer e ainda deram a quem os seguia o prazer da partilha… Um iPad, um piano eléctrico, uma voz e um telemóvel. Foi terapia para “Todas as Ruas do Mundo”, foi saber usar e abusar do tempo que tinham em mãos, na novidade de uma nova realidade.
Agora, em pleno 2021, passados os confinamentos e com o regresso da cultura aos palcos físicos, desafiámos Adolfo Luxúria Canibal (ALC) e Marta Abreu (MA) para uma breve conversa a propósito do álbum “Goela Hiante” e da sua subida ao palco do Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV) – inserido no ciclo A Date Wtih Lux – neste mês de setembro.
Sem mais demoras, dois dedos de conversa com Adolfo e Marta, de goela bem hiante.
Curiosidade inevitável. Dois Cantoneiros num Camião, Duas Pessoas Giras num Mercedes, dois criativos numa casa.
Em que momento e como nasce esta profilaxia para vos ocupar o tempo que se tornou imenso (ou não) e se reiventarem na vossa criatividade?
ALC: Acho que foi de imediato. Quando no início do primeiro confinamento, ainda voluntário, quando todas as actividades começaram a ser canceladas e as pessoas se começaram a fechar em casa, por volta de 10 de Março de 2020, nós continuamos a sair e a fazer as nossas caminhadas e passeatas. No fim-de-semana de 14 de Março, já com toda a gente encerrada em casa, nós ainda fomos para o Gerês fazer trilhos de montanha com o nosso cão. E mesmo quando o recolhimento se tornou obrigatório, nós continuamos a sair todos os dias pelos campos à volta de casa, fazendo longas caminhadas de 6, 7, 10 km. Mas o tempo começou de facto a sobrar e sentimos uma grande excitação por parte de toda a gente a querer comunicar pelas redes sociais e a querer distrair-se mutuamente na clausura. Foi assim, para distrair os nossos amigos e conhecidos, que decidimos também pegar no que tínhamos por casa e fazer qualquer coisa. E foi assim que a 19 de Março publicamos um primeiro clip no meu Instagram e no Facebook da Marta, comigo a ler “O Poeta em Lisboa” do António José Forte e a Marta a criar uma ambiência sonora para essa leitura com um i-Pad, tudo gravado e filmado com o telemóvel. Depois continuamos ao ritmo de um clip por semana, logo ultrapassado por uma solicitação para criarmos vários clips para divulgação num programa literário específico de uma autarquia que teve um festival cultural cancelado, depois para participarmos em programações on-line de casas de espectáculos ou para entrarmos em festivais de música on-line que se começavam a organizar… E quando demos conta era Maio e tinha acabado o confinamento!
“A arte não é um espelho para reflectir o mundo, mas um martelo para forjá-lo”.
Agarrando na citação de Maiakovski, esse vosso exercício (creio que) profilático, ou catártico, poderíamos dizer que foi o forjar de uma desconhecida realidade (e sobreviver à mesma) onde o martelo foi a poesia e o cinzel a música?
MA: Sim, foi de algum modo uma maneira de me alhear. Passava horas no meu escritório com as aplicações i-Pad a descobrir sons e a experimentar combinações…
ALC: Foi de facto uma oportunidade para experimentarmos coisas que, de outro modo, nem sequer nos teriam passado pela cabeça. Não que não fizéssemos já leituras de poesia para outros fins ou brincadeiras com aplicações de sintetizadores para i-Pad ou i-Phone, mas nunca teríamos pensado em juntá-las e, sobretudo, direccioná-las para criar algo específico e coerente nem, muito menos, ousar mostrar o seu resultado através de meios tão grosseiros como um telemóvel e as redes sociais – só mesmo a inocência e a liberdade criadas pela vivência de uma situação tão completamente nova nos deram o ímpeto necessário para o fazer.
O streaming, o telemóvel em directo ou pré-gravado, no primeiro confinamento.
Digo-vos “salsicha e outros exorcismos” para entender se o streaming foi um exorcismo fácil de aceitar ou houve (sempre) a hesitação de uma certa certeza dos seus limites (que se vieram a comprovar)?
