A superlativa partilha de Baco faz-se à mesa

Há vinhos para todas as estações do ano. Outros são para guardar. Mas sempre com a tónica na partilha, já que o Verão é época de refeições demoradas e acompanhadas de boas conversas.

Dois Portos Colheita… e um azeite

Dez anos separam o Vieira de Sousa Porto Colheita 1994 (€98) do Vieira de Sousa Porto Colheita 2004 (€38). O primeiro representa um ano clássico no universo dos vinhos do Porto e resulta do lote feito a partir de três pipas, sempre atestadas com 1994. Sobre o segundo, é de referir que Luísa Vieira de Sousa, enóloga da Vieira de Sousa, tinha vindo a acompanhar/provar este vinho desde há dez anos –“está estabilizado naturalmente e só foi filtrado [para ficar brilhante] – e o envelhecimento ocorreu na Quinta da Água Alta, que congrega a Quinta do Bom Dia e a Quinta do Espinhal, o que “contribuiu para a frescura desta colheita”, enaltece a enóloga. 
Complexidade, elegância e persistência são atributos comuns às duas referências de Vinho do Porto produzidos por António Vieira de Sousa Borges, pai de Luísa e Maria Eduarda Vieira de Sousa, rostos da quinta geração da família, que, juntamente com a mãe, Maria de Lurdes Fialho, acrescentaram um importante capítulo na história da Vieira de Sousa. No entanto, o primeiro sobressai pela evolução causada pelo tempo, o que favorece uma maior concentração de aromas e complexidade maior, quando comparado com o Colheita 2004.
A Vieira de Sousa é proprietária de cerca de 70 hectares de vinhas divididas por quatro quintas localizadas na sub-região do Cima Corgo, da Região Demarcada do Douro, e conta com a Quinta da Firveda, situada no Peso da Régua, junto à foz do Rio Corgo. Esta última acolhe o novo espaço de enoturismo desta empresa, onde pode experimentar o novo azeite feito a partir das variedades Galega, Verdeal, Cobrançosa e Negrinha. As azeitonas são apanhadas no olival tradicional da família, “de bordadura tradicional, para separar a parcela da do vizinho. Este é das azeitonas da nossa vinha de Celeirós”, remata Luísa Vieira de Sousa.

+ Vieira de Sousa

A excepção duriense

Chama-se D. Beatriz. É um tinto da colheita de 2019 (€197) e nome de vinho produzido em anos excepcionais. Para Cristiano Gomes, administrador da Menin Douro Estates, este tinto expressa “a riqueza do terroir do Douro, já que é feito a partir de uvas vindimadas em vinhas velhas, “a joia da coroa” da Menin, “património que requer um trabalho e precisão absolutamente admirável”. Estas vinhas velhas ocupam uma área de 11 hectares, reúnem 54 castas, como Tinta Amarela, Touriga Franca, Tinta da Barca, e apresentam uma idade média de 130 anos. Estão localizadas na Quinta da Costa de Cima e tudo indica que se trata da maior mancha de vinhas velhas contínua da Região Demarcada do Douro. As notas de prova deste vinho reflectem as características da região, em resultado do trabalho realizado pelo enólogo consultor Tiago Alves de Sousa e pelo director de produção e de enologia João Rosa Alves. De volta às 54 variedades de uva, estas estão replicadas pela equipa da Menin Douro Estates, para serem estudadas.
É precisamente na Quinta da Costa de Cima, cujos registos remontam ao século XVIII, que está a adega de arquitectura contemporânea recentemente inaugurada. É constituída por quatro pisos, dos quais parte são subterrâneos, de modo a ficar harmoniosamente encaixada na paisagem. “Esperamos que o Douro ocupe o lugar que merece”, remata Cristiano Gomes. 

