Quando a Baga é feita com vagar / Caves do Solar de São Domingos

Uva, clima, solo, exposição solar. Sabedoria, experiência. Tempo. Eis os fatores essenciais à produção de um vinho especial feito a partir da casta tinta utilizada a cem por cento neste clássico da Bairrada: Lopo de Freitas Baga 2016.


Original da Região Demarcada do Dão, onde também é conhecida por Carrega Bestas e Paga Dívidas, é na Região Demarcada Bairrada que revela grande parte do seu potencial e resistência, atributos determinantes para o aumento desta variedade de uva que, até aos anos 1960, chega a atingir 90 por cento do total do encepamento desta região vitivinícola localizada a dois passos do mar. Três décadas mais tarde, a Baga é substituída por outras variedades de uva economicamente mais rentáveis para os agricultores e, consequentemente, esta casta tinta chega a representar cerca de 30 por cento do encepamento da Bairrada.  

Esta súmula de parte da história sobre tão nobre castas portuguesa explica o incentivo à plantação da Baga por parte da Caves do Solar de São Domingos, situada em Ferreiros, no concelho de Anadia pertencente, por sua vez, à Região Demarcada da Bairrada. E para fazer um vinho de excelência a partir da Baga é preciso descobrir a vinha com a melhor matéria-prima.


César Almeida, responsável pela área da viticultura, fala acerca dos factores preponderantes aquando da escolha da casta e da vinha adequada a cada variedade de uva


Foi o que fez, há mais de dez anos, a equipa desta empresa familiar. Segundo César Almeida, responsável pela área de viticultura há cerca de 15 anos, “começamos a selecionar um conjunto de viticultores com vinhas com potencial para espumante”, a partir da seleção criteriosa das plantas e dos solos adequados à evolução da casta. Acresce a experiência no que à mão de obra qualificada na vinha diz respeito ou não fossem as intervenções na vegetação das videiras e na produção de uva indispensáveis quando realizadas no momento certo. 

A vontade de arriscar por parte desta empresa familiar da Anadia é determinante nos sucessivos ensaios efectuada em campo. Ao fim de pouco mais de uma década, chega-se à conclusão que a monda manual deve ser feita a cerca de 40 por cento dos cachos de Baga, destinados para o espumante, e que as restantes uvas são vindimadas um mês depois para dar corpo ao vinho com a chancela Lopo de Freitas. Estão, assim, reunidas as condições para a produção de um vinho excepcional como este Lopo de Freitas Baga 2016, um Bairrada clássico da Caves do Solar de São Domingos. 


O rigor do trabalho realizado na vinha e na adega, explicados por Susana Pinho a respeito de Lopo de freitas Baga 2016, reflete-se no vinho


“O segredo de um bom vinho está na produção de grandes uvas”. A afirmação é da enóloga da “casa”, Susana Pinho que descreve o trabalho posto em prática até o Lopo de Freitas Baga 2016 chegar à garrafa. A Baga é proveniente de uma parcela de solos areno-argilosos localizada em São Lourenço do Bairro cujo ciclo vegetativo foi escrupulosamente acompanhado pelos responsáveis das áreas de viticultura e de enologia da Caves do Solar de São Domingos. O objectivo consistiu em colher cachos com bagos mais pequenos, que concentrassem as características desta variedade de uva, sendo a monda executada um mês antes da vindima manual.


Forte entusiasta dos vinhos da sua “casa”, Alexandrino Amorim enaltece o trabalho de equipa realizado por César Almeida e Susana Pinho


As uvas foram submetidas a uma escolha criteriosa na adega e a um estágio de 18 meses em barricas novas de carvalho francês. Ao fim de quatro anos, Lopo de Freitas Baga 2016 está, finalmente, no mercado, com 3.086 garrafas de 0,75 litros (€150 cada) e 237 magnuns (€300 cada).

“Fazer um grande vinho de Baga demora o seu tempo”, afirma César Almeida que, ao lado da enóloga, faz o pairing perfeito nas palavras de Alexandrino Amorim, responsável pelo marketing e pela comunicação da Caves do Solar de São Domingos: “tudo o que é feito pelo César e pela Susana é bem feito!”.


Adriana Freitas é a matriarca da Caves do Solar de São Domingos


Já à mesa, este vinho harmoniza com pratos de carne ou peixe bem condimentados, como uma carne maturada acompanhada de arroz de forno ou um bacalhau confitado com molho pil-pil, respectivamente, ou um risotto de cogumelos e terminar a refeição a par com um petit gateau, de acordo com a sugestão de Susana Pinho. Ou, se preferir, guarde para daqui uma década conhecer a sua evolução. Afinal, um clássico nunca passa de moda.

A apresentação de Lopo de Freitas Baga 2016 teve lugar no elegante restaurante Via Graça recentemente renovado e com uma cozinha que vale a pena experimentar


Brindemos!

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© Fotografia: João Pedro Rato

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