O produto local e o receituário regional são as divisas do chef Miguel Silva, que proporcionou um repasto no tranquilo restaurante do encantador Palácio de Seteais, o qual terminou com uma sobremesa supimpa.
Os frescos, o mobiliário e as peças decorativas conservam o estilo palaciano do hotel Tivoli Palácio de Seteais
Era uma vez um palácio… Assim poderia começar esta viagem pelos sabores portugueses no Tivoli Palácio de Seteais – pertença do grupo tailandês de hotelaria Minor – pelas mãos do chef Miguel Silva, responsável pela cozinha do Restaurante Seteais a partir de finais de 2016. Desde então, a sopa de peixe, o bacalhau, o polvo, o leitão e o borrego são protagonistas de uma carta de terra e mar, com destaque ainda para o marisco da nossa costa e a maçã reineta de Fontanelas, aldeia da freguesia de São João das Lampas, Sintra. Já lá iremos…
Do palácio datado de finais do século XVIII, mandado erigir por Daniel Gildemeester, cônsul holandês em Portugal, perduram os frescos sempre contemplados como se fosse a primeira vez e complementados com mobiliário de época. À mesa, os pratos clássicos são de louça da centenário e mui portuguesa Vista Alegre, outrora com o serviço Sete Ais, mandado fazer há 45 anos. Agora chama-se D. Maria e a combinação prevalece de truz!
Sirva-se o repasto. Primeiro o pão e as manteigas de cabra, de azeite de coco e de tomate aromatizado. Depois o amuse bouche, um puré de beterraba com tataki de atum, maracujá e sumo de maçã.
Seguiu-se o foie gras braseado em quantidade q.b. em tosta com maçã verde, que funcionou no prato pelo contraste de sabores entre ambos – a gordura do fígado de pato e a acidez do fruto.
O terceiro momento enalteceu as raízes portuguesas com o camarão, o mexilhão e a lula em caldo à Bulhão Pato e seduziu o palato, com o camarão cozinhado q.b., a salicórnia, os coentros e uma pitada de gengibre.
No mar, o protagonismo foi para o delicioso pregado e um arroz com tinta de choco “de comer e chorar por mais”.
Para a carne, o chef Miguel Silva recomedou o borrego com molho de carne de borrego, batata souflé, beringela, ras el hanout (mescla de especiarias muito usada no Norte de África) e aipo, tendo este último conferido um toque de picante ao prato.
Por fim, a sobremesa, o pudim de maça de Fontanelas com gelado de canela, que substutiu o feulletine de chocolate do chef Miguel Silva. Um desfecho sublime neste Royal Tasting, o menu de degustação composto por cinco pratos, havendo também o Seteais, no qual o alinhamento conta com quatro pratos – a sopa de peixe, o leitão, o bacalhau e o pudim.
Miguel Silva, chef há 20 anos, trouxe os sabores portugueses com desvelo para a mesa do Restaurante Seteais
Agora é ir e deleitar-se neste palácio com vista para a Serra de Sintra — ao almoço, com pratos mais tradicionais e, ao jantar, com sugestões mais elaboradas –, pois no final de Junho a carta passará a ser brindada pelos sabores de Verão. “No fundo, tem de ser uma carta que sintamos que tenha ligação com toda esta envolvência, senão acabamos por ter um produto como os outros”, explicou o chef.
Ainda assim, é de salientar outro momento gastronómico por várias vezes solicitado pelos duetos mais românticos, o dining delight. Um menu de degustação de cinco pratos acompanhados pelo som do violino ou da harpa e servido no majestoso Salão Nobre de Seteais, com vista para a várzea de Sintra, ou junto à piscina, de onde se contempla o Palácio da Pena.
A mesma receita é tida em conta aquando dos banquetes que têm o Palácio de Seteais como palco, onde os rolinhos de Seteais e o travesseiro de bacalhau são elaborados por Miguel Silva – natural de Guimarães, formado na Escola de Hotelaria do Estoril e cujo percurso soma cozinhas de reconhecidos restaurantes e hotéis do país num total de duas décadas de experiência – como manda a cartilha ou não fosse o requinte uma das expressões máximas deste hotel rodeado por um jardim e uma floresta secular, e que trará muitas surpresas em 2018. Aguardemos… mas não sem antes passar por aqui . •