A nova era da Paços dos Infantes / Herdade da Lisboa

O nome é antigo, o rótulo é recente e os vinhos são para guardar. Há Garrafeira branco, Reserva tinto e ODB Verdelho. Todos feitos a partir de uvas da propriedade alentejana da família Cardoso.

As três boas novas que recuperam as memórias de uma emblemática referências vínica da Herdade a Lisboa


O termo “Garrafeira” está definitivamente de volta! Desta vez, é a família Cardoso que recupera esta antiga designação, posta de parte durante demasiado tempo, cujo significado está reservado a uma colheita de qualidade superior que, no caso do vinho branco, é submetido a um estágio de, no mínimo, 12 meses e, pelos menos, de seis meses de envelhcimento em garrafa. “Os grandes vinhos do Alentejo eram os ‘Garrafeira’”, lembra Ricardo Xarepe Silva, enólogo da Herdade da Lisboa – propriedade vinhateira localizada na Vidigueira, sub-região da região vitivinícola do Alentejo –, onde a marca Paço dos Infantes era, nas décadas de 1980 e 1990, uma referência do mundo vinhateiro, agora com um novo capítulo marcado por três boas novas.

Falamos, em primeiro lugar, de Paço dos Infantes Garrafeira branco 2019 (€50), com entrada directa para o patamar superior da gama Paço dos Infantes. Arinto e Alvarinho são as duas castas brancas que constam na composição deste vinho – a primeira foi colhida “das melhores parcelas”, garante Ricardo Xarepe Silva. O enólogo acrescenta que este vinho permaneceu na barrica por dois anos e esteve 12 meses em garrafa. “Se há região que o permite fazer, essa região é a Vidigueira”, afirma, em relação ao facto deste pequeno oásis do Alentejo possuir o terroir adequado à produção de brancos. “Vamos ter um Garrafeira tinto, que há-de sair de cinco em cinco anos”, avança. Quanto à harmonização, as recomendações recaem em pratos de peixe, marisco, bacalhau e queijos, ou não fosse este vinho dotado de frescura e acidez equilibrada, embora haja uma grande probabilidade de ganhar mais atributos, com mais tempo em garrafa.

A sopa de cação confeccionada a preceito pela equipa de cozinha do restaurante Zé Varunca, em Paço de Arcos, acompanhou o Paço dos Infantes ODB Verdelho 2020,


Na versão monovarietal, chega-nos Paço dos Infantes ODB Verdelho 2020 (€27). ‘ODB’ significa Oeuf de Beaune, os ovos de cimento da região francesa da Borgonha, que, na adega da Herdade de Lisboa, serviram de palco para a feitura deste vinho branco.

Já a casta Verdelho foi vindimada numa vinha plantada em 2016, pela família Cardoso. O resultado reflecte-se num vinho, que, à mesa, fica bem com pratos de peixe e marisco, que tanto apetecem nestes dias de calor.

O Paço dos Infantes Reserva tinto 2019 teve a seu lado estas migas com carne de alguidar, receita típica do Alentejo


Igualmente fresco, característica típica da Vidigueira, Paço dos Infantes Reserva tinto 2019 (€25) revela-se um vinho alentejano mais equilibrado. Feito a partir de Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon, este tinto está pronto, para acompanhar pratos de carne da cozinha alentejana, bem como os de caça, com tantos apreciadores entre quem tanto aprecia a boa comida.

Sobre a família Cardoso, importa salientar as suas origens ribatejanas, onde a aposta incide na produção de azeite, e a paixão pelo vinho, que incitou, em 2011, à compra da Herdade da Lisboa, propriedade com 350 hectares distribuídos pela vinha (cem hectares), pelo olival (200 hectares) e pela floresta, os pomares e os cultivares hortícolas (dez hectares). No alinhamento desta descoberta, em 2018, foi a vez da compra da Quinta do Reguengo, em Vila Nova de Foz Côa, na sub-região duriense do Douro Superior, outrora pertencente à Coroa Portuguesa e onde o projecto vínico está a dar os primeiros passos. As três propriedades somam 300 hectares de vinha, 700 de olival e 400 de floresta.

Brindemos!


+ Família Cardoso
© Fotografia: João Pedro Rato

Legenda da foto de entrada: António Selas, enólogo consultor, Marta Ágoas, comercial, Joaquim Cândido da Silva, Director de projecto da família Cardoso, João Cardoso, patriarca da família Cardoso, Alexandre Silva, comercial, Ricardo Xarepe Silva, enólogo

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