Lopes & Gonzalez é a nova dupla bairradina no universo vínico português

Nuno Gonzalez, enólogo residente da Herdade da Malhadinha Nova, no Alentejo, decidiu juntar-se ao cunhado, Pedro Lopes, para desenvolver um projecto pessoal de vinhos de quinta com o terroir de uma das mais emblemáticas regiões demarcadas do país.


Comecemos pela história desta dupla de bairradinos de gema que fomos encontrar no Algarve Trade Experience, o evento organizado pela Garrafeira Soares e que, este ano, teve lugar na Fábrica do Inglês, em Silves. Aquela remonta a 2015 quando, em conversa com um produtor de vinhos da Bairrada, Nuno Gonzalez perguntava se, porventura, conhecia alguém que tivesse, na região, uma vinha com a casta Baga. A informação dada pelo produtor coincidia com a de Pedro Lopes, cunhado do enólogo. “Telefonei ao Pedro [Lopes], que vendia uva para o [enólogo espanhol] Raúl Perez”, diz-nos, confessando que “não sabia que era tão boa!” Como o compromisso entre ambos se mantinha, restou a Nuno Gonzalez respeitar a parceria de negócio até chegar a 2017, quando o negócio ficou sem efeito.

Estava aberto o caminho para ambos fundarem a Lopes Gonzalez Vines & Wines. A ideia é fazer “vinhos de vinha, ou seja, cada vinha vai originar a um vinho”, explica o enólogo, e “com o mínimo de intervenção possível”

As vinhas são quatro – Vinha do Pombal e Vinha da Penezinha, ambas com a variedade de uva tinta Baga; Vinha do Vale Soeiro, com Syrah e Tinta Roriz que, a curto prazo, serão enxertadas de Bical e Maria Gomes, duas castas brancas; e Vinha das Lamas. Em breve, a soma totalizará cinco, com a passagem da Vinha Vera Cruz para as mãos de Pedro Lopes que, desde sempre, tem o trabalho no campo, aos fins-de-semana, como hobbie. Todas estão localizadas em Botão, freguesia da vila de Souselas, no distrito de Coimbra, e o nome que serviu de inspiração a criação da marca que, no futuro, servirá para “o vinho de vinha que não corresponda à nossa exigência e à qualidade que queremos”, justifica Nuno Gonzalez. É o caso da colheita de 2019, ano em que a colheita de Baga é reduzida.

No fundo, “são várias parcelas de vinha que estão perto umas das outras”, esclarece Pedro Lopes que, com o tempo, “juntou” as vinhas dos avós e de uns tios. A este pequeno portefólio de castas, ambos querem adicionar duas brancas, a Arinto e a Cercial. 

Depois, “decidimos começar a vinificação da uva na Campolargo”, adega localizada na Anadia, no distrito de Aveiro, bem como o estágio de Botão Vinha do Pombal tinto 2018 (€25), feito a partir da casta Baga, e Botão Vinha do Vale Soeiro tinto 2018 (€19), as duas referências vínicas que marcam o início deste projecto conjunto estabelecido entre Nuno Gonzalez, de 40 anos, e Pedro Lopes, de 51. Ambas são ideais para acompanhar pratos robustos, como a chanfana ou cabrito assado, por exemplo.

A (a)aguardar para brindar em breve!



© Fotografia: João Pedro Rato

Legenda da foto de entrada: A dupla Pedro Lopes e Nuno Gonzalez


Já recebe a Mutante por e-mail? Subscreva aqui .