A beleza do Douro traduz-se na dedicação à terra, ao património vinhateiro da região. Prolonga-se adega adentro, em novas colheitas e em vinhos icónicos. Cabem, aqui, o Aeternus e o Mirabilis, referências vínicas que proporcionam experiências exclusivas no Winery Lounge desta propriedade vinhateira.

A Vinha Américo Amorim totaliza 2,5 hectares e resulta numa produtividade de 400 gramas de uva por planta
Encontrar o nome ideal para um vinho é uma tarefa de grande responsabilidade para Luísa Amorim, CEO da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, propriedade vitivinícola de 120 hectares localizada em Sabrosa, na sub-região do Cima Corgo, na Região Demarcada do Douro. Para o Aeternus, a seleção do nome passou por um processo muito mais moroso do que os demais. Afinal, é o vinho produzido em homenagem ao pai, o empresário Américo Amorim. “Tinha uma personalidade única. Por isso, merece ser eternizado”, sublinha a nossa anfitriã aquando da prova do novo Aeternus tinto 2022 (€185).
O Aeternus é um vinho feito a partir das uvas vindimadas na centenária Vinha Américo Amorim, outrora chamada Parcela 23, com uma área de 2,5 hectares. É contígua ao muro baixo que ladeia o casario da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo. Era a parcela que Américo Amorim observava amiúde sempre que ia a esta propriedade duriense. “O que resulta em vinho traduz-se na produtividade da vinha”, sublinha Luísa Amorim, sendo que as contas traduzem uma produtividade de 400 gramas de uva por planta, sendo necessárias quatro videiras, para perfazer 75 centilitros.
Posicionamento cinco estrelas

Quinta Nova Winery Lounge é o novo espaço destinado a provas vínicas comentadas, com referências de excelência produzidos nesta propriedade vitivinícola
A prova deste vinho foi feita na Quinta Nova Winery Lounge, o novo espaço dedicado a uma oferta de enoturismo diferenciadora destinada a clientes muito especiais (preço sob consulta). Projeto de arquitetura e design de interiores assinado por Inês Rodrigues, autora da escultura feita a partir de cortiça materializada pela Amorim Cork Composites, este núcleo de arte vínica prima pela elegância, pelo conforto, pela exclusividade e pela privacidade. A propósito, quem fica indiferente ao painel de Gezo Marques e José Aparício, a dupla de criativos conhecida por Oficina Marques?

O painel de Gezo Marques e José Aparício, a dupla de criativos conhecida por Oficina Marques, empresta ainda mais cor à Wine Barra
Comecemos pela mezzanine. Aqui, a mesa redonda é palco para pôr em prática o conhecimento sobre vinho através das provas Winemaker’s Selection I e II. Ambas são acompanhadas por criações gourmet do chef André Carvalho inspiradas em receitas regionais. No Wine Barra, no piso térreo, o ambiente é ditado pelo convívio ditado pela ligação da comida com o vinho, proporcionada pelos sabores e pela criatividade do chef a par com os vinhos icónicos e formatos especiais disponíveis só neste espaço.

António Bastos, diretor de enologia, Luísa Amorim, CEO da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, o enólogo Eduardo Leite, e Pedro Prata, viticultor
“Temos copos pensados para vinhos feitos aqui e as pessoas que trabalham neste espaço têm, no mínimo, o nível 2 do WSET [Wine & Spirit Education Trust]”, salienta Luísa Amorim. A experiência torna-se mais faustosa com o menu do generoso buffet Bachu’s Table e com o Blender’s Table, que, através da seleção de diferentes castas, desafia a fazer o próprio lote de vinho. A propósito, quem fica indiferente ao painel de Gezo Marques e José Aparício, a dupla de criativos conhecida por Oficina Marques?
Mirabilis e parcelas especiais

A colheita de 2023 marca mais uma edição do Mirabilis branco, que se estreou no ano de 2011
No contexto das estreias entra o Mirabilis branco 2023 (€59). É feito a partir das castas Gouveio e Viosinho, às quais são adicionadas as variedades de uva muito antigas vindimadas numa vinha centenária. Para além das barricas novas e das usadas, parte deste vinho (20%) fermentou e foi submetido a estágio em cubas de cimento da adega reestruturada em 2023. À prova também estavam outros dois tintos feitos a partir de três das 21 parcelas da propriedade.

