Gastronomia açoriana no Terraço do Tivoli Lisboa

Porque há que percorrer “Portugal de Norte a Sul”, eis mais uma edição de verdadeiras experiências à mesa na capital portuguesa, desta vez com um desfile de iguarias feitas sob a orientação revezada dos quatro chefs do Anfiteatro, o restaurante da Escola de Formação Turística e Hoteleira dos Açores, na ilha de São Miguel.

Os chefs do restaurante Anfiteatro: Pedro Oliveira, Nuno Santos, Cláudio Oliveira e Sandro Meireles

Depois dos restaurantes Casa Inês, do Porto, Tomba Lombos, do Alentejo, Noélia e Jerónimo, do Algarve, Solar Bragançano, de Trás-os-Montes, e Taberna Ó Balcão, do Ribatejo, chega a vez dos Açores atravessarem o Atlântico e mostrarem a sua gastronomia através do savoir faire dos seus embaixadores d’aquém e d’além mar: Sandro Meireles, Pedro Oliveira, Cláudio Pontes e Nuno Santos. Os chefs do Anfiteatro, o restaurante integrado na Escola de Formação Turística e Hoteleira dos Açores que muito faz pela gastronomia da região, graças ao know how dos chefs residentes e à dinâmica associada ao 10 Fest Azores (leia aqui a reportagem de 2015), evento anual que comprova a capacidade de intercâmbio e de partilha de experiências notáveis com chefs além fronteiras.

É o que irá acontecer de 19 a 28 de fevereiro no Terraço, de portas abertas desde 1964 no emblemático Hotel Tivoli Lisboa, na avenida da Liberdade, na cidade das sete colinas, o qual será palco de mais uma edição de “Portugal de Norte a Sul”, a iniciativa assinada por Fátima Moura, dotada de um conhecimento irrepreensível pela gastronomia portuguesa que, a cada três meses, dá a conhecer a cozinha regional a lisboetas, turistas e viajantes.

O prato de enchidos, uma das quatro entradas do repasto que celebra a gastronomia açoriana

Com a manteiga das Flores, o pé de torresmos, o queijo fresco açoriano e a tradicional pimenta da terra – os dois últimos são, segundo a tradição, para comer em conjunto – a iniciar o repasto, seguem-se as entradas, onde não irão faltar os chicharros e o inhame – prato de sabores únicos –, os enchidos dos Açores, o creme de nabos de Santa Maria com espadarte – de sabor intenso, mas que, a pouco e pouco, conquista o palato pela diversidade e a vontade de descobrir os ingredientes que o compõem – ou a fava rica e as iscas, ambas a marcar o passo das Festas Populares à mesa.

Do mar, património da região que lhe é tão dedicada, há o deleitoso boca negra, arroz de lapas e açafroa; o polvo assado em vinho de cheiro e batata; o alfonsim com migas de batata-doce, couves aferventadas e crocante de bolo da sertã; e o caldo de peixe do Pico.

A alcatra, o prático típico da ilha Terceira

Para o prato de carne, a lista inclui as célebres e muito apreciadas sopas do Espírito Santo, que fazem parte da ementa da festa que lhes dá o nome; a alcatra à moda da Terceira, o ex-libris da cozinha desta ilha açoriana, acompanhada por abóbora e, como manda a tradição, a massa sovada; torresmos com feijão assado; e o bife à Micaelense com batata frita.

S. Jorge, Morro curado e Pico traduzem mais um convite a uma viagem pelos Açores

Para o doce final os chefs reservam a sopa dourada, ilha e banana; o pudim de feijão com sorbet de maracujá, de “comer e chorar por mais”; os queijos de S. Jorge, Morro curado e Pico (que, outrora, se faziam para preservar o leite, devido à sua produção excessiva representado, hoje, cerca de 50 por cento na produção dos queijos nacionais e o leite 30 por cento); e a queijada da Graciosa com ananás em especiarias.

Em paralelo, fica o convite para conhecer três obras de arte inspiradas nas ilhas dos Açores, com a assinatura da artista plástica açoriana Catarina Branco que, inspirada na questão da identidade, na tradição açoriana e na contemporaneidade, faz “uma apresentação poética” dos arquipélago .

Embarque nesta viagem pelas cozinhas das ilhas do arquipélago dos Açores à carta ou através do menu degustação (€ 45, sem bebidas ou € 60 com bebidas), ao almoço (das 12.30 às 15 horas) ou ao jantar (das 19.30 às 23 horas), de 19 a 28 de fevereiro, no Terraço, através do 213 198 934 ou de reservas.terraco@tivolihotels.com.

Entretanto, no dia 27 de fevereiro, haverá um jantar temático inspirado em importantes momentos da história do arquipélago, os quais são interpretados pelos pratos criados pela combinação dos produtos locais em sintonia com a criatividade dos chefes Sandro Meireles, Pedro Oliveira, Cláudio Pontes e Nuno Santos. Para abrir o apetite, aqui fica este roteiro especial à mesa, o qual começará com a descoberta das ilhas e a sua natureza intocada e terminará pelos ciclos agrários da laranja, do ananás e do chá, com paragens deleitosas pelo ato corajoso de enfrentar o Atlântico, com base na obra de Armando Cortes Rodrigues, “Quando o mar galgou a terra”, pela revolta dos inhames contra a taxação deste tubérculo, no século XVII, e pelas célebres festas do Espírito Santo. O valor deste menu, composto por seis pratos, é de € 65 (bebidas incluídas). •

Boa viagem e bom apetite! •

+ Tivoli Lisboa
© Fotografia: Mário Cerdeira
Legenda da foto de entrada: Alfonsim com migas de batata-doce, couves aferventadas e crocante de bolo da sertã

Partilhe com os amigos