Uma taberna que é uma galeria de petiscos

A gastronomia é servida a preceito numa carta à portuguesa, onde os petiscos tradicionais, para picar e partilhar, ressaltam na eleição dos comensais, num espaço rendido aos detalhes de uma arquitetura ímpar, de portas abertas em plena movida da cidade do Porto. O nome: Taberna Galerias de Paris.

Posta arouquesa com batata frita e grelos

Croquetes de alheira recheados com queijo da serra, peixinhos da horta, requeijão assado no forno com pimentos e azeitonas, ovos mexidos com farinheira e cogumelos, entre outras muitas iguarias invernis, fazem jus ao velho ditado, pois “são de comer e chorar por mais”, na companhia de uma agradável conversa e de néctares de Baco escolhidos a dedo.
O almoço prossegue à mesa com carpaccio de espadarte curado, acompanhado por tostas e alface, uma deleitosa sugestão seguida de uma suculenta posta arouquesa (carne obtida a partir de animais de raça bovina arouquesa), com batata frita e grelos, duas sugestões dos pratos portugueses da carta da casa que, assim, comprova a primazia dos produtos nacionais. O mesmo acontece com os vinhos, oriundos “de lés a lés” de Portugal, dos quais “mais de metade é servida a copo”. Afinal, estamos num restaurante que é uma taberna, a de João Vieira Neves.

A conceção do espaço recuperado, onde “tudo foi feito de raiz”, diz o mentor, e reaberto em outubro de 2013, conta com a assinatura do atelier de arquitetura OODA. Demarcada pelos tons quentes, que trazem à memória as cores de Marraquexe, a composição decorativa, dominada por cadeiras vintage e os bancos corridos, ao longo de uma das paredes, escondendo, por baixo, uma garrafeira… entre mesas com tampos de madeira e outras de azulejos levados de Mortágua, debruadas a ferro forjado, numa composição presa ao detalhe, como o painel de azulejos Viúva Lamego e a escada que convida a subir ao recato da mezzanine, perfeita para um jantar mais intimista.

E por falar em pormenor, o desafio de personalizar o individual é feito aos comensais habituais e não só. Basta pegar nas canetas disponíveis no copo junto do mesmo e mostrar os seus dotes no desenho em papel craft. Quem sabe se não fará parte da coleção de “quadros” pendurados na parede da Taberna?

Ao fundo, a cozinha, aberta ao olhar dos mais curiosos, tem a chef Luísa Gouveia, que estudou na Cordon Bleu de Paris, com a gastronomia portuguesa entre mãos, sobre a qual afirma: “Nunca pensei que fosse tão estimulante.” Embora, por vezes, João Vieira Neves faça questão de se pôr entre tachos e panelas, uma paixão antiga convertida, no presente, num espaço como este.

De volta à mesa, o repasto termina sublime, com uma deleitosa tarte de lima, sugestão acatada e renovada para quem ao n.º 67 da rua Galeria de Paris, no Porto, for para almoçar ou jantar. Bom apetite! •

+ Taberna Galeria de Paris
© Fotografia: João Pedro Rato com Canon PowerShot G16