O retiro Extramuros em pleno Alentejo

A Villa de Jean-Christophe Lalanne e François Savatier está maior. Além dos quartos da casa que, inicialmente, deu origem a este projecto fora da vila de Arraiolos há, agora, duas cabanas no meio da natureza.

A natureza no seu estado mais puro permanece quase intacta na propriedade que acolhe a Villa Extramuros, no Alentejo. A chegada à casa de Jean-Christophe Lalanne e François Savatier é brindada pela boa disposição de ambos. Anfitriões natos, há sempre um que faz questão de acompanhar os hóspedes, seja até ao quarto da casa principal, seja até uma das duas cabanas, a boa nova deste lugar recatado de portas abertas há sete anos.

A ideia de ampliar e diversificar os espaços destinados ao repouso surgiu assim que a procura começou a aumentar, uma realidade repetível a cada Verão. “Depois porque precisávamos de um novo projecto, inventar de novo, inovar”, esclarece Jean-Christophe Lalanne. Afinal, “um hotel é um elemento vivo. Estão sempre a acontecer coisas novas”, acrescenta.

Para dar continuidade à linha minimalista da casa, os dois proprietários recorreram, novamente, ao atelier Voar Arquitectura, do arquitecto Jordi Fornells. Em Agosto de 2017, as cabanas estavam prontas.

Tal como no projecto, em cada uma predominam as linhas rectas. Integradas na paisagem como se dela já fizessem parte, ambas estão maioritariamente revestidas de cortiça, a nobre matéria-prima do alentejo. A entrada para o quarto faz-se pelo terraço com vista para a natureza em estado selvagem. No interior, o contraplacado marítimo é o material predominante nas paredes, no roupeiro, no sofá – que se transforma em cama em dois tempos – da pequena sala contígua e no armário da kitchenette, dentro do qual está o essencial de uma cozinha. Na casa-de-banho, cujo comprimento acompanha a lateral oposta à entrada, o mosaico hidráulico e as peças decorativas dão cor à predominância do branco e à luz natural que entra pela porta de acesso a um pequeno terraço murado. “Todos os materiais são daqui”, assegura François Savatier.

Está tudo pensado ao pormenor. O conceito família é bem-vindo a cada uma destas casas de dimensões reduzidas ou não houvesse espaço livre para a pequenada poder dar azo à imaginação em plena paisagem campestre. Por outro lado, são também o destino perfeito para quem procura o descanso total e aos apreciadores dos repastos ao ar livre. O serviço de limpeza está assegurado, mas o pequeno-almoço é servido na sala contígua à cozinha da casa principal ou no pátio interior central, sempre que o bom tempo o permite.

A primeira refeição da manhã difere todos os dias, se assim o desejar, claro. O pedido é feito na hora. Os frutos secos, assim como a fruta previamente dispostas num cesto em cada mesa, são uma boa maneira de entreter os mais irrequietos enquanto se aguarda a chegada dos restantes produtos para um pequeno-almoço tranquilo. Há ovos mexidos, iogurte caseiro com granola, cereais, pão, torradas, compotas caseiras, mel, leite, chá ou café, manteiga.

Agora entregue-se à acalmia que o tempo dita neste refúgio. Os sofás dispostos no pátio servem para esse fim nos dias quentes do ano, enquanto a sala, ao fundo, com enormes janelas, é o mote para pôr a conversa em dia, sobretudo quando os dias e as noites fritas tomam conta deste lugar recatado.

“Para o outono vamos criar uma zona de ioga com um deck, afirma François Savatier. A procura da Villa Extramuros é crescente para quem procura um refúgio bem longe dos centros urbanos da Europa. “Porque os americanos alugam a casa toda para fazer um retiro espiritual. São só mulheres e trazem sempre os profissionais”, justifica.

Mergulhamos na piscina? A pergunta é propositada. A resposta é, certamente, afirmativa ou não fosse o Alentejo uma região primada pelo calor nos dias de estio e pelas horas que teimam em passar devagar, tal como é desejo para os tempos de pausa.

A (re)descobrir. Boa viagem! •

+ Villa Extramuros
© Fotografia: João Pedro Rato

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