Viajemos pela Tejo Wine Route 118 afora!

Faça uma pausa no trabalho, prepare as malas e percorra parte da EN118. Descubra os 14 produtores dos Vinhos do Tejo que integram esta acção, prove os seus vinhos e divirta-se a conhecer esta região vitivinícola situada em pleno centro de Portugal.


Luís de Castro, presidente da Comissão Vitivinícola da Região do Tejo, e João Silvestre, presidente da Rota dos Vinhos do Tejo


Comece no Casal da Coelheira, no Tramagal, concelho de Abrantes ou na Herdade de Catapereiro, pertencente à histórica propriedade de nome Companhia das Lezírias, em Samora Correia, no concelho de Benavente, onde foi apresentada a Tejo Wine Route 118. Esta iniciativa envolve sete concelhos, 14 produtores de vinho e cerca de 160 quilómetros, e foi criada com o objetivo de “permitir alavancar o enoturismo do Tejo”. As palavras são de João Silvestre, presidente da Rota dos Vinhos do Tejo, que contou com a Comissão Vitivinícola Regional do Tejo e o apoio do Turismo do Alentejo e do Ribatejo, para desenvolver esta acção. O foco está em adegas de portas abertas, para quem a quiser visitar, fazer provas vínicas, conhecer melhor o receituário da região, através de reserva prévia, ou simplesmente comprar vinho. 

Na lista, “conduzida” de norte a sul, constam o Casal da Coelheira (Tramagal, Abrantes), a Quinta da Lagoalva (Alpiarça), Pinhal da Torre (Alpiarça), a Casa Paciência (Alpiarça), a Quinta da Atela (Alpiarça), a Quinta do Casal Monteiro (Almeirim), Fiuza (Almeirim), a Adega Cooperativa de Almeirim (Almeirim), Falua (Almeirim), a Quinta da Alorna (Almeirim), a Quinta do Casal Branco (Almeirim), a Adega Cooperativa de Benfica do Ribatejo (Benfica do Ribatejo, Almeirim), Casa Cadaval (Muge, Salvaterra de Magos) e a Companhia das Lezírias (Samora Correia, Benavente).


Mostra de como pode ser feito o tradicional pisa a pé


Aproveite para se estrear nas actividades equestres, ou não estivesse a região dos Vinhos do Tejo profundamente ligada ao cavalo Lusitano. Faça um passeio de barco pelo Tejo e observe atentamente as aldeias avieiras, criadas no século XIX, por famílias de Vieira de Leiria, que se deslocavam, durante o Inverno, a esta zona ribeirinha, onde construíram as suas casas temporárias, com a finalidade de procurarem peixe do rio, para seu sustento. Os passeios de bicicleta e os voos de balão, realizados quando o tempo se mostra favorável, complementam as experiências.

À noite, recolha-se na Casa da Atela, localizada na Quinta da Atela, ou no aldeamento turístico rodeado pela natureza, situado na Companhia das Lezírias. Porém, segundo João Silvestre, presidente da Rota dos Vinhos do Tejo, dentro de dois a três anos será possível contar com mais quatro ou cinco alojamentos de adegas que integram nesta Tejo Wine Route 118, cuja celebração foi feita com a vindima realizada numa parcela de Fernão Pires, na Herdade de Catapereiro, e a prova de onze referências feitas apenas a partir desta que é a casta-rainha dos Vinhos do Tejo. 

Fernão Pires à prova


O desfile de referências vínicas feitas a partir da casta-rainha da região dos Vinhos do Tejo


Das onze referências postas à prova, seis são novidade. No seu conjunto, denotam a plasticidade da Fernão Pires, já que há verdadeiras surpresas, para lá do óbvio associado a esta casta branca – é o caso de Ninfa Maria Gomes 2020, vinho de João M. Barbosa, cuja casta foi vindimada em solo argilo-calcário, destacou-se pela diferença, assim como o Falua Reserva Unoaked branco 2019 (€14,49), referência que se estreia como monovarietal feito a partir de Fernão Pires, vindimado na vinha plantada em solo muito peculiar, predominado por seixos do rio. 