+ Menin Douro Estates

2 x Duorum mais séria

Há duas boas novas do grupo João Portugal Ramos provenientes da propriedade de Castelo Melhor, localizada na sub-região do Douro Superior, na mais antiga região demarcada do mundo: Duorum Vinha dos Muros branco 2023 (€20) e Duorum Touriga Franca 2022 (€20). O primeiro representa a estreia da designação “vinho de vinha” na Duorum e tem origem de vinhas de oito e 13 anos anos, delimitada por muros de xisto, onde foram vindimadas as castas brancas Arinto e Gouveio, que conferem frescura e acidez a este branco cujo “nome nasceu em homenagem à região que nos apaixonou”, salienta o enólogo residente João Perry Vidal. Já o tinto é feito a partir da casta Touriga Franca. Trata-se do primeiro monocasta de Touriga Franca do portefólio da Duorum, a qual “está intimamente ligada ao Douro Superior” e, para este vinho, “não quisemos madeira nova, para respeitar esta limpeza aromática da casta”, continua João Perry Vidal. 
A Duorum, que, em latim significa “de dois”, foi fundada em Janeiro de 2007 em Castelo Melhor, em Vila Nova de Foz Côa, por João Portugal Ramos e José Maria Soares Franco, dupla de decanos da enologia e da produção vitivinícola. A partir do Verão de 2020, João Portugal Ramos prossegue com este projecto igualmente ligado à biodiversidade, a respeito do qual afirma “batemos o record de diferentes espécies de aves na propriedade”, cuja localização integra a Rede Europeia de Conservação da Natureza, a Zona de Protecção Especial para Aves do Douro Internacional e Vale do Águeda, e o Sítio de Importância Comunitária do Douro Internacional. 

+ João Portugal Ramos

O clássico do Dão no copo

Desde que na centenária Casa da Passarella, propriedade localizada em Lagarinhos, freguesia do concelho de Gouveia, pertencente à sub-região da Serra da Estrela, da Região Demarcada do Dão, o enólogo Paulo Nunes tem apostado na Baga no que às castas tintas diz respeito. “Ninguém estava predisposto a fazer três vindimas na mesma parcela, porque era um custo acrescido. Nós, hoje, fazemos. Hoje, é um investimento”, sublinha. Em cada vindima, a primeira apanha é para o espumante rosé, a segunda “serve para ‘temperar’ lotes” e a terceira é conseguir obter a Baga “no estado ideal para fazer este vinho”, O Fugitivo Baga 2018 (€31,80). Para Paulo Nunes, só assim é possível atingir “o lado clássico da Baga”. Diríamos que estamos perante um vinho delicado e persistente.
O Fugitivo Tinta Amarela 2018 (€31,80) é outro monocasta associado à matriz da Casa da Passarella e denota os atributos elegantemente definidos. À Tinto-Cão, casta com uma película muito dura e de bago pequeno, baixo grau alcoólico e menos açúcar, Paulo Nunes atribuiu protagonismo em O Fugitivo Tinto-Cão 2019 (€31,80). De perfil delicado, este vinho pode marcar o despertar para uma variedade de uva tinta, em relação à qual Paulo Nunes acredita que seja “uma casta para o futuro”. Aliás, “estes monocastas podem ser ensaios que irão permitir grandes blends no futuro, no Dão”. A este trio de novas referências, o enólogo da Casa da Passarella soma o Villa Oliveira Encruzado 2021 (€49), o Abanico Reserva branco 2022 (€10,75), resultante de um blend de castas autóctones do Dão, Oenólogo Encruzado 2022 (€19,20), o A Descoberta branco 2023 (€7,05), feito a partir de Malvasia-Fina, Verdelho e Encruzado, e o A Descoberta Rosado 2023 (€7,05), elaborado com as castas Touriga Nacional e Tinta Roriz. Sem deixar para trás a aposta reforçada na Uva-Cão, casta branca autóctone do Dão dona de uma acidez sem igual. “Este ano plantámos mais um hectare de Uva-Cão”, área que se traduz em 62 clones desta variedade de uva, na qual Paulo Nunes vai verificar “a resposta que cada um me vai dar em cada ano”, com o objectivo de medir a resistência da casta à mudança climática. “O que pode acontecer é ter 24 garrafas de cada clone de Uva-Cão”, diz em tom de brincadeira. Aguardemos.

