À noite, a movida sobe de tom nas ruas de Megève, o hot spot do glamour, da art de vivre e da gastronomia de montanha sublimada pelo trio de estrelas na cozinha gourmet composto pelo Flocons de Sel, o Le 1920 e o La Table d’Alpaga.
Comecemos por Le 1920, o restaurante do Domaine du Mont d’Arbois, no Mont d’Arbois, nome que celebra o ano da fundação do Palace Hotel Mont d’Arbois pela baronesa Noémie Rothschild e consta na lista do famoso Guia Michelin de 2014, com uma tão merecida estrela Michelin. Demarcado por uma cozinha francesa contemporânea, o Le 1920 contempla os produtos da terra, do mar, da floresta e da água fresca numa carta gourmet do chef Julien Gatillon, concebida em perfeita harmonia com a art de vivre da montanha e acompanhada pelos vinhos da companhia vitivinícola do barão Edmond Rothschild e uma seleção criteriosa de néctares de Baco.
Na sala, os frescos originais alusivos aos anos 1920′ em Megève conferem um cenário elegante e teatral que nos transmite um ambiente dotado pela boa disposição, suscitando, ao mesmo tempo, a curiosidade de comensais e gourmands. Antes do repasto, aguardamos no lounge, uma sala decorada a preceito, como numa casa de família, onde, à lareira, nos é dada as boas-vindas com Champagne Barons de Rothschild e pequenos mimos para acicatar o palato enquanto o chef prepara um menu de degustação surpresa.
À mesa, são servidos os grissini de carnes caseiros, pão e manteiga de uma quinta da família Rothschild no este de Paris. A entrada: Carpaccio de lagostin de Genoa, limão e couve flor; Espargos em maionese com gema e clara de ovo cozido; e Cogumelos morel com pernas de rã cozinhadas com salsa e alho, e molho dos cogumelos. Três pratos inspirados nos sabores quentes do inverno, cozinhados com sabedoria e apresentados com alma. Do mar veio o deleitoso Robalo com caviar, seguido de um suculento Bife do lombo de vaca com maturação de 50 dias numa rima perfeita com as batatas fritas “1920”. Para intervalar é-nos apresentada uma variedade imensa de queijos dos Alpes e de outras regiões de França e, apesar da difícil tarefa de escolher tão apreciado produto francês, a prova é superada.
Passamos ao doce sabor da sobremesa protagonizada por deleitosos morangos em bolo seco friável, uma bolacha croncante e um refrescante sorvete de morango caseiro. Mimos que não se esquecem.
Cozinha gourmand. Ambiente descontraído.
O roteiro gastronómico primado pelos sabores genuínos da montanha prossegue no Flocons Village, o bistro de Emmanuel Renaut, o chef e mentor do famoso Flocons de Sel, restaurante que viu renovadas as três estrelas Michelin no passado mês de fevereiro. Flocons Village é, por sua vez, uma pequena casa encaixada no canto de uma habitação no coração de Megève. Um espaço cosy com um ambiente informal, ideal para um repasto descontraído iniciado, à mesa, com curiosas bolachas de queijo parmesão acompanhadas por um aperitivo: Vinho branco gaseificado com aroma de avelã.
Delicioso, para quem aprecia bebidas doces q.b.. Na entrada, o Carpaccio de cabeça de vitela com o tradicional molho gibriche (molho de maionese) fez furor, assim como a Quenelle de peixe do lago Geneva (pertencente a França e à Suíça) e o Bife tártaro, recomendado para quem aprecia um prato com muito picante. A finalizar a noite, Praliné com gelado de avelãs. Depois, nada melhor que um passeio pela cidade para terminar em bem.
Os sabores genuínos à mesa do L’Alpaga
Acabamos com o repasto no L’Onyx composto por uma tábua de enchidos da região, risotto de massinhas cotovelo com presunto e queijo beaufort e peito de frango com puré de batata, num culminar de duas deliciosas sobremesas – um creme de chocolate negro numa maridagem com duas línguas enormes de gato e uma tarte de maçã casada com um gelado de baunilha, ao ar livre, com vista para o Val d’Arly, onde conversámos com o chef do La Table d’Alpaga, um dos restaurantes do L’Alpaga Hotel, numa tarde brindada pelo sol e pela boa disposição dos presentes.
Christophe Schuffenecker é o nome do chef que, aos 14 anos, tomou o gosto pela cozinha e cedo agarrou em malas e barragens para aguçar a aprendizagem neste universo de estrela. No roteiro constam Paris, em França; Luxemburgo, “onde conheci bons chefs”, Suiça, quatro anos no Colorado e uns quantos em São Francisco, ambas nos Estados Unidos. Porém, o regresso dita outras paragens até que, por fim, finca pé no La Table d’Alpaga, em Megève, desde 2012. Aqui, os produtos locais ditam os costumes à mesa, contudo a vontade de procurar novos sabores, ditados pela sazonalidade, é uma constante no dia a dia do chef Christophe Schuffenecker, que gosta de pratos uma aparência “simples, mas com muito trabalho por trás”, porque “o valor está no produto”, afirma, assim como uma dose extra de imaginação, sobretudo na harmonização dos sabores, dizemos nós. Um valor reconhecido em fevereiro deste ano, aquando do anúncio da primeira estrela Michelin para o La Table d’Alpaga, numa cidade primada pela art de vivre (leia aqui sobre Megève) e por uma arquitetura ímpar (leia aqui sobre os chalets que conhecemos em Megève). Bom apetite! •
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© Fotografia: João Pedro Rato com Canon EOS 60D