MA: Eu tive sempre alguma relutância, pois as condições técnicas de que dispúnhamos eram fracas e mesmo criativamente as soluções sonoras e rítmicas dos aplicativos usados eram muito limitadas, não havia assim tantas opções como gostaria. A partir de determinado ponto parecia que estava sempre a usar os mesmos sons…
ALC: Os limites dos meios eram evidentes, logo à partida, e o interessante foi também arranjar modos de ultrapassar e dar a volta a esses limites, incorporando-os no formato do objecto que estávamos a criar, os clips de poesia musicada. Tanto os inícios como os finais desses clips tinham de ser em fade-in e em fade-out para dar tempo ao ligar e desligar do telemóvel, as amplificações dos i-Pad tinham de ser colocadas a determinada distância do telemóvel, consoante o som utilizado, para não abafarem a voz, havia frequências graves que não podíamos usar porque o micro do telemóvel distorcia, etc., tudo condicionantes técnicas que acabavam por dar uma forma ao mecanismo de gravação e, consequentemente, aos próprios clips criados.
Como deixaram a esfera privada e passaram para a partilha com quem vos é próximo, e de seguida para um universo mais anónimo? Ou foi tudo quase simultâneo, sendo difícil precisar?
ALC: A ideia de origem foi logo de partilha, era esse o objectivo. A sua ampliação para além do círculo estrito dos nossos amigos e conhecidos é que nos apanhou desprevenidos, e aconteceu a partir desse círculo de divulgação inicial, quando nos começaram a pedir clips para divulgação por outros meios e para universos de destinatários completamente desconhecidos. A partir daí começou a ser trabalho e foi um trabalho agradável, que nos ajudou a preencher essas horas infindas do confinamento.
Se há casas onde impera o vazio literário, na vossa ouso crer que o livro se tornou endémico, de alto contágio, sem inoculação que vos valha.
Nas leituras, os textos foram saindo ao acaso (mesmo os saídos de cunho próprio) ou houve uma espinha dorsal que alinhou o estilo literário predominante?
MA: A escolha dos textos e dos poemas coube inteiramente ao Adolfo. Aliás, a primeira coisa que fizemos foi despoletada por um poema por ele previamente escolhido, “O Poeta em Lisboa”. Só depois é que o tema musical foi composto, já a pensar especificamente nesse poema e na sua estrutura. Nos temas seguintes já foi ao contrário, eu compunha ambientes sonoros e o Adolfo experimentava textos que lhe eram sugeridos pelos ambientes criados…
ALC: Nada é por acaso, desde logo o tipo de livros existentes nas prateleiras das estantes lá de casa. Há, já aí, uma coerência (espero eu) ditada pelo nosso gosto pessoal. Depois, os sons sacados pela Marta têm também a ver com o seu gosto e sensibilidade musicais. E quando a Marta me apresentava uma sonoridade ou um ambiente, eu procurava um poeta cujo universo aí se pudesse encaixar e depois um poema desse poeta que melhor fosse ao encontro dos sons criados. Encontrado o poema, depois trabalhávamos a estrutura do tema, de modo a que a ambiência sonora fizesse sobressair o texto e lhe desse um enquadramento sónico. Foi esta a espinha dorsal, o nosso gosto pessoal.
Face ao tempo que se vivia, e ainda se vive em parte, ganhando a certeza que ”Não há dúvida que o Paraíso está a tornar-se cada vez mais chato!” (Mário Henrique Leiria), o surrealismo e o futurismo eram o espelho dos nossos dias estranhos ou nada disto?
ALC: O surrealismo, com outras correntes da modernidade poética, faz parte do meu universo de preferências literárias. Não é um espelho, são modos profundamente subjectivos de olhar e apreender o mundo e nessa profundidade encontrarem uma verdade de outro modo difícil de alcançar, feita de associações inesperadas e de encontros imprevisíveis. São como viagens alucinadas ao interior de nós mesmos. É esta riqueza que me interessa na literatura, que nada tem a ver e tudo tem a ver com o quotidiano.
De todas as leituras, como se chega a uma restrita selecção de apenas nove textos para editar em disco? Há, na escolha, mais alguma entrelinha subjacente que nos escape ao ouvido?
MA: Gravámos o que tínhamos, não houve qualquer selecção.
ALC: Quando fomos para estúdio depois do confinamento, em Julho, já tínhamos feito uma actuação ao vivo, em streaming, e foram os temas apresentados nessa actuação, mais os temas dos clips, que começamos por gravar. Entretanto, em Setembro, estreámo-nos com um espectáculo ao vivo, em sala, que juntava os temas da actuação em streaming, os temas dos clips e ainda outros temas criados para a ocasião, com o objectivo de colmatar a necessidade de perfazer uma hora de espectáculo. E os nove temas que gravamos correspondem exactamente aos nove temas que interpretamos ao vivo nesse espectáculo, com a gravação dos temas em falta a ocorrer já em Outubro, no regresso a estúdio.
