O Restaurante Boca Linda faz um ano e para comemorar traz a Lisboa três reconhecidos chefs mexicanos, entre os quais Marco Margain. Fomos conhecê-lo, partilhámos a cozinha com ele e, claro, experimentámos a verdadeira cozinha mexicana.
A viagem de bicicleta até ao restaurante Boca Linda, em Lisboa, e as iguarias que permaneciam em cima de uma mesa deste abriram-nos largamente o apetite. Enquanto, apenas nos era dado a observar o que o chef e os seus ajudantes faziam, estando nós contentados com uns gafanhotos fritos com sumo de lima que por lá havia, a água crescia na boca.
Quando Marco Margain, chef consultor do Boca Linda, nos chamou e explicou o que íamos fazer, experimentar e, esperava ele e bem, adorar, as expectativas aumentaram. Começou por dizer que nos dias 15 e 16 de setembro se comemora a Independência do México. Portanto, tendo esta apresentação do menu, que estará em vigor entre 16 e 26 de setembro, ao almoço e ao jantar, sido no dia 14 de setembro, a véspera do começo das celebrações, o chef decidiu realizar e colocar pratos típicos destas no menu, como por exemplo, o Pozole Tradicional Del Grito, que alude ao Grito de Dolores, uma proclamação pública que ocorreu na cidade homónima, na madrugada de 16 de setembro de 1810, pelo padre católico Miguel Hidalgo y Catilla numa convocação dos colonos mexicanos para lutarem contra o governo espanhol, no que viria ser a Guerra da Independência do México. Feita a introdução, passámos à ação.
Para fazer a Memelita de Sardina Confitada, o chef perguntou por voluntários, que a pouco e pouco se foram oferecendo para fazer todo o tipo de coisas, desde cortar as cebolas, o tomate, etc. até montar as Memelitas propriamente ditas, empratando-as: com a “maseca”, uma tortilha de milho, na mão, colocávamos o puré de feijão preto por cima, em seguida vinha a salada, a sardinha e por fim o abacate. Para acompanhar este petisco sugerimos uma limonada com hibiscos.
O Pozole Tradicional del Grito, a sopa, por assim dizer, pois a base era o caldo da cozedura da cabeça do porco. Este era servido com a cabeça picada, milho pozalero, uma mistura de legumes e alface. Por cima era decorado com orégãos, pimenta em pó e uma rodela de rabanete. É preciso misturar tudo para todos os sabores ficarem bem integrados.
O Carpacho de Betabel já esperava por mim na mesa, quando me sentei. A beterraba envolvia perfeitamente o queijo de cabra sem cura e a rúcula cortava o doce desta, perfazendo uma excelente combinação. Este permaneceu pouco tempo na mesa, talvez por ser muito bom e, pouco depois, veio o Chile en Nogada, chiles recheados com uma mistura de fruta, amêndoas torradas, vermutes e queijo de cabra, que passou pelas lâminas ferozes da liquidificadora, com arroz de jasmim a acompanhar, cobertos pela nogada e decorados com salsa e romã. Este durou menos ainda que o anterior, em parte por não ser muito grande, para além de que era ótimo.
Fechámos com a sobremesa, um sorvete de manga bem doce, que era cortado pela flor de sal e pela pimenta, uma combinação de doce-salgado-picante que funcionava muito bem.
Terminado este delicioso almoço, voltámos para casa de bicicleta. Não há nada tão bom como o desporto para digerir uma refeição, ou as ideias do que iria providenciar aos leitores deste texto, pois desejo voltar, pelo menos na forma de uma viagem imaginária, revivendo os sabores que degustei, na forma da escrita.
Este menu de degustação e celebração do Boca Linda está disponível até 26 de setembro, ao almoço e jantar, com a opção de três (30€) ou cinco tempos (45€).
Situado na Calçada do Marquês de Abrantes 92, em Santos, Lisboa, o Boca Linda tem capacidade para 70 pessoas e está aberto de terça a sábado das 12h00 às 02h00 e domingo das 12h00 às 17h00.
