A família Cardoso volta a triunfar. Desta vez, fez-se o brinde com um trio de monovarietais da colheita de 2020, afortunado pela generosidade da natureza, em espaço com peças assinadas por Nini Andrade Silva e um túnel, com acesso para o futuro wine hotel da propriedade.
Alvarinho e Cabenert Sauvignon foram as castas seleccionadas para o branco e o tinto da colheita de 2020 da Herdade da Lisboa
“Queremos meter-vos no copo o porquê da Vidigueira ser uma sub-região tão especial, no Alentejo”, afirma Ricardo Xarepe Silva, enólogo da Herdade da Lisboa, em relação às boas novas – um rosé, um branco e um tinto – feitas a partir de uvas vindimadas nesta propriedade localizada na Vidigueira, no distrito de Beja. Depois da Viognier, da Trincadeira e da Touriga Nacional, em 2020 foram escolhidas as castas Alvarinho, Baga e Cabernet Sauvignon, para, a solo, mostrarem quão eclética pode ser esta sub-região do Alentejo vitivinícola e quanto valem no copo.
As três foram colhidas dos “melhores talhões” da Herdade de Lisboa, à semelhança do que vindo a ser feito com a gama homónima. Segundo Ricardo Xarepe Silva, a selecção acontece “logo no início [da fase] do pintor”. Ou seja, as variedades de uva podem ser diferentes a cada ano, mas há um requisito a cumprir: “têm de ter um nível qualitativo muito alto.” Face a este trabalho de precisão, Joaquim Cândido da Silva, Director de Projecto da família Cardoso, avança que a “Herdade da Lisboa será sempre uma marca de colecção”.
Comecemos as apresentações com a edição limitada a 1.100 garrafas do Herdade da Lisboa Alvarinho 2020 (€65 / caixa com o branco e o tinto, um vinho não muito exuberante, com volume e untuosidade de boca, frescura e uma acidez equilibrada, recomendado para harmonizar pratos ricos e peixe e marisco, perfeito para celebrar o último dia de 2022. A casta branca foi vindimada num hectare de vinha plantada na parte mais baixa da propriedade, localização que beneficia das neblinas matinais. António Selas, enólogo e responsável pela viticultora na Herdade da Lisboa, salienta a “generosidade da natureza” a preservar na adega, razão pela qual “o trabalho do enólogo é não estragar”.
O rosé de 2020 desta gama é feito a partir da variedade de uva Baga
Herdade da Lisboa rosé 2020 (€55) é o vinho que se segue neste alinhamento, com uma produção limitada a 350 garrafas e só em formato magnum. Feita a partir da casta tinta Baga – vindimada uma vinha de um hectare –, denota acidez equilibrada, volume e intensidade de boca e um final longo. “Parte desta Baga vai para espumante”, revela Ricardo Xarepe Silva, o que significa que o portefólio vínico da Herdade da Lisboa terá novidades, no futuro. Marisco, peixe grelhado e comida asiática são a companhia ideal para este rosé.
Acidez equilibrada, estrutura, cremosidade e elegância são os atributos do Herdade da Lisboa Cabernet Sauvignon 2020 (€65 / caixa com o branco e o tinto). Vinho elegante, com um final longo e persistente, pode ser servido com pratos de caça e outros de carne igualmente elaborados. Quanto à variedade de uva tinta, esta está plantada em um hectare, na parte mais elevada da propriedade e os restantes três estão na zona mais baixa, para as uvas também beneficiarem da influência da neblina matinal.
Nas mãos da família Cardoso desde 2011
A sala de barricas da adega da Herdade da Lisboa
A Herdade da Lisboa, totaliza 350 hectares, dos quais 100 são ocupados pela vinha e 200 estão reservados ao olival. Comprada em 2011, teve o lagar como primeiro investimento, ou não fosse o azeite a actividade agrícola maior da família Cardoso, que tem como patriarca João Cardoso. Entretanto, fizeram-se “pequenas produções, para percebermos o potencial da vinha e do vinho”, explica Joaquim Cândido da Silva.
Em 2019, ocorreu a primeira vinificação realizada na adega, construída em 2018, tem, no piso inferior, as caves para espumantes, outra das grandes apostas da família Cardoso, bem como de Ricardo Xarepe Silva e de António Selas, e das barricas. O acesso é feito através da sala do alambique, onde está o túnel de acesso ao futuro hotel da Herdade da Lisboa, que terá um restaurante e um bar.
O olival e a vinha emprestam são o cenário que se avista da sala de provas instalada na adega renovada desta propriedade
Até lá, contemple o olival e a vinha através da enorme janela da sala de provas, instalada no piso superior da adega, decorada com objectos e peças de mobiliário assinados pela designer de interiores Nini Andrade Silva. Simultaneamente, é o e espaço de eleição, para terminar a visita guiada de qualquer um dos três programas de enoturismo – “A Verdade da Herdade” (€150) é constituído por duas provas comentadas, uma de cinco vinho e uma de azeite Herdade da Lisboa; “Os Passos e o Paço dos Infantes” (€100), com prova comentada de dois monovarietais e um espumante Paço dos Intantes; e “Ao Leme do Convés”, em homenagem a Vasco da Gama, Conde da Vidigueira, composto por prova comentada de dois vinhos e um espumante Convés.
Brindemos!