Altis Belém Hotel & Spa / A alma dos nossos pátrios

O entreposto comercial situado numa ilha da costa ocidental de África, banhada pelo Índico, é o ponto de partida para uma incursão pacífica rumo ao desconhecido. Falamos da ilha de Moçambique, descoberta por Vasco da Gama quando estava prestes a dobrar a página da história dos Descobrimentos, o nome do quarto 106 do Altis Belém Hotel & Spa. Um cinco estrelas ditado pelo traço depurado, pela volumetria distinta e pelo design, premiado com European Finest Hotel e interpretado por uma generosa caixa de luz natural voltada para o Tejo, para Lisboa e para o mundo.

À beira do rio que banha Lisboa

A luz irrompe pelas imensas janelas de vidro que percorrem os cantos e recantos de um espaço descontraído e muito trendy, o Altis Belém Hotel & Spa, cujo projecto geral de arquitectura tem a assinatura do atelier de arquitetura Risco. À beira de um Tejo que protagoniza um encontro feliz com o céu, lá fora, a partir da varanda de cada quarto, num gentil convite para embarcar numa viagem sem fim à vista. África, Ásia e Américas são os destinos traçados na rota dos hóspedes. Cada um conta a história da sua descoberta concretizada após longínquos périplos dos antigos navegadores pátrios pelos gigantescos e tenebrosos oceanos, fruto de um trabalho aprofundado pelo Professor Anísio Franco, conservador do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa. Cada um retrata momentos da história de Portugal que ornamentam um painel, ilustrado pela RMAC Brand Design – atelier responsável pelo projecto gráfico –, numa alusão aos territórios nunca antes explorados, e cuja cor dominante rima com os tons dos objectos decorativos e os tapetes 100 por cento nacionais, com as peças de mobiliário e de equipamento, entre os múltiplos elementos que concentram o conceito do hotel refletido nos espaços interiores, uma escolha dos arquitetos de interiores Margarida Grácio Nunes e Fernando Sanchez Salvador, da FSSMGN arquitectos. Preguiçamos na piscina interior aquecida, do BSpa by Karin Herzog – também da autoria da dupla de arquitectos – distinguido, no passado mês de Abril, com o título de “Best Luxury Hotel Spa”, na categoria Country Winners atribuído pelo World Luxury Hotel & Spa Awards.

A Mensagem d’El rei D. Manuel I

Os ponteiros do relógio alcançam a hora do repasto da noite. O desembarque está previsto para as 20, na Cafetaria Mensagem, um spot lisboeta muito descontraído, com vista para a Doca do Bom Sucesso, o ponto de partida dos navegadores de outrora. A cozinha, intemporal, é apresentada numa carta pensada pelo chef José Cordeiro, o homem do leme do Feitoria, um restaurante de sabores absolutos, inspirados na gastronomia portuguesa. Para já ficamos por aqui, num espaço dominado pelo cândura do branco, mas não sem antes sermos “recebidos” pelo rinoceronte de D. Manuel I, na porta, desenhado por Albrecht Dürer, num ato simbólico que remete para o episódio em que o rei quis oferecer tão enorme animal ao Papa Leão X, como portador de uma mensagem pacificadora. As iguarias nipónicas inscritas num menu variado do Oyster & Sushi Bar ficam para a próxima. Quem sabe… O serão termina no agradável Bar 38°41’, as coordenadas exatas do Altis Belém Hotel & Spa, com uma esplanada virada para o jardim, o rio e para quem passa. Sim, porque os passantes são bem-vindos, caso desejem tomar o pequeno almoço, apreciar um bom repasto e um bom vinho ou, simplesmente, marcar um encontro.

Um refúgio citadino de design

O dia poderia ter acordado com um mergulho na simpática piscina do terraço do hotel, mas o tempo impede tamanha ousadia. Mudamos de rota. Após um pequeno almoço tranquilo na Cafetaria Mensagem é a vez da massagem no BSpa by Karin Herzog. O spa urbano de design do Altis Belém Hotel & Spa, dominado pela cor da neve a contrastar com os apontamentos cor da cereja. Simples, sem artifícios, e o único no país com a assinatura exclusiva da marca suíça. À nossa espera está Pedro Amaro, da Top Spas, que gere este refúgio zen da cidade das sete colinas, no qual um corredor/jardim interno que atravessa o mesmo, de ponta a ponta – até às salas de tratamentos –, encaminha a luz natural até este lugar sereno, com duas piscinas que apetece explorar, sauna, hamman e banho turco, e um pequeno ginásio. O tempo escasseia, pelo que está na hora de nos entregarmos ao momento relaxante do dia.

No fim chega a vez do ritual do chá. E assim descansamos na alma de Lisboa. 

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© Fotografia: João Pedro Rato