A noite de 15 de Dezembro de 2016 registou o virar da página do icónico Porto de Santa Maria, no Guincho que, para 2017, promete boas novas na cozinha e na sala.
O icónico restaurante do Guincho celebra 70 anos em 2017
O primeiro jantar vínico no Porto de Santa Maria, restaurante erigido nos anos 1940’ em uma falésia do Guincho, em Cascais, banhada pelo enorme Atlântico que preguiça em frente, na Praia da Cresmina, surpreendeu os presentes. Despojado dos clássicos do restaurante, o repasto confeccionado pela equipa liderada pelo chef Paulo Matias demonstrou quão versátil pode ser uma cozinha, sobretudo, quando a criatividade é entendida como o ponto alto e sem deixar de “mostrar a qualidade do produto”, sublinhou o chef.
Os monocastas Viosinho e Riesling da colheita de 2014, os Dory Reserva branco 2014 e Reserva tinto 2013, e o Vinho do Porto Burmester Vintage 1970
O objectivo foi mostrar que o Porto de Santa Maria também pode ter “uma cozinha tradicional aliada à contemporaneidade”. As palavras são de Paulo Matias que, deste modo, definiu o menu criado para harmonizar com vinhos da Adega Mãe, um trabalho feito em conjunto com o escanção da casa, António Guerreiro que, por sua vez, contou com o apoio do escanção João Chambel, da garrafeira Estado d’Alma, em Lisboa.
Passemos à mesa de restaurante que “é uma história com muita história”, afirmou Rodrigo Saragga, em representação dos donos deste mítico espaço que, entre os anos 1984 e 2008, conquistou uma estrela Michelin do célebre Guia Vermelho da Michelin. Porém, “as memórias não bastam, por isso, o ano de 2017 vai ter muitos desenvolvimentos no Porto de Santa Maria, que vai aliar a tradição à inovação”, rematou.
Ravioli de lavagante, creme de crustáceos e manjericão
No alinhamento da noite, deu-se início ao repasto com uma entrada quente confeccionada a preceito e com uma harmonia de sabores muito bem estruturados no prato. Falamos de um saboroso ravioli de lavagante – e cujo tamanho suscitou um debate à mesa – em creme de crustáceos e manjericão servido a par com Adega Mãe Viosinho 2014, um Vinho Regional de Lisboa feito a partir da casta Viosinho, que prestou uma harmonização perfeita.
Salmão curado e fumado com papaia e lima
Na entrada fria o protagonista foi o salmão fumado e curado, acompanhado por quinoa, azeite de manjericão, azeite de manjericão em pó – uma dupla que comprovou o facto de “nos meus pratos há sempre um ingredientes com duas texturas, no mínimo”, tal como disse, mais tarde, o chef Paulo Matias –, papaia e lima. Um prato muito interessante, em particular o salmão servido com uma consistência muito aprazível. De Baco, a escolha recaiu num Adega Mãe Riesling 2014 elaborado a partir da casta Riesling oriunda da Alsácia.
Pregado com ervilhas, cogumelos chanterelles, ovo escalfado e crocante de trigo
Do mar, Paulo Matias escolheu ainda o pregado acompanhado por ervilhas, assim como pela vagem, pelos rebentos e pelo puré de ervilhas, crocante de trigo recheado com presunto pata negra, ervilhas, cogumelos chanterelles e ovo escalfado, prato que comprovou a qualidade do produto e os sabores. De truz foi também a harmonização, desta vez, com Dory Reserva branco 2014, um vinho da Adega Mãe com as castas Viosinho, Alvarinho e Chardonnay.
Duo de carré e pá de borrego, batata doce roxa, legumes assados, couve chinesa e abóbora
Na carne o suculento borrego foi rei, ora o carré, ora a pá, na companhia de batata doce roxa, legumes assados, couve chinesa e abóbora, tudo boas razões para se repetir jantares como este no mítico Porto de Santa Maria, e para o qual foi escolhido o Dory Reserva tinto 2013 feito a partir das castas Touriga Nacional, Merlot, Cabernet Sauvigon e Petit Verdot.
Tarte Tatin com requeijão de Terras de Sicó
À sobremesa coube a Mathilde Emiliano brilhar. Graças à jovem chef pasteleira do Porto de Santa Maria, os presentes degustaram uma gulosa tarte Tatin com requeijão de Terras de Sicó, na Beira Baixa e uns bombons “de comer e chorar por mais”.
Rodrigo Saragga na mui falada cave do Porto de Santa Maria
Da parte do legado de Baco coube a vez ao Vinho do Porto Burmester Vintage de 1970 – uma das dez mil garrafas que faz parte da tão famosa cave do restaurante –, ano que valeu um brinde especial e a 2017, anos em que chegarão, de certo, mais surpresas a bom porto a partir deste “ensaiou para uma nova temporada”, declarou Paulo Matias, uma nova era, para celebrar os 70 anos do Porto de Santa Maria que não irá, porém, descurar dos seus clássicos à mesa. •