Eis o projecto vitivinícola de Sandro Rocha Mendonça e Mónica Mendonça. Com vinha e adega próprios, e o apoio da dupla de enologia Jorge e Pedro Alves, avançam para a feitura de duas referências, um rosé e um branco.
“O meu pai era produtor de vinho e proprietário há muitos anos da Adega Simas – mudamos o nome para Adega dos Sentidos”, situada na Ilha Terceira, Açores, mas “em Junho de 2021 decidimos comprar as vinhas”. Objectivo? “Dar uma volta a tudo, mudar o perfil do vinho, mudar imagem, nome, etc.”. A história é contada por Mónica Mendonça, que, com o marido, Sandro Rocha Mendonça, decidem “apostar em algo inovador e fora do que se faz por cá”, no que aos vinhos diz respeito.
Com 14 alqueires de vinha plantada nas típicas curraletas açorianas, supervisionadas por Rufino Simas, mas sem quem se dedicasse à enologia, ambos partem à procura de quem melhor se coaduna com este cargo. Jorge Alves, produtor e enólogo responsável pela enologia da Herdade Aldeia de Cima, no Alentejo, da Taboadella, no Dão, e da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, no Douro, região onde está a Adega Quanta Terra, projecto partilhado com Celso Pereira, foi o eleito para esta tarefa, “por ser o responsável pelo perfil de vinhos que apreciamos”, continua.
Aceite o desafio, em Agosto de 2021, Jorge Alves viaja para a Ilha Terceira na companhia do seu filho, Pedro Alves, recém-licenciado em enologia. “Em conjunto, achámos que seria uma oportunidade fantástica para iniciarem um projeto a dois.” Duas semanas depois, começa a vindima, feita manualmente. A estreia do portefólio da Adega dos Sentidos fica constituída por um rosé, “o primeiro da Ilha Terceira”, reforça Mónica Mendonça. Alvo de uma peripécia, devido ao nome do rótulo, coincidente com outro já registado na região dos Açores, torna-se imperativa a alteração. Após uma exaustiva pesquisa, eis o ‘Incerteza’. “No final de Agosto, o nome foi aprovado e, no final de Setembro, o vinho estava no mercado!”
Os solos pedregosos, os ventos agrestes e a influência do Atlântico são marcantes neste Incerteza rosé 2021, que, com ousadia, é feito a partir da casta tinta estrangeira Grenache. Acidez, frescura, este rosé revela-se seco e possui os atributos necessários para ser um vinho “de guarda”.
A consequência dos factores edafoclimáticos são igualmente notórios no Incerteza branco 2021, outro vinho que assinalada a estreia da Adega dos Sentidos. Este vinho é feito a partir da casta Verdelho dos Açores, em que a sua exuberância aromática é cruzada com a acidez, a salinidade e a sensação de mineralidade, esta conferida pelo solo predominado pelo basalto.
O vinho da colheita de 2022 “já está a estagiar e promete. Os próximo passos são inovar e fazer cada vez mais e melhor”, remata Mónica Mendonça.
Brindemos!