A Bairrada está em festa este sábado, dia 4 de Maio! No centro das comemorações está a casta-bandeira da região. Da garrafa para o copo, há colheitas novas e antigas para provar e boas novas a conhecer.
Os Braga Friends nasceram, para “preservar a tradição de região da Bairrada” e incentivar os viticultores e produtores de vinho a “usarem as castas locais”, com particular ênfase na variedade de uva tinta Baga, em detrimento de outras. A explicação é dada por Luís Pato. O decano dos vinhos do território vitivinícola, cujas colheitas ostentam o seu nome, é dos elementos desta associação sem fins lucrativos fundada em 2012 por produtores vitivinícolas da região, os quais, a 4 de Maio, entre as 10h00 e as 18h00, vão protagonizar as celebrações da 3.ª edição do Dia Internacional da Baga.
Nesta data, Luís Pato, Filipa Pato, Mário Sérgio, da Quinta das Bágeiras, François Chasans, da Quinta da Vacariça, a dupla Dirk e Daniel Niepoort, da Quinta de Baixo, Paulo Sousa, da Sidónio de Sousa, e Luís Patrão, da Vadio (o último a integrar os Baga Friends), abrem as portas das suas adegas. À prova estão recentes colheitas feitas a partir da Baga, como é o caso do Espumante Special Cuvée rosé Baga 2017, de Sidónio de Sousa, com a acidez e a “frescura natural, não agressiva”, predicados enaltecidos por Paulo Sousa, atual proprietário desta adega. Ou o Rexarte Baga tinto 2017, da Vadio de Luís Patrão, feito a partir de uma base de solera, ou seja, de vinhos de diferentes níveis de envelhecimento, processo ao qual recorre desde 2007.
Vinhos de longa data
Sem esquecer as colheitas mais antigas, ou não tivesse a Baga um potencial enorme para dar corpo a vinhos longevos. Exemplos? O Vinha Pan tinto Baga 2015 de Luís Pato, que promete surpreender por mais 25 anos, dando ênfase à “longevidade dos vinhos feitos a partir desta casta”, ou o Baga Friends Baga tinto 2011 e 2015 (primeira e segunda edições respectivamente), um lote para o qual contribuíram todos os elementos dos Baga Friends, cada um com a mesma percentagem de vinho.
“Cada um escolheu o vinho que melhor se adaptava a um grande vinho” e só são feitos “quando estamos todos de bom humor”, esclarece Mário Sérgio. “Só é feito num ano especial, à semelhança de um Vintage”, acrescenta Luís Pato. Neste contexto, também entra o Quinta da Vacariça Baga tinto 2016, de François Chasans, que, durante a elaboração de um trabalho de investigação, se apaixonou pela Bairrada. “Tem um grande potencial no mundo para fazer tintos”, realça, apontando a acidez, a oscilação térmica de cerca de 20 °C e a composição argilocalcária dos solos como as principais vantagens para a produção destes vinhos, a respeito dos quais sublinha a qualidade como factor mais importante.
Sempre pela casta-rainha da Bairrada
É por causa da longevidade da casta-rainha da Bairrada, a somar a todo o potencial enaltecido em cada colheita, que este grupo quis mudar a mentalidade dos viticultores e demais produtores vitivinícolas da Bairrada. “Conseguimos uma revolução na região”, afirma Mário Sérgio, o rosto da Quinta das Bágeiras, porque antes o abandono da Baga estava a ser uma realidade preocupante para os Baga Friends. “Ainda assim fazemos pouco, mas o saldo é grande”, garante, dizendo que houve quem apostasse nesta variedade de uva tinta e “colocaram o nome da casta no rótulo”.
Escusado será dizer que Mário Sérgio já o faz há muito, como é o caso de Avô Fausto tinto 2021, a primeira colheita feita apenas a partir de Baga. “É um vinho delicado. Fez estágio em tonéis de madeira avinhada”, que favoreceram a redução da sensação de adstringência na boca (taninos).
Fale-se ainda do Espumante Roleta Russa rosé Baga 2020 de Filipa Pato, senda esta a única casta tinta que tem plantada em vinhas próprias, “pela resistência às condições climática” e pela preservação das vinhas centenárias de Baga na Bairrada.
Nem de propósito, a próxima colheita com a chancela Baga Friends será um espumante rosé de 2023 e a espumantização é feita na Quinta de Baixo, de Dirk Niepoort, onde os nove hectares de vinha dividem-se em vinhas com 25/30 anos, 50/60 anos e centenárias. Representado por Sérgio Silva, enólogo da Niepoort há 18 anos, faz justiça à casta-rainha da Bairrada com Poeirinho tinto Baga 2020. “Mais fresco, mais elegante”, atributos associados ao estágio em tonéis antigos provenientes da Áustria a que esta colheita foi submetida.
Faça-se a festa!
De volta ao Dia Internacional da Baga, a celebrar a 4 de maio por cada uma das sete adegas dos Baga Friends, em particular a nova de Filipa Pato, é de enaltecer ainda os 35 anos da Quinta das Bágeiras e as bifanas prometidas por Luís Pato. Fechadas as portas às 18h00, é tempo de rumar ao Rei dos Leitões, para prolongar as comemorações, com um jantar muito especial acompanhado por oito referências vínicas feitas a partir da casta Baga, incluindo o fortificado Pato & Wounters Espírito de Baga tinto 2020.
Esta segunda edição doi produzida “nas Caves São João, por causa da aguardente, onde também fez o estágio”, revela a produtora bairradina. A primeira edição deste fortificado é de 2010, mas só a partir de 2013 é que se conseguiu obter a certificação para os vinhos licorosos que, a partir de então, passaram a ser de Denominação de Origem Controlada (DOC) Bairrada.
Participar no Dia Internacional da Baga requer a compra de bilhete (a partir de €40), com direito a copo. O check-in é feito na Associação Rota da Bairrada – Espaço Bairrada da Curia ou no Grande Hotel do Luso, onde são levantados os ingressos. A restante informação e preços estão aqui .