Esmiuçando, ainda mais fundo, nos autores. À parte dos escritos por mão própria, olhando para o cardápio profilático/ catártico que nos é oferecido – Forte, Ferlinghetti, Leiria, Damasceno, Castro, Maiakovski – temos o surrealismo, a contracultura, o futurismo. Que há nestes nomes que os tornou parte do escape do confinamento? Ou continuamos na pura escolha de um gosto pessoal?
MA: Nada, acho!
ALC: Sim, nada. A sua escolha nada teve a ver especificamente com o confinamento. Teve a ver exclusivamente com o gosto pessoal por cada um desses poetas, independentemente do contexto ou das correntes estéticas onde se inseriram, e do humor que me era transmitido pelos ambientes sónicos que a Marta me apresentava. De resto, estávamo-nos a dar muito bem com esse primeiro confinamento, parecia a concretização daquele devaneio romântico adolescente de um amor e uma cabana. Não sentíamos qualquer necessidade de escape!
A ida para estúdio e o gravar do disco, em julho de 2020, foi um passo inesperado, mas inevitável?
MA: Bem, eu fui para estúdio muito renitente, quase obrigada, porque achava que havia temas, daqueles que tínhamos apresentado ao vivo em streaming, que não estavam terminados, nem pouco mais ou menos, pois não se distinguiam sonoramente o suficiente de outros temas que tinham sido compostos para os clips. Também não tinha a certeza se os limites técnicos dos aplicativos gratuitos para telemóvel não ficariam escancarados depois de gravados em estúdio, se o som não ficaria demasiado fininho, coisas assim. Tudo preocupações que tinham razão de ser. Mas o facto de entrar em estúdio, e depois de ter de fazer um concerto ao vivo, obrigou-me a trabalhar e a encontrar soluções para colmatar essas fraquezas de composição e de escolha de sons que pressentia e, quanto aos limites técnicos dos aplicativos, o Ruca Lacerda foi incansável na procura de formas de dar corpo aos sons utilizados…
ALC: A reacção das pessoas que viram os nossos clips ou nos viram ao vivo em streaming foi tão positiva, houve tantas vozes a pedirem-nos que gravássemos o que estávamos a fazer, que achei que o encadeamento lógico seria gravar um disco. Não estava nos nossos planos, a coisa ganhava uma proporção que nunca nos passara pela cabeça, a Marta opunha-se veementemente, mas achei que valia a pena arriscar. E mais convencido fiquei quando, ainda em estúdio, começamos a receber convites para apresentar os nossos poemas musicados ao vivo e depois, quando começamos a tocá-los ao vivo, com a reacção profundamente emotiva que provocávamos nas pessoas. Infelizmente, quando parecia que tudo estava encaminhado para tomar proporções ainda maiores, com vários concertos agendados e um disco acabadinho de chegar da fábrica, em Janeiro é decretado o segundo confinamento. E tudo vai por água abaixo! Acho que foi o principal motivo para ter detestado o segundo confinamento…
Agora, num exercício non-sense, roçando talvez um dadaísmo, recordando quando “não se ouv[iam]m gritos nem guinchos de pneus”, convidariam algum destes autores para passar convosco o 1.º confinamento, para levar a estúdio a gravar convosco, e para albergar no vosso recanto no penoso 2.º confinamento?
MA: Eu chamaria sempre o Ferlinghetti, que na altura ainda estava vivo – só morreu a 22 de Fevereiro deste ano.
ALC: Eu não chamava nenhum, mortos ou vivos. Gosto do encantamento da distância, prefiro imaginar como é cada um mais do que do confronto com o seu ser real.
“Dou por mim a pensar que os computadores são a coisa mais importante que aconteceu aos músicos desde a invenção, há muito tempo, de cat-gut [cordas de fibra natural]”, Robert Moog.
Um iPad e um velho piano elétrico. A real solução possível ou intencional experiência sonora? O primeiro tornou-se uma ferramenta (quase) indispensável, na criação artística?
