Brunch entre livros na Taberna da Praça / Pestana Cidadela de Cascais

Ponto de encontro de tertúlias de outrora, a Praça das Armas da Cidadela de Cascais é, hoje, palco das artes e da arte de bem comer também para quem gosta de deitar tarde e tarde erguer. Ora vejamos.

Porque todos os momentos têm início numa história que começa na livraria Dejá Lu, com morada fixa no piso superior da Taberna Portuguesa, do Pestana Cidadela de Cascais, ou não estivéssemos nós a falar de um Brunch Literário.

Entre apresentações e conversas paralelas, Francisca Prieto e Maria Faria de Carvalho, as livreiras, falam sobre este novo espaço há muito desejado, e inaugurado em fevereiro deste ano – “Primeiro era um blogue de leilões de livros doados”, conta Francisca Prieto, mas com contínua falta de espaço houve a necessidade de procurarem uma nova morada para esta livraria solidária que “nos encaixou no restaurante de uma maneira magnífica”, onde os livros são como as cerejas, para quem aprecia tão eclética leitura.

Há “livros que metem medo”, “romances arrebatadores” e, até mesmo, “literatura marota”, há autores lusófonos e estrangeiros, há os destinados ao universo infantil e muitos, tantos outros para levar e ler. Todos são oferecidos à Dejá Lu que, em português, significa “Já lido” e “100 por cento do lucro reverte para a Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21”, continua a anfitriã, que nos convida para um blind date com um livro.

“Só não aceitamos enciclopédias, livros escolares nem livros técnicos. Tudo o resto sim, desde que não estejam muito velhos”, reforça. Mesmo os de gastronomia e os que, por dentro das linhas literárias, acrescentam pratos da gastronomia portuguesa são aceites pelas livreiras ou não fosse a livraria inquilina da Taberna da Praça, com o chef Manuel Alexandre, que se dedica aos petiscos típicos da nossa cozinha e ao brunch inspirado em ilustres da literatura portuguesa: Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão. Dois grandes nomes da geração de 1870’, que marcaram, em conjunto, o universo literário com “As farpas” e “O mistério da estrada de Sintra”.

Os ovos mexidos com bacon, os iogurtes e a selecção de compotas

Falemos, então, do Brunch Literário que, entre livros sequiosos por serem, de novo, lidos “fazem crescer água na boca” enquanto se saboreia um repasto dedicado a quem tanto gosta de acordar tarde ao fim de semana – há também revistas literárias e jornais numa estante disposta no interior do restaurante. Para abrir o apetite, deixamos a lista do brunch queirosiano (€ 13), composto por uma seleção de viennoiseriecroissant, madalena, pastel de nata –, bolo de iogurte e o melhor da padaria, com três irresistíveis variedades de pão e uma torrada; na tábua está o fiambre e o queijo laminados, o iogurte de fruta e muesli, compotas e mel, em boa companhia com café ou chá – fresco, porque o verão está em alta –, ou leite, e sumo de laranja.

Panquecas com um molho inglês e frutos vermelhos

Aos mais resistentes recomendamos que juntem, a Eça de Queiroz, Ramalho Ortigão (€ 7,5), que vos oferece umas panquecas feitas a partir de uma massa macia, regadas com um guloso molho inglês e decoradas com frutos silvestres – uma combinação agri-doce que cai sempre bem –, scones com manteiga e compotas, e o tomate grelhado, que tão bem sabe no verão.

O ovo Arlington, com ovo escalfado, salmão curado e molho hollandaise

Agora, juntemos os Vencidos da Vida, em alusão ao grupo protagonizado por onze amigos, um grupo de “jantantes” que servem de inspiração para o que ai vem. Tome note: Ovos mexidos com bacon (€ 4), os já célebres ovos Benedict (ovo escalfado com presunto e molho hollandaise – € 5,5), os deleitosos ovos Arlington, que surpreendem com a combinação do salmão curado com o molho hollandaise e o ovo escalfado (€ 5,5), salmão curado em gin, lima e pimenta rosa em tosta de pão alentejano (€ 6,5), tábua de carnes fumadas com espargos e pickles (€ 6,8) e festival de fruta (€ 4), que remata este brunch em grande, com reserva marcada para sábados e domingos, das 12 às 16 horas, na Taberna da Praça.

E não estranhe se, por lá, aparecer, à boleia de uma vespa amarela, uma inusitada visita de um “famoso” – segundo suas palavras – escritor português que dedica a sua obra a viagens…

De volta à Dejá Lu, onde funcionam 2 Book Clubs na parte da livraria reservada aos livros estrangeiros – “um bilingue e um mais abrangente”, de acordo com Francisca Prieto –, está prevista uma mão cheia de ações – cursos breves de literatura, debates –, para sextas e sábados, a partir de setembro. Quanto aos livros, estes podem ser deixados em sete pontos do país – dois em Lisboa, um em Cascais, um em Steúbal, dois no Porto e um em Vila Real (ver aqui quais são).

Depois do brunch nada melhor do que um passeio, um bom pretexto para conhecer mais de 70 peças de arte contemporânea de 30 artistas nacionais e internacionais, no âmbito da Cidadela Art District (CAD), projeto da responsabilidade do Pestana Hotel Group, o qual integra um coletivo de artistas que desafiaram outros tantos, formando o movimento Take Over, cujo objetivo é preencher a Pousada de Cascais e a Cidadela como se de uma tela em branco se tratasse, dando lugar a inusitados espaços intervencionados por artistas consagrados e emergentes.

Ainda sobre o CAD, vale a pena conhecer o Project Room, espaço de intervenção e criação artística onde reside, por tempo determinado, artistas convidados, do qual resultam intervenções site specific ou exposições temporárias no Exibition Room; e os dois novos Quartos de Autor, um da autoria de Heberth Sobral e a suite presidencial Nadir Afonso, destacada pelo importante acervo de obras do consagrado pintor português. A entrada é livre. •

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© Fotografia: João Pedro Rato (exceto a foto de entrada, uma cortesia do Pestana Cidadela Cascais Pousada & Art District)

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