+ Casa da Passarella

Haja mais Encruzado e Touriga Nacional

Nuno Cancela de Abreu, enólogo e produtor de vinhos, está de pedra e cal na Região Demarcada do Dão. A aposta forte na Sociedade Agrícola Boas Quintas, da qual é o rosto da terceira geração, e cuja tradição vitivinícola tem origem em 1884, reflecte-se no relançamento da Quinta da Giesta, “onde o meu bisavô fez as primeiras vinhas”. A vinha actual remonta a 1986 e tem o cunho do enólogo, que coloca a Encruzado e a Touriga Nacional no topo da lista das castas.
“Também plantámos Malvasia Fina, Tinta Roriz, Jaen, Alfrocheiro, Trincadeira e, depois de ter defendido em sede da Comissão Vitivinícola da Região do Dão e conseguido a sua aprovação, plantámos Arinto de Bucelas, não fosse eu um dos defensores acérrimos e conhecedor profundo dos atributos desta casta que veio enriquecer os lotes de vinhos. A nossa vinha de Arinto de Bucelas é a única existente na região do Dão, até à data”. Esta faz parte do lote do Quinta da Giesta Grande Reserva branco 2021 (€110), a par com a Encruzado (90%), para o qual Nuno Cancela de Abreu garante mais de 20 anos de longevidade, graças à acidez presente neste vinho, que revela a frescura e a elegância exigidas para os dias de calor.
Frescura, acidez e complexidade q.b. são atributos a destacar no Quinta da Giesta rosé 2023 (€10), um vinho gastronómico, adjectivo atribuído pelos grandes entendidos na matéria. A estes predicados, junte-se a elegância e a estrutura do Quinta da Giesta Reserva branco 2023 (€20), feito a partir de Encruzado e ideal para acompanhar com peixe gordo, segundo o enólogo. Guarde-se o Quinta da Giesta Grande Reserva tinto 2021 (€110), onde entram a Touriga Nacional, Tinta Roriz e a Alicante Bouschet, e o Quinta da Giesta Reserva tinto 2020 (€20), com Touriga Nacional, Tinta Roriz e Jaen, para darem as boas-vindas dos dias frios do ano. 

+ Boas Quintas

70 anos de Cartaxo

Porque os vinhos continuam a ser feitos de história, há mais uma para complementar esta lista. Trata-se de um tinto que assinala o septuagésimo aniversário da Adega do Cartaxo, cooperativa fundada em 1954, por um grupo de 20 associados da região dos Vinhos do Tejo. Trata-se do Adega do Cartaxo tinto 70 Anos – Edição Comemorativa (€70), um lote feito a partir de várias barricas da colheita de 2015 destinadas a outras referências (Desalmado, Bridão Reserva, Bridão Private Collection, Bridão Alicante Bouschet, Bridão Touriga Nacional e Bridão Trincadeira) e selecionadas pelo enólogo Pedro Gil. Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Trincadeira, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Tinta Roriz são as castas que constam nesta edição limitada a 1954 garrafas e forma vindimadas em vinhas expostas a grandes amplitudes térmicas, localizadas “a 40 km em linha recta em direcção ao mar, sublinha Pedro Gil. 
Hoje, a Adega do Cartaxo soma 168 associados e uma área de vinha de cerca de 800 hectares situados na sub-região do Cartaxo, mais concretamente nas zonas do bairro (a este e norte do Rio Tejo, entre o Vale do Tejo e os contrafortes dos maciços montanhosos de Porto de Mós, Candeeiros e Montejunto, com predominância de solos argilo-calcários) e do campo ou lezíria (ao longo das planícies do Rio Tejo, onde proliferam os solos de aluvião, férteis). 

+ Adega do Cartaxo

Dona Isabel Juliana e os monocastas

“O solo é valioso, não é eterno, temos de o preservar. Quanto mais exposto, mais se perde.” A advertência é feita por Pedro Pinhão, enólogo da Quinta da Lagoalva há 20 anos, que se revela favorável ao enrelvamento da vinha, com o qual “a perda de água por evaporação é menor e garante a reserva de água para a primavera”. Depois desta exposição, afirma a preferência pelos solos de aluvião para as variedades de uva branca. A prova está no Dona Isabel Juliana Grande Reserva branco 2022 (€35,90). Esta terceira edição é feita a partir das castas Alvarinho, Viosinho e Fernão Pires vindimadas em vinhas plantadas na lezíria, onde os solos são, precisamente, de aluvião. Na quinta edição vai o Dona Isabel Juliana Grande Reserva tinto 2021 (€35,90), lote feito a partir das castas Alfrocheiro, Touriga Franca e Touriga Nacional. Para as castas tintas, Pedro Pinhão sublinha a importância dos solos arenosos, mais pobres, para obter matéria-prima de maior qualidade. 
Entre as novidades, constam três monovarietais (vinhos feitos a partir de uma única casta): o Quinta da Lagoalva Grande Reserva Fernão Pires 2022 (€29,90), com uvas colhidas de uma vinha com mais de 70 anos; o Quinta da Lagoalva Grande Reserva Alfrocheiro 2021 (€29,90), casta cujo talhão remonta a 1974 e está, actualmente, em modo produção biológico; e o Quinta da Lagoalva Grande Reserva Syrah 2020 (€29,90), variedade de uva que é plantada na Quinta da Lagoalva em 1984, considerada a mais antiga plantação de Syrah do país. As duas últimas referências saem em garrafa em anos excepcionais.