Nas novidades, constam o Assinatura David Amaral branco 2020 (€6), de David Amaral, produtor em Almeirim, ou do Canto do Marquês Fernão Pires 2020 (€6), de Isabel Lima Cabral, cuja variedade de uva foi colhida nos seus 20 hectares de vinha localizada em Alpiarça. Reserva das Pedras Fernão Pires 2018 (€17,99), uma marca nova no portefólio da centenária Quinta da Alorna, foi, assim, outra das novidades provadas.

Casal da Aires Vinhas Velhas Fernão Pires 2019 (€39,90) – projecto de Joana Pinhão, iniciado em 2015, em Alpiarça, tendo sido 2019 o ano marcado pela apresentação da primeira colheita – foi outra das estreias, assim como Contracena Orange Wine Fernão Pires 2020 (€14,50), da Quinta da Ribeirinha, propriedade familiar de Póvoa de Santarém.


Cacho de uva de Fernão Pires


No alinhamento das provas, marcaram presença o clássico Quinta do Casal Branco Fernão Pires 2018 (€5,99) e Cacho Fresco Vinho branco (€1,89), da Adega de Alemirim, o qual é, segundo João Silvestre, “o vinho branco mais vendido em Portugal”, correspondendo a uma venda de cerca de oito milhões de garrafas por ano. 

Da colheita 2017, esteve o 1836 Grande Reserva branco (€25), da Companhia das Lezírias, vinificado ainda sob a supervisão de Bernardo Cabral. A prova terminou com Paciência Abafado Reserva Fernão Pires 2019 (€10), um licoroso feito a partir daquela casta branca vindimada em vinhas velhas, da Casa Agrícola Paciência.

Companhia das Lezírias, com futuro ainda mais sustentável


A vindima numa das parcelas de Fernão Pires na Herdade de Catapeireiro


Situada entre os rios Tejo e Soraia e fundada em 1836, por um grupo de empresários, que compraram terras outrora pertencentes à coroa, à Casa da Rainha e à Casa do Infantado, a Companhia das Lezírias é, hoje, uma das maiores explorações agropecuária e florestal do país. Mas foquemo-nos na vinha, de 135 hectares, e na produção de vinho, na Herdade da Catapeireiro, onde as castas tintas e brancas ocupam, respectivamente, 65 e 35 por cento. A supervisão na adega e na vinha está a cargo de David Ferreira que, em Janeiro de 2020, encontrou “uma casa muito bem organizada e em constante expansão”, atributos que pretende manter a par com boas novas. 


David Ferreira, enólogo na Companhia das Lezírias desde Janeiro de 2020


A “simplificação da marca Tyto Alba” – referência que viu nascer, em Maio passado, o Tyto Alba Vinhas Protegidas tinto biológico, da colheita 2019 – é um dos procedimentos a pôr em prática, já que o tinto de 2019, bem como o branco e o rosé de 2020, terão “garrafas mais finas e mais sustentáveis”

Em estudo está a possibilidade de ser produzido um espumante, assim como um vinho de curtimenta, razões de sobra para a implementação de uma nova marca especificamente para edições especiais e limitadas.


Quanto às variedades de uva, a aposta recai em “castas resilientes, devido à alterações climatéricas que já estão a decorrer”, sublinha David Ferreira, no âmbito do programa ABC 2030, em que “tudo o que é implementado é feito com base na sustentabilidade”, ou seja”todo o nosso investimento está a ser pensado, neste momento, em prol da sustentabilidade ambiental, social e económica”. Para comprovar as boas práticas ambientais, David Ferreira deu como exemplo o facto de “em 2021 deixámos de usar herbicidas” e, até 2030, “vamos aumentar para 25 por cento a área de vinha para produção biológica”.

É caso para dizer que a Tejo Wine Route 118 começa, do lado sul, de forma cada vez mais sustentável. Brindemos!

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© Fotografia: João Pedro Rato

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