Os Vinha Centenária são a celebração do cruzamento de um Douro antigo com duas castas tintas cujas cepas foram plantadas há 45 anos, em modo monovarietal
O Quinta Nova Vinha Centenária Ref P29/P21 tinto 2021 (€90), em que o P29, uma das primeira vinhas de plantação de uma só casta, neste caso, de Touriga Nacional, no Douro, mais concretamente da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo. A génese deste vinho está no Grande Reserva Clássico tinto, cuja primeira colheita data de 2005.
Já o Quinta Nova Vinha Centenária Ref P28/P21 tinto 2021 (€91) tem como referência a P28, a primeira parcela de plantação monovarietal de Tinta Roriz, e tem 2008 como o ano de estreia do então Referência tinto. Em ambos entram as uvas do field blend da P21, uma das parcelas de vinha centenária da propriedade.
20 anos de enoturismo

O Patamar é o espaço destinado a provas de vinhos mais descontraídas brindadas pela vista para o rio Douro
Eis o espaço que marca a celebração das duas décadas de enoturismo da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo. Quando comparado com o panorama turístico de há 20 anos, esta região vinhateira reúne, hoje, uma vasta e crescente oferta de experiências desenvolvidas em torno do vinho. Sem esquecer a aposta forte na implementação de unidades de alojamento com classe. “O Douro está na wishlist das pessoas que viajem para destinos de qualidade”, reforça Luísa Amorim, para quem a Winery House Relais & Châteaux, o hotel de cinco estrelas desta propriedade vitivinícola, instalado numa casa oitocentista, com 11 quartos. Em todos os quartos, a vista alcança a paisagem ondulante do Douro o rio que empresta o nome à região demarcada mais antiga do mundo. Entram nesta equação os 85 hectares de vinha, constituídos por 21 parcelas, dos quais se destacam os sete hectares de vinhas centenárias.
Reza a história que esta propriedade pertenceu à Casa Real Portuguesa até 1725. A designação “quinta nova” tem origem na união de duas quintas, que se uniram e tornaram una. Está referenciada desde a primeira demarcação pombalina, em 1756, e a adega remonta a 1764, na qual, desde 2023, estão instaladas 32 cubas de cimento, que constituem uma espécie de instalação demarcada pela ondulação alusiva à paisagem característica do Douro vinhateiro, o espaço reservado aos lagares de granito e ao laboratório, além das mais de 50 cubas de inox. Acresce a sala de barricas contígua ao Patamar, loja e espaço para provas vínicas realizadas num ambiente mais descontraído.

A sala do Restaurante Terrauçu’s prima pela traça original da casa oitocentista, onde também estão instalados os 11 quartos da Winery House Relais & Châteaux
De volta à Winery House Relais & Châteaux, há que enaltecer o restaurante, o Terraçu’s, epicentro do trabalho de equipa liderado pelo chef André Carvalho. Centrado na cozinha de autor, na matéria-prima regional e numa ligação constante com o vinho da propriedade, este é, definitivamente, o lugar ideal para mostrar o valor da cozinha do Douro de uma forma mais criativa. É ainda o espaço de eleição para os momentos “Chef André convida…”, em que, por ocasião das 20 celebrações desenhadas para celebrar os 20 anos do enoturismo, há jantares com chefs convidados agendados para 15 de julho, 15 de setembro e 15 de novembro, sequência iniciada no passado dia 15 de maio, data em que esteve presente José Avillez, chef do Belcanto, em Lisboa.
O próximo passo será dado mais à frente no tempo, com previsão apontada para o final de 2026 ou início de 2027. Trata-se da abertura de mais seis quartos e de uma villa numa zona privada da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, projeto que engloba um Spa, uma piscina olímpica e um restaurante, com ocupação muito limitada. A vista, essa, é sublimada pela eterna beleza do Douro. Não é por acaso que António Bastos, responsável pela equipa de enologia da casa, quer preservar o vinho e a história desta propriedade e da região.
Brindemos!