Da entrada à sobremesa, o restaurante do n.º 169 da rua do Salitre, em Lisboa, convida a petiscar e a (com)partilhar, num regresso à gastronomia tão nossa.
abc. Assim mesmo, em minúsculas, as três primeiras letras do abecedário representam um regresso às origens, “um voltar à comida portuguesa”, diz Luís Baptista, arquiteto e autor do espaço que, com Patrícia Baptista, advogada de profissão e relações públicas do restaurante, formam a dupla de anfitriões – e sócios – que, entre pratos e o acompanhar do vinho “da casa”, de José da Mota Capitão, proprietário da Herdade do Portocarro, no Torrão, entre os distritos de Setúbal e Évora, falam da necessidade de trazer para a cidade os cozinhados das nossas avós. Os pratos indiciam isso mesmo, uma cozinha popular com um toque atual, elaborada por Marta Simões, figura incontornável da cozinha deste espaço, desde os tempos de Pedro e o Lobo.
Comida na mesa e os comensais não hesitam em servirem-se do talher disposto num pequeno balde de metal em cima da mesa cujo tampo em mármore está à vista. Da ementa, as azeitonas, o queijo e os enchidos dão as boas-vindas à tradição, assim como as receitas reinventadas do pica pau do lombo ou do escabeche de codorniz, que reuniu consenso a par com o choco frito e a tiborna com cogumelos, requeijão e ovo escalfado. Para o prato principal, o polvo à lagareiro também teve a aprovação dos presentes.
O mesmo se pode dizer sobre a mousse de chocolate, o bolo quente de chocolate e o doce da casa, desta feita um cheesecake.
O alinhamento da decoração, despojada de formalidades, inscreve-se num ambiente convidativo imbuído numa estética vintage, demarcada pelas paredes forradas com ripas de madeira escura, pelos posters de cinema e pelos abat-jours de franjas.
A propósito, onde vai jantar esta noite? •
+ Restaurante abc
© Fotografia: João Pedro Rato