A irrepreensível vista para o Atlântico coabita com a harmonia à mesa de um claro serviço de excelência combinado com uma cozinha imaginativa e com caráter, uma nova identidade e uma imagem mais depurada. Onde? No Claro.
Com residência fixa no Hotel Solar Palmeiras, em Paço d’Arcos, o restaurante Claro (já sem ponto de exclamação) reabre as portas com boas novas no que à identidade e à imagem diz respeito, assim como às equipas de cozinha e de sala, e uma decoração mais sóbria ora dominada por tons mais escuros, mas discretos, como os que revestem a sala de espera, ora por tons suaves numa rima perfeita com a tonalidade subtil de azuis e verdes do imenso mar contemplado vezes sem fim. Ao centro do meio está a mesa do chef, desejo agora concretizado e na qual caberão, no máximo, 14 pessoas que poderão desfrutar de um menu exclusivo e do bom humor de Vítor Claro.
Enquanto os olhos estão rendidos à paisagem dominada por este encontro entre o Tejo e o Atlântico, a equipa de sala convida a que se sente à mesa, para degustar um repasto demarcado por pratos mais leves, pela genialidade de reinventar o clássico e pelo enaltecer do pão caseiro, feito na cozinha do restaurante, um clássico da mesa portuguesa que serve de complemento a pratos da nova carta complementada pela carta de vinhos portugueses, com destaque para o Dominó, o vinho cujo produtor é o chef.
Mas vamos aos clássicos e às boas novas da cozinha. No alinhamento dos pratos consta o Bacalhau à Conde da Guarda, um dos clássicos reinventado por Vítor Claro que permanece na nova carta e cuja composição é feita a partir de uma dueto de quenelles de purés – um de batata com o bacalhau e um outro de tomate – que são uma sonata ao verão.
Em conformidade com o estio está também o salmão fumado “na casa” com e remoulade de aipo e sumo de salada Waldorf, feito a partir de maçã verde e aipo, os quais conferem frescura ao prato e ao palato, razão pela qual é imperioso degustar até ao fim.
Outro dos clássicos do restaurante que permanece na nova carta é o Raviolo de gamba e cogumelos, no qual o ravioli é recriado a partir de gambas “recheadas” com cogumelos flamejados e salteados e temperados com cebolinho e azeite de camarão. Um belíssimo tributo a Santi Santamaria, uma referência maior para Vítor Claro que, deste modo, apresenta um prato memorável.
Ainda do mar há a azevia à delícia inspirado num célebre prato que se fazia em restaurantes da linha de Cascais, pelos anos 1920’, 1930’, e acompanhado por banana, limão e alcaparras, as quais conferem a acidez necessária para contrastar com a leveza do peixe e do puré que faz parte da composição, a par com a salsa.
Façamos um intervalo na comida e falemos do vinho, um Dominó Monte das Pratas branco 2012, feito a partir de vinhas velhas e cujo estágio se repartiu em um ano em barricas de madeira seguido de três em garrafa, o qual esteve à altura deste prato.
Caldo oriental de choco da costa é o prato que se segue numa ode aos produtos portugueses de uso maior na cozinha do Claro, o qual teve o Foxtrot Dominó tinto 2014 como par à mesa.
Para a carne, Vítor Claro escolheu uma brilhante interpretação do bife Wellington sem deixar a massa folhada de parte, mas com foie gras, cogumelos, ervilha torta e molho de natas ácidas, um prato com a designação de bochecha de novilho “General Wellington”. Uma combinação de truz que valeu ainda a harmonização com Dominó Salão Frio tinto 2011.
Ainda antes da sobremesa a espuma de iogurte e o granizado de basílico limparam o palato, a fim de o preparar para a gulosa sobremesa de génio: Tartelete de amêndoa com ovos e caramelo. Ou seja, uma espécie de queijinho feito com massapão de amêndoa recheado de encharcada, o qual é acompanhado por um molho de caramelo e canela. Sabores que casaram bem com um Vinho da Madeira, o Barbeito 10 anos, a última escolha de Thomas Domingues, o novo escanção do restaurante que, em equipa, merece destaque também na sala pela coordenação no ato de servir e pela simpatia e disponibilidade.
Este é apenas o trecho de uma nova carta que enaltece a sublime combinação de sabores e, em simultâneo, a constante evolução da cozinha de Vítor Claro, razões de sobra para a conhecer melhor a partir de amanhã, 8 de junho, o dia em que Claro reabre após dois meses de portas fechadas, no Hotel Solar Palmeiras, na avenida Marginal, em Paço de Arcos, e onde estacionamento não falta, mas há que reservar entre quarta e domingo, das 12.30 às 14.30 horas e/ou das 19.30 às 22 horas, através do 21 441 4231.
Bom apetite! •
+ Restaurante Claro
Fotografia: João Pedro Rato
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