Depois de 2013 e 2014, eis a 16.ª colheita deste clássico do Alentejo e do país, feito a partir das castas Aragonez e Trincadeira, castas vindimadas nas mesmas parcelas de vinha, plantada em 1985, como manda a cartilha da Fundação Eugénio de Almeida.
“Está pronto a beber!” A frase é unânime face ao Pêra-Manca tinto 2015, a nova colheita deste sempre tão aguardado vinho da Fundação Eugénio de Almeida. Frescura, elegância, taninos suaves e potencial de guarda são igualmente associados, enquanto atributos, a esta referência vínica, que, em três anos consecutivos – 2013, 2014 e 2015 –, reflecte as características exigidas e, ao mesmo tempo, “confere a conjugação dos dois anos anteriores”, segundo Pedro Baptista, enólogo responsável e administrador da Fundação Eugénio de Almeida.
“Na concepção do Pêra-Manca tinto, havia uma ideia muito firme, que, de alguma forma, pudesse representar a excelência do Alentejo. As castas, na altura, pareceram óbvias, porque, a Trincadeira e o Aragonez eram, mediante as castas tradicionais do Alentejo, aquelas que tinham um potencial qualitativo superior, e continuam a sê-lo. Portanto, inevitavelmente, foram as duas escolhidas”, declara Pedro Baptista. A composição do Pêra-Manca tinto 2015 é feita a partir das castas vindimadas em três parcelas de Aragonez e uma de Trincadeira. Ambas estão localizadas na vinha de Monte de Pinheiros. “São sempre as mesmas parcelas da vinha de 1985, de Monte de Pinheiros”, propriedade agrícola da Fundação Eugénio de Almeida, onde estão concentrados 85 por cento de vinha e o centro de vinificação constituído por duas adegas – uma de 2006 e outra de 2014.
O processo repete-se: o Pêra-Manca tinto é submetido a 18 meses de estágio em balseiros de carvalho francês, seguido de 48 meses em garrafa, nas caves do Mosteiro da Cartuxa ou Mosteiro de Santa Maria de Scala Coeli, vizinho da Quinta de Valbom – aqui estão 15 hectares de vinha e a Adega da Cartuxa, instalada no conjunto de edifícios outrora pertencentes à Companhia de Jesus. Desta colheita de 2015, a 16.ª produzida, até agora, pela Fundação Eugénio de Almeida, estão disponíveis 44 mil garrafas, a maior produção de Pêra-Manca tinto de sempre, já que, habitualmente, são 32 mil.
À semelhança dos parâmetros estabelecidos para este vinho, a permanência do rótulo também é respeitada. “Trata-se de uma gravura de Roque Gameiro, que remete para o início do século passado, encomendada para constituir um cartaz publicitário do vinho Pêra-Manca. A Fundação [Eugénio de Almeida] recuperou-o para o rótulo do Pêra-Manca, que nessa altura era muito simples. O cartaz era colorido e foi retirado desse cartaz a partir da colheita de 1990”, explica o enólogo, referindo-se, ainda, à primeira colheita de Pêra-Manca produzido pela Fundação Eugénio de Almeida, que, em 1988, recebe a doação da marca pelas mãos de José António de Oliveira Soares, herdeiro da Casa Agrícola José Soares.
Em suma, o Pêra-Manca tinto “tem de ter uma qualidade de excelência, mas, acima de tudo, respeitar o perfil das colheitas anteriores. É muito importante para nós que o Pêra-Manca seja um grande vinho, um vinho de excelência, que, no fundo, é um vinho do Alentejo, com elegância, profundidade e capacidade de evolução”.
Brindemos!