Dorina Lindemann funda, em 1997, a adega da família e, em 2022, é a anfitriã de tão importante marco definido pelo trabalho desenvolvido pelo pai e reconhecido especialista na selecção de castas no nosso país, Jörg Böhm.
Touriga Nacional, Tinta Barroca, Touriga Franca, Alicante Bouschet, Aragonez e Trincadeira são as variedades de uva tintas da Quinta da Plansel, integram no lote do Plansel 25 anos tinto 2017 (€99), limitada a mil garrafas. Eis a edição comemorativa dos 25 anos desta propriedade vinhateira localizada em Montemor-o-Novo, reveladora de notas de frutos silvestres, com um toque floral, às quais se somam, na boca, as especiarias aliadas à frescura e estrutura deste tinto, com final longo e persistente. O potencial de guarda é igualmente revelador neste vinho.
A companhia? Carneiro assado à moda do Alentejo ou borrego no forno à alentejana são dois pratos protagonistas de uma boa companhia desta boa nova da Quinta da Plansel. Acrescente-se a chanfana ou o cabrito estonado, receitas beirãs, para quem gosta de se aventurar à mesa.
A par com o Plansel 25 anos tinto 2017, a anfitriã desta propriedade alentajana apresenta outras quatro boas novas. Dorina Lindemann Arinto 2021 rima com a época de estio, ou não fosse a caldeirada um dos pratos recomendados para este vinho. Aos mais pacientes, aconselha-se a devida espera, uma vez que a Arinto é uma casta com grande potencial de guarda. No alinhamento dos brancos, consta ainda Plansel Parcela Especial Verdelho 2021, um vinho frutado, com alguma acidez e sensação de mineralidade, que reúnem as condições para harmonizar com um peixe grelhado acompanhado por uma salada de Verão.
Nos tintos, o cartaz das novidades é constituído por Plansel Grande Escolha tinto 2016. Feito a partir das castas Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Barroca, colhidas na vinha da Capela de Santa Margarida, esta quarta edição reflecte as notas florais transversais às três variedades de uva somadas à sensação de mineralidade e a uma acidez equilibrada com a ligeira tosta das barricas de carvalho francês. À mesa, fica pelos pratos de carne assados no forno e a lenha, já agora, acompanhados por um belíssimo arroz de forno. Plansel Touriga Nacional 2020 mostra as características desta casta tinta, apesar do equilíbrio dos seus atributos atingirem o ponto certo daqui a uns anos. A confirmação é dada por colheitas anteriores de vinhos feitos a partir desta variedade de uva, como a de 2014, 2015, muito elegante, e 2018. “O princípio da Quinta da Plansel foi produzir monoscatas, para mostrar o potencial de cada uma” e “mostrar ao mundo o que somos”, afirma Dorina Lindemann.
150 castas em estudo contínuo
Comida à parte, é de destacar a história da Quinta da Plansel, nome este que deriva da aglutinação das palavras ‘planta seleccionada’. Datada de 1997, tem em Dorina Lindemann como a sua mentora. Licenciada em Enologia pela Universidade de Geisenheim, em Hessen, na Alemanha, a filha de Jörg Böhm, autor do livro “Portugal Vitícola – O Grande Livro das Castas” (2007), decide apostar no aumento da área de vinha e vinificar variedades de uva portuguesas.
Este trabalho é realizado com base no conhecimento do pai, que, desde 1975, estava radicado no Alentejo, onde desenvolveu um intenso estudo relacionado com a diversidade das castas nacionais, acima de tudo alentejanas, e o seu comportamento mediante o tipo de solo, a exposição solar, o clima registado anualmente e a intervenção humana na vinha – os Viveiros Plansel. Ou não fosse Portugal “um berço único das castas”, segundo Dorina Lindemann.
O primeiro vinho deste projecto familiar data da colheita de 1993 e foi produzido na Adega Experimental da Mitra, da Universidade de Évora, com a ajuda do enólogo Paulo Laureano. Em 2004, é Carlos Ramos quem passa a partilhar a enologia com Dorina Lindemman. A sua equipa é formada ainda pelas suas filhas, Julia, responsável pelas áreas de Marketing, Publicidade e Relações Públicas, e Luisa, que está a concluir o curso de Enologia em Geisenheim.
Com 80 hectares de vinha, a Quinta da Plansel reúne, actualmente, 150 variedades de uva nacionais, plantadas em várias parcelas, de modo a tirarem proveito das diferentes orientações solares. “Antigamente quase ninguém conhecia a personalidade de cada casta”, começa por explicar Dorina Lidermann, daí que, numa primeira fase, todas são objecto de estudo contínuo em 15 hectares do total de área de vinha e são submetidas à vinificação em menor quantidade na adega.
“Entre cinco a dez anos, conseguimos perceber se as uvas fazem o mesmo tipo de vinho e se têm a mesma consistência”, ou seja, “se mantêm a qualidade e a personalidade, ou se são castas que dependem do clima”.
O certo é que “nunca tenho a mesma vinha com a mesma qualidade”, acrescenta nossa anfitriã, referindo-se às mudanças climáticas actuais: “há mais humidade, menos humidade, mais sol. Todos os anos temos surpresas e descobrimos novas coisas.” Por isso, “tudo vinificado em separado, por parcela”, até porque “a selecção [das castas] é um milagre!”
Para conhecer a Quinta da Plansel, é reservar o dia e a hora. Depois, convém escolher entre a visita à adega e à galeria de arte, e a enxertia, sem ou com a prova de um a quatro vinhos – “Bronze” (€10), “Silver” (€15), “Gold” (€19,50) e “Platinum” (€29,50) –, acompanhadas por pão, azeite, frutos secos, queijo e paio.
A opção pode recair numa prova vínica com petiscos mais elaborados – “Marquês” (€25), “Montemor” (€35) ou “Alentejo” (€50) –, ou um piquenique, com direito a uma cesta recheada de vinhos, bem como petiscos e uma sobremesa alentejanos, e um passeio desde as vinhas até à Capela de Santa Margarida (€30 / 2 pessoas). Já “Um dia na Quinta da Plansel” revela um programa mais faustoso (€80 por pessoa / crianças até aos 12 anos não pagam).
Brindemos!