Portugal, Noruega, Brasil e Índia são as paragens obrigatórias da nova lista de propostas de Karin Gama, a chef deste restaurante da capital portuguesa.
Assim que se entra no no número 90, na Rua da Escola Politécnica, em Lisboa, salta à vista o pequeno jardim vertical, constituído por cactos, disposto na parede contígua ao bar. Nas mesas, nas cadeiras e nas restantes peças de mobiliário, bem como nas paredes, predomina o castanho.
A cor faz jus à descrição, uma das características deste Clube Lisboeta, igualmente intimista, onde as viagens gastronómicas são proporcionadas pela equipa de cozinha liderada por Karin Gama.
A chef, natural do Brasil, veio em Maio, para comprovar a seu conhecimento e a sua filosofia de vida, em resposta ao conceito idealizado por Andreia Duarte, a co-proprietária deste espaço: descascar mais, desembalar menos. Ou seja, tudo quanto possível é feito na casa desde, por exemplo, a manteiga indiana ao chutney, passando pelo flatbread ou pelo tikka masala. O equilíbrio dos nutrientes que compõem cada prato é, por sua vez, supervisionado pela nutricionista Ana Pinto. A finalidade é assegurar a confecção de comida saudável e que dê prazer a quem escolhe o Clube Lisboeta para o repasto.
Em suma, Andreia Duarte criou o conceito, Ana Pinto avalia e Karin Gama executa.
Partilhe-se uma mostra da nova carta de Outono/Inverno deste clube aberto a todos os membros da sociedade que queiram embarcar num roteiro de sabores. Na ordem dos trabalhos são tidos em conta pratos portugueses, noruegueses, brasileiros e indianos.
A carta apresenta dois couverts à escolha: o Simples e o Club
Logo no couvert são partilhados o pão de fermentação lenta e o polvilho – ou fécula de mandioca, commumente utilizada na cozinha do Brasil – de queijo da Ilha. Para barrar há queijo creme de amêndoas e gee de garam masala, uma manteiga indiana a que Karin Gama chama de “ouro líquido”. É feita na cozinha do Clube Lisboeta, onde a transformação do leite de vaca ou “processo de purificação”, efectuada em lume brando, é morosa; e servida polvilhada com noz moscada e temperada com flor de sal. A lista pode incluir azeitonas com raspas de limão e tremoços temperados com alho e coentros.
Kombucha gravlax, creme de raiz forte, pickles de cebola roxa, “caviar” de semente de mostarda, aneto e flatbread de centeio e linhaça
Primeira paragem: Noruega. Não para que fique mais perto da Lapónia – tendo em conta a época do ano –, mas para partilhar o salmão gravlax com pickles de cebola, queijo-creme feito na casa com rábano picante e “caviar” de semente de mostarda marinado em chá de kombucha (bebida ancestral na China, feita a partir de chá fermentado) acompanhado de flatbread – pão de textura fina – produzido com farinha de centeio e sementes de linhaça e de sésamo.
Camarão croncante com coentros e coco seco, chutney picante de manga
O camarão crocante com coentros e coco seco, prato inspirado na cozinha indiana, para molhar no chutney picante de manga feito pela chef, é outra das entradas sugeridas na carta.
Dadinho de tapioca com geleia de pimenta e shot de cadinho de feijão
Assim como o dadinho de tapioca recheado com queijo e servido com um shot de caldinho de feijão e geleia de pimento, para entreter o palato e acompanhar a conversa. Uma delícia do boteco brasileiro.
Moqueca de banana pão, arroz de sementes e amêndoas e farofa de alho francês e curcuma é uma das opções vegan da carta
A aventura por “Terras de Vera Cruz” prossegue com um prato vegan: moqueca de banana pão. Esta é temperada com azeite de dendê, como manda a cartilha, servida com arroz integral, com sementes e amêndoas, e farofa de alho francês e curcuma (açafrão-da-Índia).
Tikka masala de frango com quiabo, arroz basmati, pão chapati e chutney de abacaxi de coentros
Aos apreciadores de comida indiana recomendamos o tikka masala – molho cremoso com especiarias – de frango com quiabo, de sabor suave, arroz basmati, pão chapati – um dos mais antigos do mundo – e chutney de coentros e abacaxi. Esta espécie de molho agridoce ou picante, ou ambos, feito com pedaços de fruta, por exemplo, é confeccionado na cozinha, já que “tentamos fazer o máximo, o que a gente quer, na casa”.
Lombo de bacalhau, funcho caramelizado, pickles de cenoura e puré de couve-flor
Experimente, a meio da viagem, o lombo de bacalhau, desde sempre considerado o nosso “fiel amigo”. O prato é constituído, ainda, por funcho caramelizado, pickles de cenoura e puré de couve-flor. Ou continuar nas entradas.
Panacotta de lassi é uma das opções de sobremesa no Clube Lisboeta
Das quatro sobremesas idealizadas por Karin Gama, sobressaem duas. Uma é a panacotta feita com lassi – bebida indiana feita à base de iogurte – de cardomomo e canela, calda de manga e pé de moleque de amendoim e sementes de coentro, semelhante à pinhoada.
O raw cheesecacke de maracujá é recomendado para quem aprecia uma sobremesa com mais acidez
A outra surge no alinhamento da opção vegan: raw cheesecacke de maracujá, com uma camada de cacau 100% e base de amêndoa e tâmaras, regado com calda do fruto da paixão. Uma óptima sugestão para quem prefere uma sobremesa menos doce.
Termine com café biológico ou com um dos chás disponíveis neste restaurante cuja carta vínica é composta, apenas, por referências portuguesas.
Quem quiser embarcar nesta viagem, é favor de ir ao Clube Lisboeta. O restaurante está aberto todos os dias, das 09h00 às 01h00, de segunda a quinta-feira, ou até às 02h00, de sexta-feira a domingo, para um brunch, almoçar, lanchar, jantar ou, simplesmente, beber um copo. A cozinha encerra sempre à 23h00. A reserva é feita através do 925 626 105.
Bom apetite! •
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