+ Lagoalva

Castelão de vinhas velhas

“Quero focar-me ainda mais nos monocastas, declara Anabela Tereso, coproprietária da Quinta da Atela, propriedade localizada na margem Sul do Rio Tejo, en Alpiarça, na região dos Vinhos do Tejo. A prova está na variedade de vinhos feitos a partir de uma única variedade de uva, aos quais se somam, agora, o Quinta da Atela Vinhas Velhas Castelão 2021 (€17), feito a partir de uvas vindimadas na vinha da Carvalhita, de 20 hectares e com 75 anos da Quinta da Atela, de um clone bem antigo desta casta. Há ainda o Casa da Atela Sauvignon Blanc 2023 (€11,50), elaborado com uvas de uma vinha plantada em 1999 e de outra de 2018. Ambos recomendam-se para este Verão. Já o Casa da Atela Anabela Grande Reserva tinto 2019 (€38), o mais recente vinho no portefólio desta adega, pode ficar para o final do ano. Fazem parte deste lote as castas Petit Verdot, Merlot e Syrah. Estas são colhidas em vinhas com cerca de 25 anos da Quinta da Atela, de 600 hectares, dos quais 141,6 estão ocupados pela vinha. “É o meu estilo de vinho”, reforça a anfitriã.
Terroir à parte, esta propriedade de exploração agrícola, da qual faz parte 75 por cento da Reserva Natural do Paul da Gouxa, dispõe de experiências a explorar, como os circuitos enoturísticos, com a opção de levar uma cesta de piquenique, além das provas de vinhos na adega, as visitas e as sugestões para quem ficar alojado na Casa da Atela.

+ Quinta da Atela

A Baga e a Grenache do Tejo

Paulo Saturnino Cunha é o rosto da empresa familiar da Pinhal da Torre, em Alpiarça. A herança enológica advém dos quatro bisavós, que já tinham adegas, embora tenha sido o pai “a primeira pessoa a plantar Touriga Nacional a região” dos Vinhos do Tejo, afirma. Quando decide apostar no negócio, Paulo Saturnino Cunha determina que quer entrar no clube dos melhores do sector do vinho, para acrescentar diferenciação na produção de vinhos. A vindima é feita à mão, põe em prática as vindimas matinais e só usa leveduras indígenas, segundo as palavras do produtor. O enólogo António Saramago, que, há pouco tempo passou o seu legado vitivinícola ao filho, com o mesmo nome, começa a trabalhar no departamento de enologia do Pinhal da Torre entre 2005 e 2008, já depois de Paulo Saturnino Cunha ter assumido funções administrativas no projecto, em 2004. seguindo-se, mais tarde, Mário Andrade, mais concretamente em 2015. Colocam-se aqui as evidências em relação ao Pinhal da Torre Grenache 2020 (preço sob consulta), feito a partir da referida casta francesa de vinhas velhas plantas em solos arenosos e argilosos. Pinhal da Torre Baga 2020 (preço sob consulta) é outra surpresa, além de que se trata da primeira edição deste monovarietal desta empresa. Na linha dos protagonistas, eis o Protagonista branco 2021 feito a partir das castas Arinto, Verdelho e Alvarinho, trio destacado pela frescura, a acidez e a complexidade que se quer de um vinho, para este Verão.
A Pinhal da Torre totaliza 43 hectares de vinhas distribuídas por quatro propriedades localizadas na região dos Vinhos do Tejo: a Quinta do Alqueve, onde estão plantadas a Touriga Franca e a Grenache); a Courela Grande, com Alicante Bouschet; Águas Vivas, que concentra 16 variedades de uva, entre as quais estão Alvarinho, Arinto, Fernão Pires, Verdelho, Viosinho, Baga ou Tinta Francisca; e a Quinta de São João, com as castas Tinta Roriz e Syrah, onde está a adega da década de 1940, ainda com cubas argelinas, e palco das actividades de enoturismo postas em prática por Paulo Saturnino Cunha.

