A modernização da SIVPA e a ambição de elevar a Península de Setúbal determinam a aposta na criação de gamas premium, em que o envelhecimento em garrafa serve de espelho no que ao potencial desta região vitivinícola diz respeito.
Botelharia branco 2009, vinho DOC, que harmonizou, na perfeição, com a tríade composta por salmonete, fígados e batata, confeccionada pela equipa de Hugo Nascimento, chef do Naperon, restaurante localizado em Odeceixe, no concelho de Aljezur
É das vinhas localizadas entre o Rio Sado e o Oceano Atlântico, entre a Serra da Arrábida e as areias dominantes nos solos da Península de Setúbal, que são colhidas as uvas, para a produção dos vinhos da Palmela Wine Company. Eis a nova assinatura da Sociedade Vinícola de Palmela (SIVIPA) – constituída em 1964 –, a qual surge no seguimento das negociações decorridas ao longo de dois anos, entre Filipe Cardoso – rosto da quarta geração da família Cardoso, que, em 1998, entra na sociedade –, com a Global KPMP, empresa ligada à importação e exportação de bens alimentares e serviços, fundada por Vasco Guerreiro.
Feita uma análise aprofundada, debatida a definição estratégica e reforçada a equipa, avançou-se, em 2019, para a sua aquisição. Desta união, resultou a sociedade é constituída pelas famílias Cardosos e Horácio Simões – esta última já detinha quotas da SIVIPA –, pela Global KPMP, que detém a maioria das quotas, e por Vasco Guerreiro.
As vinhas são as mesmas, ou seja, estão localizadas no concelho de Palmela “e 98 por cento dos vinhos produzidos e engarrafados ‘vêm’ da vinha da minha família”, cuja área corresponde a 230 hectares, explica Filipe Cardoso, enólogo responsável e administrador da Palmela Wine Company. “Os restantes hectares pertencem à família Horácio Simões e a outros sócios.”
Neste momento, o foco está direccionado para o mercado nacional, mas “em poucos anos, vamos internacionalizar mais”, afirma Filipe Cardoso, que prevê atingir os 40 por centro de exportação em quatro anos. Como? Elevando a fasquia, através da criação de um “produto super premium, para elevar a região”, sublinha Filipe Cardoso.
É neste contexto, que a equipa da Palmela Wine Company apresenta Botelharia, nome inspirado na categoria ‘Garrafeira’ – vinhos que envelhecem em garrafa – e escolhido para a nova classe de vinhos em que a Palmela Wine Company quer apostar. A estreia começa com Botelharia branco 2009 (€45), vinho DOC de edição limitada a 1.500 garrafas, colocadas de parte, após o estágio de 12 meses em barrica. Feito a partir das castas brancas Fernão Pires e Arinto, e submetido a onze anos de estágio em garrafa, este vinho traduz o que se pode ganhar com o passar do tempo, daí que mereça ser degustado com calma, devido à sua complexidade no nariz e na boca. “Existem vinhos que merecem ser vendidos velhos”, conclui Filipe Cardoso, referindo que se trata de “um vinho de nicho”.
Hugo Nascimento escolheu um prato de rabo de boi com gnocchis e pimentos assados, para acompanhar o Botelharia Grande Reserva tinto 2019
Botelharia Grande Reserva tinto 2019 (€28), DOC produzido com as castas Castelão, Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon, “é um convite aos consumidores, para fazerem garrafeira em casa”, declara José Caninhas, enólogo da Palmela Wine Company sobre esta boa nova.
Botelharia Moscatel de Setúbal DOC 1996, que combinou generosamente com a trilogia constituída por canela, marmelo e Queijo de Azeitão
De volta às experiências e no alinhamento dos vinhos de categoria premium, a Palmela Wine Company apresenta Botelharia Moscatel de Setúbal DOC da colheita de 1996(€48),vinho generoso envelhecido em garrafa, durante 21 anos, eMoscatel de Setúbal DOC Superior 1996(€48), cujo estágio ocorreu em barricas velhas de carvalho francês.
Moscatel de Setúbal DOC Superior 1996 é, por si só, uma sobremesa
Uma vez que não foi submetido ao processo oxidativo em barrica, o primeiro apresenta uma tonalidade ligeiramente mais clara quando comparado com o segundo. Este último denota uma cor topázio e aromas de avelã, laranjeira e mel, complexidade essa que se expressa, na boca, através da cremosidade típica de um Moscatel de Setúbal mais velho.
“Queremos apresentar vinhos que as pessoas provem e percebam que a região tem potencial”, remata Vasco Guerreiro. Brindemos!