Porque No Tacho é palco de bem comer

Não é uma pergunta. É uma afirmação. Falamos de um dos restaurantes da baixa coimbrã, onde a sala, embora pequena, convida a viajar pelas receitas criadas em tantas cozinhas do nosso país.


A pitoresca Baixa de Coimbra tem o encanto de guardar as memórias de outrora, ora convertidas em novidades e lugares preservados, ora devoradas pelo tempo que passa. As ruas são, porém, as mesmas, com a calçada intemporal e que nos remete para dias e noites repletas de celebrações das datas que só os conimbricenses e quem, de fora, vai estudar para a “lusa Atenas” sabem do que aqui se fala. Sobre o que se come, é outro assunto.

Entremos No Tacho. O restaurante situado no n.º 20 da Rua da Moeda, em Coimbra, tem a sua pequena sala o palco da cozinha regional portuguesa que viaja ao passado para servir, no presente, os sabores que são legado a respeitar e produtos feitos para apreciar à mesa. O arroz do Mondego, os queijos da Beira Baixa e os enchidos de Trás-os-Montes convertem a refeição No Tacho numa viagem pelo nosso país. Até mesmo na carta vínica, “com as regiões da Bairrada e do Dão em destaque”, diz-nos Bruno Carvalheira, o proprietário do restaurante inaugurado a 6 de Janeiro de 2018. Outras há No Tacho centrado, apenas, “em pequenos produtores de vinhos pouco convencionais”, continua.

Aliás, foi precisamente o vinho o pretexto para conhecer No Tacho, sendo a Quinta dos Plátanos a protagonista da harmonização. A propriedade vinhateira, de 40 hectares, situada na Aldeia da Merceana, concelho de Alenquer, na Região dos Vinhos de Lisboa, cuja origem do nome se deve aos três enormes plátanos centenários localizados nas traseiras do solar, está na mesma família desde o século XVII e continua a dar cartas em matéria de vitivinicultura.


Entradas harmonizadas pelo espumante Fernando Martins Reserva Bruto 2016 feito a partir das castas brancas Bical e Arinto

Idealizado, inicialmente, como um espaço dedicado a charcutaria, queijo, tapas e vinho, rapidamente se tornou num restaurante baptizado com o nome No Tacho. A mudança deveu-se ao chef Vítor de Oliveira, um grande entusiasta da diversidade de receitas que existem no país, até porque há que começar a refeição com uma tábua composta por queijo de cabra, de ovelha, o amarelo da Beira Baixa, o misto com alecrim, o de malagueta e de ovelha de Trás-os-Montes. Quanto aos enchidos, o presunto de vaca e presunto ibérico de 36 meses de cura são opções a considerar para a partilha enquanto aguarda o prato que se segue. Mas há mais, para descobrir! E sem esquecer o azeite transmontano do couvert.


Plátanos branco 2015, vinho da região vitivinícola de Lisboa que, graças à sua frescura e acidez q.b. combinou com o bacalhau da Islândia do chef Vítor de Oliveira

Aliás, o compêndio do chef Vítor de Oliveira é uma verdadeira ode ao receituário que percorre o país. Há chanfana, como não poderia deixar de ser ou não estivéssemos a falar de um restaurante onde este prato cozinhado numa caçoila de barro é tradição, embora seja aconselhável a reserva antecipada – o mesmo se aconselha em relação ao cozido barrosão.


O Plátanos branco 2015 também esteve à altura deste Borrego da Serra da Estrela DOP que estará novamente No Tacho no próximo Inverno

O arroz de perdiz mantém-se e o arroz de fumeiro – um prato dos céus! – também, para combinar com Plátanos Syrah 2013, uma das grandes pérolas da Região dos Vinhos de Lisboa.


De Touriga Nacional e da Pinot Noir foi feito este Quinta dos Plátanos Tou Noir 2016 que acompanhou este arroz de entrecosto em vinha d’alhos, prato que voltará ao restaurante nos meses frios do ano

Já o arroz de entrecosto em vinha d’alhos – um colosso para epicuristas e de acompanhar com Quinta dos Plátanos Tou Noir 2016, um tinto feito – e bem feito – a partir das castas Touriga Nacional e Pinot Noir – passará a constar na carta de Inverno deste restaurante. O arroz de cabidela, receita invernal, é confeccionado a pedido e com a antecedência devida.


Os atributos da casta Syrah nesta colheita de 2013 da Quinta dos Plátanos estiveram alinhados com este divinal arroz do fumeiro

Por agora, é de salientar a Carne Marinhoa DOP, o lombo de porco alentejano e o polvo do Algarve, enquanto que o Borrego da Serra da Estrela DOP voltará para a carta nos dias meses mais frios do ano. De fora vem o fiel amigo, desta feita, o bacalhau da Islândia, para harmonizar com Plátanos branco 2015 feito a partir das cartas Fernão Pires, Arinto e Viosinho – sendo esta variedade de uva um verdadeiro tesouro da Quinta dos Plátanos, uma vez que dá corpo a uma colheita de 2015 que é truz! 


O morgado do Bussaco, o pudim de gemas com Vinho do Porto e os gelados fizeram sucesso juntamente com este Fungus Podridão Nobre Vindima Tardia da Carvalheira Wines, Bairrada

Da vizinha Bairrada sobressai o morgado do Bussaco, para gáudio dos mais gulosos, sem descurar do pudim de gemas com Vinho do Porto. O leite-creme e o pudim de queijo também são alternativas a ter em conta, assim como os gelados.

O serviço feito, a partir de terça-feira até ao almoço de Domingo, No Tacho e a Vinariam – bar de tapas e vinho, loja de vinhos e mercearia (também online ), de Bruno Carvalheira instalado no n.º 25 da Rua da Moeda — vai passar a ser, em breve, entre quinta-feira e Sábado, a segunda sala do restaurante.

+ No Tacho

© Fotografia: João Pedro Rato

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