+ Pinhal da Torre

Cem anos de história

A Vidigueira guarda uma das propriedades vinhateiras familiares mais carismáticas do Alentejo. Trata-se da Herdade Grande, localizada às portas desta sub-região, onde o proprietário António Lança preserva a história de família, mantida pela quarta geração, representada pela filha, Mariana Lança, Diretora-Geral e de viticultura da empresa. Na enologia está Diogo Lopes como consultor. Em cima da mesa estão o Herdade Grande Sousão 2020 (€21,55) e o Herdade Grande Tinta Miúda 2021 (€22,50), dois monocastas a conhecer sem pressas e degustar com pratos bem elaborados, à margem do que é habitual no Verão, mas que deixam saudades. É o caso de um rabo de boi estufado de acordo com a cartilha culinária, por exemplo. Para os apreciadores de pratos de marisco e peixe grelhado, o melhor é optar pelo Herdade Grande Vinhas Velhas Roupeiro 2021 (€11,85) produzido a partir de uvas colhidas na mais antiga vinha da família Lança e que resultado num vinho fresco, elegante e com muita mineralidade.
A Herdade Grande conta já com cem anos. Tem António Lança como grande empreendedor, desde a reestruturação e aumento da área de vinha para os 60 hectares à inclusão de castas internacionais e nacionais, em 1980. Mais tarde, em 1997, inicia o engarrafamento do vinho produzido nesta propriedade, que, desde 2011, dá as boas-vindas a Mariana Lança, impulsionadora de novas referências, que transpõem, para o copo, o terroir da Herdade Grade, a conhecer numa das experiências de enoturismo – provas de vinhos, petiscos para todos os gostos e cesto de piquenique.

+ Herdade Grande

Bagas de ouro alentejanas
Monte das Bagas Superior Alicante Bouschet 2019, da Adega do Montado

Serpa está mais em alta no roteiro vitivinícola, graças a Carlos Santos, estomatologista de profissão e viticultor por paixão, que, em 2014, compra a propriedade localizada em Brinches, no Baixo Alentejo, para dar forma à Adega do Montado. Um ano depois planta a vinha, hoje com cerca de 30 hectares. “A vinha tem uma base racional” associada à selecção de castas típicas do Alentejo,“e um lado emocional”, que Carlos Santos quis implementar, como a casta Sangiovese, o Marselan, o Vioginer e o Petit Verdot. Em 2019, chega a vez da construção da adega. O entusiasmo relativo a este projecto é partilhado pela mulher, Cecília Carmo, rosto bem conhecido do desporto da RTP, enquanto a enologia está nas mãos de Nelson Rolo trabalho repartido por Paulo Maurício. O objectivo é produzir vinhos de categoria superlativa, como o Monte das Bagas de Ouro Superior branco 2021 (€39,99), feito a partir da casta Viognier, referência apresentada no Inverno passado, mas que também rima com o Verão deste ano. “Nos vinhos, o tempo é nosso aliado”, afirma Nelson Rolo a respeito do Monte das Bagas de Ouro Superior tinto 2019 (€75), “desenhado para ser um topo de gama, com alma alentejana, com taninos, com garra, mas com muita elegância”, para guardar e degustar no Inverno. “Quando achamos que a casta tem qualidade superior, avançamos para o Superior, que não tem de sair todos os anos”, explica Carlos Santos.
Acrescente-se o Monte da Bagas de Ouro Espumante 2021 (€15,99), feito a partir da variedade de uva Arinto, para o qual é de “praticar uma viticultura de precisão” e que acompanha uma refeição de veraneio na perfeição. Já agora, por que não experimentar estas referências na “Visita Privilegiada”, com visita e almoço com os sócios fundadores da Adega do Montado.

+ Adega do Montado

Vinho sem discórdias
Herdade Vale d’ Évora assinala a 10.ª referência do Discórdia Arinto

A 10.ª Discórdia Arinto (€29,90), vinho produzido na Herdade Vale d’Évora, localizada em Mértola, traduz-se no desfecho de um ciclo de colheitas feitas a partir da referida casta branca vindimada numa vinha de dez hectares desta propriedade do Baixo Alentejo. A feitura desta referência resulta de um lote de 2020 e 2021, “de barricas que se forma guardando” e é assumidamente uma casta privilegiada aos olhos do enólogo Filipe Sevinate Pinto. Frescura, complexidade e mineralidade são atributos expostos a respeito deste vinho, que combina com uma mariscada ou uma caldeirada este Verão. Apesar de estar pronto a beber, fica a recomendação de guardar por mais algum tempo, já que a prova deste vinho foi complementada uma vertical iniciada com o Discórdia branco 2013, que comprovou “o fio condutor desta casta”, reforça o enólogo, tendo em conta a tipografia, o solo de xisto, o clima e a influência do Parque Natural do Vale do Guadiana, onde a propriedade, de 550 hectares, está integrada. 

+ Discórdia Vinhos

Brindemos!

© Fotografia: João Pedro Rato

Legenda da foto de entrada: Evento Anual na Herdade Grande, a 22 de Janeiro de 2024

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