MA: Para mim, neste contexto, o i-Pad foi essencial, foi a solução possível. Mas se tivesse meios analógicos disponíveis, se calhar teria optado por eles. E se calhar não teria chegado a qualquer resultado satisfatório, porque a verdade é que as aplicações de sintetizadores e o piano eléctrico acabaram por me facilitar muito a composição. Como as aplicações para i-Pad são ferramentas muito intuitivas, para mim, que não tenho formação musical académica, a composição através dos aplicativos torna-se muito mais fácil. E sobretudo permite-me criar e somar diferentes camadas que, sozinha, consigo facilmente manobrar. Mas é apenas isso, mais fácil. Não é uma ferramenta indispensável na criação artística, é apenas mais uma ferramenta. Não está sequer ao nível do computador, que também não sendo indispensável, é muito mais incontornável no mundo da criação musical contemporânea.
O iPad – e o mundo informatizado – é um dos tais recursos infinitos, que o mesmo Moog nos fala, necessário à criação – cheio de cantos e recantos para explorar e arestas para limar – na produção musical?
MA: Não, é um recurso bem finito e limitado. O próprio som é limitado e a sua manipulação é muito condicionada. Não tem nada a ver com os sintetizadores que emula, é apenas um seu breve vislumbre.
Por fim, uma pergunta cliché-blazé, de todos os versos, palavras, textos… Como se chega ao retirar de Goela Hiante que “tão goela hiante que parecia traduzida em alemão antigo” para dar nome a este singular e viciante trabalho?
MA: Achei que o significado de goela hiante, e a própria sonoridade arcaica das palavras, tinha a ver com a fala crua, aberta, que era o cerne do que fazíamos. Expressava a nossa vontade de partilha com os outros, de gritar ao mundo para quebrar o confinamento e o isolamento a que nos limitávamos e que esteve na origem de tudo isto.
ALC: Quando a Marta surgiu com essa ideia de título para o disco, já numa fase bem adiantada da sua feitura, de imediato achei que era o bom título – e o título antigo passou logo à história! Tinha em si um misto de estranheza, que suscitava curiosidade, e de sonoridade apelativa, e era de tal maneira forte que rapidamente deixou de ser apenas o título do disco para passar a designar o próprio projecto. Goela Hiante, pois então!
O que acrescentar a esta entrevista para vos cativar a ouvir, quem ainda não ouviu, “Goela Hiante”… A voz de Adolfo Luxúria Canibal continua a ser aquela que nos torna cativos de todos os trabalhos em que se envolve. Inconfundível, dá uma estética e corpo à palavra que, dita por outros, dificilmente teria a mesma negritude, a mesma capacidade de nos envolver na poesia soturna aqui musicada. A música, nas suas teclas e Apps iPad(ianas), é certeira e singular na forma como dá casa à voz para a palavra habitar.
“Goela Hiante” são nove poemas musicados que trazem na voz Adolfo Luxúria Canibal e nos teclados e aplicações iPad Marta Abreu; foi gravado e misturado em julho e outubro de 2020 por Ruca Lacerda no Largo Recording Studio, no Porto, masterizado em novembro por Frederico Cristiano no Mechanical Heart Mastering Sessions, Braga; a capa é de Sónia Teixeira Pinto sobre colagem digital de Marta Abreu. Por fim, o alinhamento deste hiante álbum de palavras musicadas:
Tudo começa nas cifras do “Criptograma” – (Manuel de Castro) para sabermos afinal “Como me Transformei em Cão” – (Vladimir Maiakovski trad. Adolfo Luxúria Canibal) porque na verdade “O Poeta em Lisboa” – (António José Forte) que nos faz sentir aranhas nos cabelos, sentimos como o poeta de “Todas as Ruas do Mundo” – (Adolfo Luxúria Canibal), ruas onde por sua vez nos cruzamos com “Dois Cantoneiros num Camião, Duas Pessoas Giras num Mercedes” – (Lawrence Ferlinghetti trad. Adolfo Luxúria Canibal) que garantidamente não íam para o “Parque de Campismo” – (Mário-Henrique Leiria) onde dizem que “Há Pássaros que são Ruído na minha Noite” – (João Damasceno), provavelmente por causa das “Iluminações” – (Adolfo Luxúria Canibal) do “2 de Abril de 2020: A Livre Circulação do Trânsito” – (Adolfo Luxúria Canibal).
Pode sempre adquirir o álbum online no site da Rastilho ou na loja Lucky Lux (Lux Records), em Coimbra, organizadora do ciclo A Date With Lux, junto com a Blue House, que levará esta dupla ao palco do TAGV, em Coimbra, já no próximo dia 16 de setembro, pelas 19h00.
Alinhe, abrace e dê voz à nossa cultura. •