Treze anos após a entrada das primeiras uvas na adega da Country House & Spa em Albernoa, no concelho de Beja, eis a estreia do Malhadinha rosé feito a partir de um dueto de castas servido numa garrafa pensada ao mínimo detalhe.
A degustação do ceviche de roubalo foi feita com o Verdelho da Peceguina 2015
De uma vinha plantada em 2012, na Herdade da Malhadinha Nova, foi colhida, em 2015, a Baga, conhecida como a casta rainha da região da Bairrada. Para formar este dueto de castas, o enólogo residente, Nuno Gonzalez, elegeu uvas da casta Touriga Nacional da colheita de 2015. E assim nasceu o primeiro Malhadinha rosé 2015, “uma jóia”, nas palavras dos produtores, cujas vindima precoce foi registada em finais de julho desse mesmo ano e que, graças aos peso da uva, deu origem ao primeiro líquido libertado na prensa pneumática – a chamada lágrima –, a qual fermentou a baixa temperatura e estagiou em barricas de carvalhos francês por seis meses, e está guardada numa garrafa muito peculiar pronta para ser aberta ainda este verão.
Na lista das boas novas constam três monocastas da Peceguina. A iniciar o desfile vínico está o Verdelho da Peceguina 2015, dotado de um aroma fruta e ligeiramente floral, ideal para quem aprecia ambas as características de um vinho que rima com a época estival.
O mesmo se aplica ao Antão Vaz da Peceguina 2015, pois trata-se de um vinho que se revela fresco e frutado na boca, assim como ao Viognier da Peceguina 2015, uma referência demarcada pelo sabor a fruta madura.
À harmonização com o Arinto da Peceguina 2015 couberam os croquetes de queijo de Niza com mel de trufa
Ou o Arinto da Peceguina 2015, a principal casta de Bucelas, mas muito usual no Alentejo e que, todos os anos, marca presença na referêncoa do vinho Malhadinha.
A prova, que aconteceu no Garden do Tabik, do hotel Bessa, em Lisboa, a par das iguarias elaboradas pela equipa de cozinha do restaurante Tabik, contou ainda com o Malhadinha branco 2015, feito a partir das castas Chardonnay, Viognier, Arinto e Alvarinho, um vinho mais elegante e, por conseguinte, uma companhia a ter num repasto entre amigos e em família.
A autoria do traço dos rótulos
Os filhos de Rita, João, Paulo Soares e Margarete são os autores dos desenhos dos rótulos dos vinhos da Herdade da Malhadinha Nova, como o deste Monte da Peceguina Rosé 2015, cuja autoria do traço se deve a Francisca
Eis um excelente pretexto para conhecer novos vinhos e, ao mesmo tempo, analisar os rótulos a que os mentores da Herdade da Malhadinha Nova, desde sempre, nos habituou, “porque nos queremos diferenciar”, justificou Rita Soares CEO deste projeto que teve início em 1998, o ano em que também nasceu Francisca, a primeira filha de Rita e João Soares. “A imagem é o mais importante e para que tivéssemos uma abordagem diferente perante o consumidor, queríamos fazer qualquer coisa marcante.” A ideia surgiu de João Soares, que também faz parte do concelho de administração da empresa: “‘E se a Francisca desenhasse o rótulo’? Fui comprar um lápis nesse dia e pedimos à Francisca para fazer um cacho de uvas – damos sempre um tema para os rótulos. Tinha, então, seis anos e o desenho ficou super giro!”, contou Rita Soares, tendo o irmão, que é designer, composto o rótulo para o primeiro Monte da Peceguina, da colheita de 2003, o qual saiu em 2004.
Para o segundo vinho, “um Malhadinha, o nosso topo de gama – que estagia um ano em barricas de carvalho” – as crianças foram desafiadas a desenhar uma vaquinha, “a vaca malhadinha”, que ficou como imagem de marca desta referência vínica.
De volta ao Monte da Peceguina, a entrada de gama do portefólio da adega da Herdade da Malhadinha Nova, os rótulos passaram a ter, a partir de 2005, desenhos diferentes,. “Inicialmente eram os nossos filhos que desenhavam mas, entretanto, o meu cunhado [Paulo Soares] teve dois filhos”, tendo o primeiro rótulo do António sido feito para o Menino António da colheita de 2008.
Entre os rótulos mais marcantes, Rita Soares referiu o do pavão do João Maria, o qual foi eleito para o Monte da Peceguina 2013, seguido pela ovelha do António Maria para a colheita de 2014 do Monte da Peceguina e pelo desenho da autoria de Francisca que, à semelhança do pássaro a fumar – o mote para criar ”um vinho especial”, continuou Rita Soares, o Viognier da Peceguina 2013 – voltou a surpreender pela irreverência no traço, desta vez uma iguana, eleita para a colheita de 2015 do Monte da Peceguina. “O meu objetivo foi representar o ser humano através da iguana, uma metáfora, porque a iguana é feia e, por isso, quis mostrar o lado ‘feio’ do seu humano”, explicou Francisca Soares, uma entusiasta das artes. Ou seja, a primogénita de Rita e João Soares quis, com este rótulo – em particular com a mosca que desenhou na língua da iguana – adverte para a crueldade do ser humano, porque “nós também comemos animais e é para isso que chamo a atenção”. Por isso, “é um monstro, um monstro humano”, rematou.
Já João Maria, o segundo filho mais novo do casal, iniciou o percurso pelas artes para o rótulo da colheita de 2004 do Pequeno João havendo, no mesmo ano, o registo de Melissa, a autoria do rótulo do Marias, o qual tem vindo a permanecer nesta referência desde então.
Por sua vez, as colheitas de 2010 dos monocastas Touriga Nacional e Syrah receberam os dotes artísticos de Benedita, filha de Paulo Soares e Margarete, na altura ainda com dois anos.
Para finalizar esta linha primada pela originalidade no que aos rótulos de vinhos diz respeito, eis o contributo de Mateus Maria, o filho mais novo de João e Rita Soares, que eternizou a expressão artística da sua autoria na colheita de 2015 da edição especial M M da Malhadinha.
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